Como posso prevenir o cancro colorretal?
É fundamental falar sobre cancro colorretal – o segundo mais frequente em Portugal – e é igualmente importante lembrar que os exames de diagnóstico podem salvar vidas. Miguel Mascarenhas Saraiva, Coordenador de Gastrenterologia no Hospital CUF Porto e Instituto CUF Porto, explica tudo sobre este tema.
É importante deixar uma mensagem de alerta: os exames de diagnóstico podem salvar vidas. O cancro colorretal é o segundo mais frequente no nosso país, com mais de 7000 novos casos por ano.
A incidência está a aumentar, especialmente na faixa etária abaixo dos 50 anos, sendo maior o número de casos de aparecimento em idade precoce.
A deteção precoce reduz drasticamente a taxa de mortalidade, uma vez que aumenta a oportunidade de serem detetadas lesões em fase inicial de desenvolvimento, potencialmente curáveis.
Mais importante ainda, é que os exames de diagnóstico não só visam detetar a doença numa fase inicial mas também detetar e remover pólipos benignos que podem transformar-se em malignos – as chamadas lesões pré-cancerosas – evitando, deste modo, o desenvolvimento de cancro.
São estas as medidas que, quando aplicadas em massa, poderão, de um modo efetivo, acarretar a diminuição da mortalidade pela doença.
Rastreamento e prevenção
A idade e o modo como se deve fazer o rastreio depende dos antecedentes pessoais e familiares da pessoa.
Assim, quem não tem antecedentes familiares ou pessoais de cancro da mama ou doença inflamatória intestinal, é considerado de risco médio.
Nestes casos, os exames devem iniciar-se aos 50 anos, se bem que os estudos mais recentes venham a apontar para o benefício de se começar aos 45 anos.
As estratégias podem ser, idealmente, a realização de uma colonoscopia e a pesquisa de sangue oculto nas fezes – porém, apesar de ser eficaz para a deteção precoce de cancro, este último não o é para os pólipos que podem originar a doença.
Estudos realizados em Portugal mostram que a associação da endoscopia digestiva alta à colonoscopia, aproveitando o mesmo momento de exame, resulta numa deteção precoce do cancro gástrico, que também é um problema de saúde importante na nossa população, permitindo, assim, a sua prevenção.
Os doentes com lesões em estádios iniciais têm elevada probabilidade de cura. Se diagnosticados na fase assintomática e inicial da doença a taxa de cura ronda os 90%.
Estes são exames que tendem a gerar algum receio junto da população. Contudo, é importante reforçar: são necessários e não devem ser evitados. Atualmente são, na maioria dos centros, realizados sob sedação endovenosa e, deste modo, não são dolorosos ou desconfortáveis.
Ser acompanhado por uma equipa multidisciplinar, com profissionais que sejam reconhecidos pela experiência nesta área, é uma mais-valia, no diagnóstico, na definição da terapêutica mais adequada a cada caso e no seguimento do doente após o período de tratamento.
A vigilância e as rotinas de saúde junto do médico são medidas indispensáveis, uma vez que há a necessidade de controlo e de realizar os exames de diagnóstico de uma forma regular, de acordo com o risco de cada um e, não menos importante, estar atento aos sintomas.
Quais os sintomas a ter em atenção
Importa relembrar que os sintomas mais comuns do cancro colorretal passam pela alteração dos hábitos intestinais, a diarreia, a obstipação ou sensação de que o intestino não esvazia completamente, aparecimento de sangue, desconforto abdominal generalizado, perda de peso inexplicada, cansaço constante, náuseas e vómitos.
Qualquer pessoa com estes sintomas ou quaisquer outras alterações de saúde relevantes deve consultar o médico, para diagnosticar e tratar o problema tão cedo quanto possível.
Geralmente, as fases iniciais do cancro não causam dor. Se tem estes sintomas, não espere até ter dor para consultar um médico.