A catarata é uma doença progressiva em que a cirurgia é tratamento único, eficaz e definitivo. O cristalino opacificado é substituído por uma lente intraocular e, em casos bem selecionados, a lente implantada poderá permitir a restituição da visão para todas as distâncias.
É, entre todas as cirurgias efetuadas, uma das que maior satisfação dá aos doentes.
Uma doença prevalente
É uma das principais causas de cegueira reversível no mundo, principalmente nos países mais pobres. A prevalência da catarata na população mundial é de aproximadamente 20%, podendo chegar a 50% nos indivíduos com mais de 65 anos.
Em Portugal, é uma das causas de baixa visão e rivaliza com outras, tais como os erros refrativos, a degenerescência macular relacionada com a idade, o glaucoma e a retinopatia diabética.
Como se forma a catarata?
A catarata é o resultado da opacificação do cristalino, uma lente biconvexa que se situa atrás da íris na parte anterior do olho e que, juntamente com a córnea, provoca a convergência dos raios de luz até à fóvea na retina central, iniciando, através de processos químicos e de impulsos elétricos específicos, a função visual.
O fator idade é decisivo para a perda da transparência do cristalino, levando à catarata. Há, todavia, a possibilidade de doenças oculares, doenças sistémicas, algumas síndromes, trauma, exposição à radiação UV, entre outras, contribuírem também para o seu aparecimento.
Mais raramente, as cataratas são congénitas e diagnosticadas em crianças e adultos jovens.
Sinais de alerta
No seu início, a catarata não origina sintomatologia importante e, por conseguinte, o doente pode não se aperceber da situação, uma vez que realiza tarefas profissionais e pessoais sem restrições.
É, usualmente, uma doença de progressão lenta que afeta os dois olhos. No entanto, podem existir diferenças de evolução entre eles. A proteção ocular contra a radiação UV com óculos de sol adequados é, talvez, o único modo de atrasar o seu aparecimento e progressão.
Os primeiros sintomas relatados são:
- A perda de nitidez;
- A sensação de névoa;
- A perda de sensibilidade às cores;
- A diminuição da acuidade visual.
Por vezes, são referidos halos luminosos e dificuldade de visão noturna.
O tratamento indicado
A catarata é tratável por cirurgia e, salvo raras exceções, esta não é urgente. Os doentes com catarata têm indicação para cirurgia, o único tratamento eficaz e definitivo, quando a perda de acuidade visual for elevada, dificultando, por exemplo, a condução e a leitura. Por vezes, é o oftalmologista que, por razões clínicas, determina a sua extração, mais precoce, para manter a saúde ocular.
Assim, é importante realizar consultas de oftalmologia regularmente de forma a que os diagnósticos sejam realizados numa fase precoce.
Em que consiste a cirurgia?
A cirurgia é efetuada em regime ambulatório, 30 minutos antes são colocadas gotas para dilatação pupilar e, já no bloco operatório, são aplicadas gotas anestésicas na superfície ocular.
A atual técnica cirúrgica, utilizada em todo o mundo, é a facoemulsificação que utiliza ultrassons para desfazer o cristalino em pequenos fragmentos, sendo estes depois removidos por aspiração através de uma pequena incisão no olho. Por fim, uma lente artificial é implantada no lugar do cristalino. Em casos selecionados, somente alguns passos da parte inicial da cirurgia podem ser efetuados por laser.
Para a maioria dos doentes, a lente intraocular de eleição é uma lente monofocal que permite a restituição da visão para longe sem correção ótica. Apenas ficam dependentes de óculos para a correção da presbiopia, a vulgar vista cansada para perto relacionada com a idade.
Em casos de catarata e de indivíduos que, por motivos pessoais e/ou profissionais, desejam a total independência de óculos para longe e para perto, lentes intraoculares multifocais são implantadas durante a cirurgia. Contudo, estas situações têm de ser devidamente analisadas e dependem do caso em questão.
A cirurgia da catarata apresenta, na maioria dos casos, um pós-operatório relativamente simples com um regresso rápido às atividades pessoais e profissionais. Porém, o resultado visual final pode estar comprometido pela existência de doenças noutras estruturas do olho. As complicações cirúrgicas são muito raras, sendo a infeção intraocular a mais temível.