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Tudo o que precisa de saber sobre o Cancro no Sangue

Tudo o que precisa de saber sobre o Cancro no Sangue

Setembro assinala o mês do Cancro no Sangue. Ao contrário de outros tipos, este cancro ainda é pouco conhecido pela população portuguesa. Cristina Godinho, enfermeira no IPO de Lisboa, explica tudo sobre esta condição, que por vezes é silenciosa.

Por Set. 17. 2022

Um diagnóstico precoce faz a diferença quando se trata de cancro, daí ser fundamental conhecer esta doença e ter em atenção os possíveis sintomas e sinais de alerta.

A Saber Viver conversou com Cristina Godinho, enfermeira no Hospital de Dia de Quimioterapia e Hemato-oncologia do IPO de Lisboa, para descobrir tudo sobre o cancro no sangue.

O que é o Cancro no Sangue

De acordo com a enfermeira, este tipo de cancro tem origem no sangue e também no sistema imunitário, que protege contra infeções, vírus e até mesmo do cancro em si, visto que este é causado por uma disfunção no crescimento e comportamento celular.

Uma produção excessiva de glóbulos brancos na medula óssea pode também, em alguns casos, provocar o aparecimento de diferentes tipos de cancro do sangue.

Tipos de cancro 

Existem vários tipos deste cancro, nomeadamente a leucemia, o mieloma múltiplo e os linfomas.

Leucemia

São quatro as variações da leucemia, “sendo que a maioria se desenvolve a partir das células que vão dar origem a glóbulos brancos”, afirma Cristina Godinho.

São estes a leucemia mieloide aguda (LMA), a leucemia mieloide crónica (LMC), a leucemia linfoblastica aguda (LLA) e a leucemia linfoide crônica (LLC). A leucemia não é um cancro hereditário.

Este tipo de cancro no sangue “causa um acumular de células doentes na medula óssea, substituindo de forma descontrolada as células saudáveis, o que predispõe o organismo a infeções, anemia e hemorragias”, acrescenta.

Linfomas

Há dois tipos de linfomas, sendo estes o linfoma de Hodgkin e o linfoma não Hodgkin. Estes afetam o sistema linfático, que é composto por uma rede de pequenos vasos e gânglios.

Existem várias causas para o seu aparecimento, “como exposição a vírus (EBV, HIV), ou outros agentes infeciosos, doenças autoimunes ou estados de imunossupressão prévios (em doentes transplantados, por exemplo)”, indica Cristina Godinho.

Mieloma múltiplo

Por fim, o mieloma múltiplo. Este pode afetar os ossos, mas é necessário saber que o mieloma não é caracterizado como um cancro nos mesmos.

Este tipo de cancro do sangue “atua em células específicas dos glóbulos brancos e desenvolve-se quando estas células se tornam anómalas e se multiplicam”, explica a enfermeira.

Não é uma doença hereditária, sendo que os familiares diretos do doente não precisam de ser rastreados.

Cada doença tem o seu método de diagnóstico adequado, e cabe ao hematologista avaliar cada situação – Cristina Godinho, enfermeira no IPO de Lisboa

Sintomas

Não só se manifestam em locais diferentes do corpo, como cada cancro do sangue tem sinais de alerta a ter em atenção.

  • Leucemia – febre, suores noturnos, cansaço, anemia, infeções recorrentes, sangrar e fazer nódoas negras muito facilmente, dores articulares;
  • Linfomas – inchaço nos gânglios linfáticos na virilha, axila, pescoço, parte de trás das orelhas e parte de trás da cabeça;
  • Mieloma múltiplo – diminuição da força muscular, sensibilidade nas mãos e pés, falta de apetite, fadiga, perda de peso, dor nos ossos.

Diagnóstico e tratamentos

Se apresentar estes sintomas é aconselhado consultar um profissional de saúde para observação. Depois desta o paciente pode ser encaminhado para um hematologista, se assim se justificar.

Este médico irá então colher dados da história clínica e familiar, observá-lo e pedir exames. Cada caso é um caso, e “cada doença tem o seu método de diagnóstico adequado, e cabe ao hematologista avaliar cada situação”, confirma Cristina Godinho.

Em relação aos tratamentos, a enfermeira explica que para este tipo de cancro os pacientes costumam fazer quimioterapia, quer endovenosa quer via oral, radioterapia e imunoterapia. Diz também que em alguns casos o transplante de medula é uma opção.

Destaca a evolução dos tratamentos, em particular para o mieloma múltiplo, que aumentam a qualidade de vida dos doentes bem como a sua sobrevida.

Incidência na população portuguesa

  • Leucemia – a LLC é a mais comuns em idade adulta, enquanto a LLA é mais frequente em crianças. Já a LMA é uma doença rara;
  • Linfoma de Hodgkin – entre os 15 e os 30 anos, e depois dos 60;
  • Linfoma não Hodgkin – incidência ligeiramente superior nos homens, sendo que aumenta com a idade (44,6 casos/100.000 habitantes depois dos 65 anos). É pouco frequente em crianças;
  • Mieloma múltiplo – são registados no país entre 300 e 500 novos casos por ano. É mais frequente em homens, dos 50 aos 70 anos.

Percussões na saúde mental e física

Receber um diagnóstico de cancro gera ansiedade, medo e incerteza. De acordo com Cristina Godinho, “o doente pode passar por fases com aumentos de níveis de depressão, tendendo a isolar-se ou a ter pensamentos mais negativos”.

O paciente pode ainda vir a sentir uma diminuição de autoestima, devido às transformações físicas causadas pelos tratamentos.

Ao longo do decurso da doença, é fundamental que o paciente tenha acompanhamento familiar e profissional, de forma a que consiga gradualmente adaptar-se a esta nova fase da vida.

A enfermeira aconselha os pacientes a manterem-se ativos, seja com um curto passeio ou em atividades de grupo com troca de experiências.

“Os hospitais estão dotados de equipas multidisciplinares que acompanham o doente no percurso de doença, o doente não é visto de forma fragmentada, mas sim como um todo, quer a nível físico quer a nível mental, duas esferas intimamente ligadas”, acrescenta.

Prevenção

  1. Evitar fumar;
  2. Praticar exercício físico;
  3. Evitar excesso de açúcares e de álcool;
  4. Controlar o peso.

O diagnóstico precoce do cancro do sangue aumenta, em muito, a percentagem de cura. É recomendado estar sempre atenta aos sinais e sintomas, bem como ir regularmente ao médico.

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