Se é um ex-fumador, é possível que já tenha sentido isto. Há um novo estudo que sugere que os ex-fumadores têm propensão a escolher comida processada quando estão em processo de abstinência.
A Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, descobriu que o sistema nervoso (nomeadamente as funções cerebrais responsáveis pelo vício e regulação do apetite) pode fazer com que os ex-fumadores que estejam em abstinência de nicotina prefiram alimentos ricos em gordura e açucarados para sentirem mais satisfação.
Foram analisados dois grupos de participantes: um fumador e outro não fumador, ambos com idade entre os 19 e os 75 anos. Os fumadores tiveram de deixar de fumar durante 24 horas e todos os participantes receberam placebo ou 50 mg de naltrexona, um medicamento usado para tratar pacientes com problemas de adição.
No final de duas sessões – antes e depois da pausa – os participantes receberam vários tipos de lanche que variavam entre alimentos de alto e baixo nível energético, entre salgados, doces e com gorduras.
O stresse e a propensão para consumir alimentos ricos em gordura e açúcar aumentam
“Analisámos se a abstinência aguda da nicotina aumenta ou não a ingestão de junk food (rica em sal, gordura e açúcar) e a forma como os recetores de alívio do estresse do sistema nervoso estão envolvidos”, afirmou Mustafa al’Absi, um dos autores.
“Mitigar esses desafios durante o processo de tratamento ajudará os pacientes a parar de fumar, ao mesmo tempo em que compreende seus hábitos alimentares e encoraja decisões mais saudáveis”, acrescentou.
No final, a investigação concluiu que os participantes que estavam em abstinência de nicotina consumiram mais calorias do que os não fumadores.
“Esta descoberta pode estar relacionada ao consumo de alimentos, especialmente aqueles ricos em calorias, para lidar com o afeto negativo e a angústia que as pessoas sentem durante a abstinência de fumar”, continua o investigador. “Os resultados de pesquisas pré-clínicas e clínicas mostram que o stresse e a propensão para consumir alimentos ricos em gordura e açúcar aumentam.”