Emociona-se com um mero anúncio de televisão, irrita-se à mínima coisa, chora e ri quase em simultâneo? Está grávida! E tudo isto faz parte.
As oscilações de humor, irritabilidade e sensibilidade exagerada resultam da variação hormonal que ocorre na gravidez, mas também das expectativas e incertezas que esta nova realidade traz consigo.
Se tudo isto é normal, há, no entanto, alguns cuidados a ter porque muitas vezes os sintomas depressivos acabam por ser desvalorizados. Isto porque se parte-se do princípio que seja normal a mulher grávida ter os nervos à flor da pele.
Segundo a psicóloga clínica e coach Filipa Jardim da Silva, “atualmente estima-se que entre 8,5% e 11% das mulheres grávidas experienciem episódios depressivos, sendo que a prescrição de antidepressivos nestas situações atinge também números bastante elevados”.
Daí ser muito importante a auto-observação e acompanhamento médico ao longo da gestação para evitar um quadro depressivo e respetivas consequências negativas no desenvolvimento da própria gravidez, do parto ou do bebé.
O que desencadeira a depressão na gravidez?
Para a especialista, “apesar de existirem vários fatores que se podem correlacionar com o surgimento de uma depressão durante a gestação, aquele que parece ter maior influência é a existência prévia de depressão ou ansiedade”.
No entanto, também podem resultar da forma como se lida com as alterações físicas que ocorrem ao longo dos nove meses de gestação.
1º trimestre
“No primeiro trimestre, a presença de enjoos e sonolência tende a alterar o bem-estar da mulher, podendo em alguns casos limitar-lhe a funcionalidade diária, além do receio da possibilidade de perda do bebé.”
2º trimestre
A especialista acrescenta ainda que “no segundo trimestre, oscilações de apetite, aumento de peso, alteração de formas físicas e a sensação de memória de peixe são outras das modificações observadas que testam a autoestima da mulher.”
3º trimestre
“Já no último trimestre, o aumento mais ponderal de peso, as dificuldades circulatórias, o inchaço consequente e as dores físicas e musculares constituem mudanças impactantes na forma como a mulher se vê e se sente.
Neste último trimestre, a futura mãe poderá ainda começar a sentir medo e ansiedade pelo parto“, conclui.
Sinais de alerta para depressão na gravidez
A depressão na gravidez apresenta semelhanças com outros quadros depressivos, ainda que tenha algumas características específicas. Fique atenta a:
• Tristeza persistente/emoção dominante;
• Perda de interesse ou do prazer nas atividades habituais;
• Alterações do sono (insónia ou hipersónia);
• Fadiga ou perda de energia exacerbadas;
• Sentimentos de desvalorização ou culpa;
• Lentificação ou agitação psicomotora, com diminuição de foco e concentração;
• Pensamentos ruminativos sobre a morte;
• Preocupação ou medo constantes ou excessivos;
• Comportamentos compulsivos (na alimentação, em compras ou com temas como arrumação e limpeza).
Fique atenta a estes sinais de depressão na gravidez e leia os testemunhos de quatro mães que foram grávidas aos 40 anos (ou perto).