Pouco tempo depois de se ter começado a ouvir falar do coronavírus, começaram as teorias da conspiração que diziam ter sido criado, primeiro, num laboratório que trabalha com infeções virais, em Wuhan, cidade chinesa na qual começou o surto.
Depois, foi a vez da Rússia e dos Estados Unidos serem apontados como criadores do vírus. Mas para que essas vozes, cheias de desinformação, se silenciem, cientistas dos Estados Unidos da América, Escócia e Austrália publicaram recentemente um estudo na revista Nature Medicine que prova que o novo coronavírus é resultado da evolução natural de outros vírus da mesma família e não um produto laboratorial.
Origem natural
Kristian Andersen, investigador do Departamento de Imunologia e Microbiologia do Scripps Research Institute, em La Jolla, nos Estados Unidos da América, e autor principal da investigação, garante que “comparando os dados genéticos disponíveis até ao momento para diversos tipos de coronavírus [estão identificados sete], podemos firmemente determinar que o Sars-CoV-2 tem origem natural”. O genoma e a estrutura molecular do coronavírus comprovam, assim, que foi transmitido de um animal para o homem.
Vejamos o que o diferencia de outros. De acordo com a pesquisa, essa diferença está nas proteínas que existem no invólucro externo do vírus e possuem uma espécie de gancho que se fixa às células humanas, fazendo com que entre e as infete.
Em linguagem mais científica, o gancho molecular é denominado RBD e encaixa-se na molécula Ace2, e é essa ligação que desencadeia o início da infeção.
Esse gancho está presente noutros agentes patológicos semelhantes, mas os investigadores mostram que houve uma evolução, mas não sabem se a mutação aconteceu no hospedeiro animal ou já nos humanos.
Ligação perfeita
Os cientistas acrescentam ainda que o elo de ligação entre o RBD e a Ace2 é tão perfeito que não poderia ser resultado da engenharia genética, acrescentando que o primeiro se encaixa perfeitamente na segunda como uma chave no cadeado ou duas peças de um puzzle.
Os investigadores afirmam ainda que se alguém tivesse criado um novo coronavírus, tê-lo-ia construído a partir de um modelo que já sabia que causaria doenças a humanos e não num novo.