Tudo o que precisa de saber para combater o inchaço abdominal, de acordo com um especialista
Costuma sentir-se inchada? Saiba porquê e que medidas deve adotar para acabar de vez com o inchaço abdominal, de acordo com um especialista.
Já todas passámos por isso: chegamos a meio da tarde e temos (mesmo) de desapertar o botão das calças. Quer seja porque o almoço foi muito pesado, quer seja porque o nosso intestino não é tão regular como deveria ser ou porque estamos naquela altura do mês, ter a barriga inchada é incomodativo, por vezes doloroso, e não ajuda (em nada) a nossa autoestima.
A verdade é que o inchaço abdominal é normal e bastante comum, mas não sempre. Se passa de se sentir inchada um dia de vez em quando, a um desconforto quase constante causado pela distensão abdominal, é caso para averiguar o que se passa e tomar medidas para melhorar a situação.
Fomos tentar descobrir mais sobre o inchaço abdominal (as suas causas e formas de o evitar) e partilhamos consigo o que aprendemos com David Paiva, coordenador de Medicina Geral e Familiar no Hospital CUF Infante Santo.
O que causa o inchaço abdominal?
O inchaço abdominal não é mais do que “um aumento do volume da barriga”, uma situação que pode ser frequente, progressiva, episódica, isolada ou acompanhada por outros sintomas. De acordo com o especialista, as causas da distensão abdominal são “variadas e muito diferentes na sua origem e gravidade”.
No entanto, a causa mais comum é apenas a acumulação de gás. Isto pode acontecer porque engolimos demasiado ar (a chamada aerofagia), porque o processo de digestão produz demasiado gás ou porque este, dentro dos intestinos, aumenta de volume, provocando inchaço, cólicas e até mesmo flatulência excessiva.
Porque é que eu estou sempre inchada, mas a minha amiga não?
É simples: somos todas diferentes e os nossos corpos funcionam de maneira distinta.
Existem várias explicações plausíveis para o facto de nos sentirmos inchadas. Podemos ter tendência para engolir mais ar, ter bactérias em excesso. indesejáveis no intestino ou não digerir certos alimentos de forma eficaz. Pode até estar relacionado com “a variação da pressão atmosférica do ambiente”, que faz variar o volume do gás dentro do tubo digestivo.
Se esse gás, contido no tubo digestivo, não for expelido ou corretamente absorvido pelo nosso organismo, a ocorrência de distensão abdominal é provável e comum.
Como reduzir o inchaço abdominal?
Agora que sabemos o que é e porque é que acontece, resta perceber quais as medidas que devemos adotar se queremos acabar com o desconforto do inchaço abdominal.
Para começar, é importante que conheçamos “o nosso padrão de comportamento digestivo e as nossas intolerâncias alimentares”, diz-nos David Paiva. Perceber quais são os alimentos que nos “caem mal” é vital se queremos evitar distensão e “flatulência excessiva”.
Alguns alimentos que são frequentemente mal tolerados são:
• os lacticínios
• as leguminosas secas (feijão e grão)
• as couves
• a cebola
• os brócolos
• a batata
• a cenoura
• algumas frutas (como a banana, a uva, o alperce ou a ameixa)
• alguns cereais (como o trigo, o milho ou o centeio)
A evitar estão também os seguintes comportamentos:
• comer depressa
• fumar
• mascar pastilha elástica
• consumir bebidas gaseificadas
• consumir alimentos que produzem eructação excessiva (como o chocolate e o mentol)
Finalmente, devemos entender que existem “características funcionais e orgânicas”, específicas a todas nós, que não podemos controlar.
Pode ser caso para preocupação? Devo ir ao médico?
Com medo de cair na repetição, voltamos a frisar que o mais importante é conhecer e entender o nosso corpo. Todas temos “um padrão de comportamento intestinal e digestivo mais ou menos regular e, se esse padrão se altera de forma persistente, devemos ficar alerta”.
Alguns sintomas, como a diarreia, a prisão de ventre, a dor intensa, sangue ou muco nas fezes, a febre, o emagrecimento ou a falta de apetite, são “razões para consultar um médico, no sentido de despistar doença”.
O especialista explica ainda que podem existir várias “doenças e condições agudas ou crónicas que podem estar por detrás desses sintomas”, nomeadamente intolerâncias alimentares, síndrome do cólon irritável, doença celíaca, doenças inflamatórias intestinais (como a doença de Chron e a colite ulcerosa), infeções e até mesmo doenças oncológicas do aparelho digestivo ou dos intestinos.
De acordo com David Paiva, “consultar o médico assistente com regularidade será sempre um bom princípio”.