Saúde

Catarata: a importância de tratar uma das principais causas de cegueira

A propósito do Dia Mundial da Visão, importa alertar para aquela que é uma das principais causas de cegueira curável no mundo: a catarata. Paulo Torres, Coordenador de Oftalmologia no Hospital da Ordem da Trindade, explica em que consiste esta doença e como tratar.

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Catarata: a importância de tratar uma das principais causas de cegueira Catarata: a importância de tratar uma das principais causas de cegueira
© SHUTTERSTOCK
Escrito por
Out. 13, 2021

A catarata é uma doença progressiva em que a cirurgia é tratamento único, eficaz e definitivo. O cristalino opacificado é substituído por uma lente intraocular e, em casos bem selecionados, a lente implantada poderá permitir a restituição da visão para todas as distâncias.

É, entre todas as cirurgias efetuadas, uma das que maior satisfação dá aos doentes.

Uma doença prevalente

É uma das principais causas de cegueira reversível no mundo, principalmente nos países mais pobres. A prevalência da catarata na população mundial é de aproximadamente 20%, podendo chegar a 50% nos indivíduos com mais de 65 anos.

Em Portugal, é uma das causas de baixa visão e rivaliza com outras, tais como os erros refrativos, a degenerescência macular relacionada com a idade, o glaucoma e a retinopatia diabética.

Como se forma a catarata?

A catarata é o resultado da opacificação do cristalino, uma lente biconvexa que se situa atrás da íris na parte anterior do olho e que, juntamente com a córnea, provoca a convergência dos raios de luz até à fóvea na retina central, iniciando, através de processos químicos e de impulsos elétricos específicos, a função visual.

O fator idade é decisivo para a perda da transparência do cristalino, levando à catarata. Há, todavia, a possibilidade de doenças oculares, doenças sistémicas, algumas síndromes, trauma, exposição à radiação UV, entre outras, contribuírem também para o seu aparecimento.

Mais raramente, as cataratas são congénitas e diagnosticadas em crianças e adultos jovens.

A cirurgia da catarata apresenta, na maioria dos casos, um pós-operatório relativamente simples com um regresso rápido às atividades pessoais e profissionais
Paulo Torres, Coordenador de Oftalmologia no Hospital da Ordem da Trindade Paulo Torres, Coordenador de Oftalmologia no Hospital da Ordem da Trindade

Sinais de alerta

No seu início, a catarata não origina sintomatologia importante e, por conseguinte, o doente pode não se aperceber da situação, uma vez que realiza tarefas profissionais e pessoais sem restrições.

É, usualmente, uma doença de progressão lenta que afeta os dois olhos. No entanto, podem existir diferenças de evolução entre eles. A proteção ocular contra a radiação UV com óculos de sol adequados é, talvez, o único modo de atrasar o seu aparecimento e progressão.

Os primeiros sintomas relatados são:

  • A perda de nitidez;
  • A sensação de névoa;
  • A perda de sensibilidade às cores;
  • A diminuição da acuidade visual.

Por vezes, são referidos halos luminosos e dificuldade de visão noturna.

O tratamento indicado

A catarata é tratável por cirurgia e, salvo raras exceções, esta não é urgente. Os doentes com catarata têm indicação para cirurgia, o único tratamento eficaz e definitivo, quando a perda de acuidade visual for elevada, dificultando, por exemplo, a condução e a leitura. Por vezes, é o oftalmologista que, por razões clínicas, determina a sua extração, mais precoce, para manter a saúde ocular.

Assim, é importante realizar consultas de oftalmologia regularmente de forma a que os diagnósticos sejam realizados numa fase precoce.

A cirurgia da catarata é, entre todas as cirurgias efetuadas, uma das que maior satisfação dá aos doentes
Paulo Torres, Coordenador de Oftalmologia no Hospital da Ordem da Trindade Paulo Torres, Coordenador de Oftalmologia no Hospital da Ordem da Trindade

Em que consiste a cirurgia?

A cirurgia é efetuada em regime ambulatório, 30 minutos antes são colocadas gotas para dilatação pupilar e, já no bloco operatório, são aplicadas gotas anestésicas na superfície ocular.

A atual técnica cirúrgica, utilizada em todo o mundo, é a facoemulsificação que utiliza ultrassons para desfazer o cristalino em pequenos fragmentos, sendo estes depois removidos por aspiração através de uma pequena incisão no olho. Por fim, uma lente artificial é implantada no lugar do cristalino. Em casos selecionados, somente alguns passos da parte inicial da cirurgia podem ser efetuados por laser.

Para a maioria dos doentes, a lente intraocular de eleição é uma lente monofocal que permite a restituição da visão para longe sem correção ótica. Apenas ficam dependentes de óculos para a correção da presbiopia, a vulgar vista cansada para perto relacionada com a idade.

Em casos de catarata e de indivíduos que, por motivos pessoais e/ou profissionais, desejam a total independência de óculos para longe e para perto, lentes intraoculares multifocais são implantadas durante a cirurgia. Contudo, estas situações têm de ser devidamente analisadas e dependem do caso em questão.

A cirurgia da catarata apresenta, na maioria dos casos, um pós-operatório relativamente simples com um regresso rápido às atividades pessoais e profissionais. Porém, o resultado visual final pode estar comprometido pela existência de doenças noutras estruturas do olho. As complicações cirúrgicas são muito raras, sendo a infeção intraocular a mais temível.

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