Cuidados a ter com os olhos no verão
Usar óculos com proteção UV, chapéu com abas e evitar a exposição solar nas horas críticas. Descubra a importância de não esquecer os cuidados com os olhos no verão.
Com a chegada do verão, proteger a pele dos raios ultravioletas com a aplicação de protetor solar é já uma rotina. Mas será que nos lembramos da necessidade de proteger os olhos? Se ainda não pensa nisso, está na hora de começar a fazê-lo.
“O sol emite radiação eletromagnética, da qual apenas uma parte consegue atravessar a camada de ozono e chegar até nós, mas a exposição solar contribui para o aparecimento de doenças oculares e para o envelhecimento do olho”, refere Ana Fernandes Fonseca, oftalmologista na clínica ALM Oftalmolaser.
Vários estudos têm demonstrado que as pessoas mais expostas à luz solar têm uma maior tendência para desenvolverem algumas doenças oculares. Mais do que a ação aguda dos raios UV sobre os olhos (que provoca uma queimadura na superfície ocular do tipo da que é causada na pele), é o efeito cumulativo de longos períodos expostos à luz solar que tem um efeito mais pernicioso sobre a visão.
“O sol traz malefícios à visão, pode levar a alterações imediatas e pode ter efeitos cumulativos que só ao fim de alguns anos se manifestam”, alerta Manuel Monteiro Grillo, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO). “Especialmente os raios ultravioletas (UV) podem levar ao aparecimento de alterações agudas da córnea e da conjuntiva. A exposição continuada ao sol pode também levar ao aparecimento de cataratas e contribui decisivamente para o agravamento da degenerescência macular ligada à idade”, diz o médico oftalmologista.
A importância dos cuidados com os olhos no verão
Para uma maior proteção dos olhos é essencial “o uso de óculos de sol com proteção UV, idealmente com lentes de proteção UV 100% ou com a maior percentagem possível.
É importante que as pessoas percebam que, para prevenir os malefícios do sol na visão, não devem estar expostas ao sol entre as 11h e as 16h, altura em que os raios UV são mais fortes”, explica Manuel Monteiro Grillo. E que tipo de óculos de sol escolher?
“Devem ter a sigla CE, que atesta que estão de acordo com a norma EN ISO 12312-2:2015”, refere Ana Fernandes Fonseca. Já o tipo de lente que se deve escolher “depende da refletividade da luz solar onde vão ser usados.
Contudo, todos devem ter filtros UV de aproximadamente 100%, já que o uso de lentes escuras sem essa proteção provoca a dilatação da pupila, fazendo com que o olho absorva ainda mais os raios UV”, acrescenta a oftalmologista.
Lentes polarizadas ou espelhadas?
As lentes também devem ser grandes e ficar o mais próximas possível dos olhos, “de preferência com uma armação de formato envolvente, de modo a que a luz solar não passe pelas laterais dos óculos. Contudo, as que têm curvaturas acentuadas podem proporcionar alguma distorção das imagens periféricas, não sendo as mais indicadas para a condução de veículos”, informa Ana Fernanda Fonseca.
As lentes polarizadas “diminuem a exposição à radiação refletida, permitindo um maior conforto e nitidez visuais”. Segundo a oftalmologista, “a cor da lente não influencia diretamente a qualidade da proteção. As lentes muito escuras e as lentes espelhadas podem diminuir ligeiramente a acuidade visual, não sendo as mais indicadas para a condução de veículos, mas são ótimas para condições de elevada refletividade, como na neve”.
Chapéus e bonés
Manuel Monteiro Grillo não tem dúvidas ao afirmar que “o uso diário de óculos de sol é imperativo para ajudar na prevenção dos malefícios que o sol pode trazer à saúde ocular. Mas os chapéus com abas e/ou palas também são uma ajuda na proteção dos olhos”.
Este acessório proporciona uma boa barreira sobre a radiação solar direta pela sombra que dá, mas não protege contra a radiação solar refletida nas superfícies que nos rodeiam. Opinião semelhante tem Ana Fernandes Fonseca, que reforça a importância do uso de chapéu com abas largas, especialmente, “em condições de níveis elevados de radiação ultravioleta, como nas grandes altitudes, na neve, na praia, em ambientes com grandes extensões de água (como mar, rios, lagos ou barragens) onde, além da radiação direta, ainda somos expostos à radiação refletida nestas superfícies”.
Todos estes conselhos são válidos também para as crianças. O uso de óculos de sol e chapéu também é imperativo nos mais novos, bem como evitar a exposição nas horas críticas.
Quando deve visitar o oftalmologista?
A frequência com que os nossos olhos devem ser examinados difere com a idade e com doenças associadas.
• Os adultos saudáveis deverão fazer pelo menos um exame oftalmológico entre os 20 e os 40 anos, desde que não surjam sintomas.
• Pessoas com a pele mais escura deverão fazer exames mais frequentes para despiste de glaucoma (pelo menos de quatro em quatro anos).
• As pessoas diabéticas ou com outras doenças que sejam um fator de risco para problemas oculares devem ser também examinadas com maior frequência (uma vez por ano).
Fonte: adaptado de Sociedade Portuguesa de Oftamologia
Quem está mais exposto aos efeitos nocivos do sol?
• Pessoas que, por questões profissionais, estão mais expostas ao sol;
• Quem vive junto à praia (onde há maior reflexo de luz solar na água e na areia);
• Indivíduos que vivem perto da linha do Equador;
• Quem vive em zonas de maior altitude;