De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a depressão pode levar ao suicídio, sendo atualmente a segunda principal causa de morte entre os 15 e 29 anos de idade, em termos mundiais. É ainda considerada por esta organização como o maior contribuinte da incapacidade para a atividade produtiva.
Está ainda comprovado que existe maior incidência desta doença no sexo feminino do que no masculino, na proporção de 2:1, refere à Saber Viver Chantal Feron, psicóloga clínica no Hospital CUF Infante Santo e Clínica da Miraflores.
Sinais e sintomas da depressão
Os sintomas de depressão podem variar. Contudo, Chantal Feron especifica que entre os mais comuns, estão:
• Sensações de desesperança e desamparo;
• Tristeza persistente;
• Pensamentos negativos fatalistas e catastróficos;
• Ruminação das preocupações;
• Baixa autoestima;
• Perda do prazer em atividades de rotina;
• Irritabilidade;
• Problemas de atenção;
• Problemas de concentração e memória;
• Dificuldade na tomada de decisão.
A depressão na mulher: as causas
Porque é que as mulheres são mais afetadas com esta doença do que os homens? “Os principais preditores para a vulnerabilidade da mulher à depressão são acontecimentos de vida traumáticos, fatores genéticos, história anterior de depressão e uma maior tendência para um estado emocional negativo ao longo da sua vida”, explica-nos a especialista.
“Têm se colocado diversas hipóteses na procura de fundamentação” dessas divergências, adianta Chantal Feron. Podemos dividi-las em causas psicossociais e biológicas.
“As primeiras têm que ver com a maior ruminação de ideias negativas por parte das mulheres e uma maior capacidade, por parte dos homens, de lidar com essas ideias através do enfrentamento e de estratégias de evitamento dos pensamentos negativo”, esclarece.
“Por outro lado, existe um peso cultural, proveniente da existência de diferentes papéis e crenças sociais em relação a cada género e suas distintas exigências”, adianta a psicóloga.
Menstruação, gravidez e menopausa: períodos críticos
As causas biológicas estão relacionadas com “fortes alterações hormonais a partir da adolescência e nas funções reprodutivas das mulheres”, explica.
“Durante o período pré-mentrual, há alterações do humor, com irritabilidade e labilidade emocional, depressivo e ansioso. São geralmente transitórias e caracterizam-se por uma certa intensidade que se pode manifestar como hiperatividade ou agressividade dirigida maioritariamente contra as pessoas de maior proximidade afetiva”, refere a médica.
A gravidez, o parto e o pós-parto “são períodos de alta vulnerabilidade” também, adianta.
Também a menopausa “é uma fase crítica da vida da mulher, onde se torna evidente a interligação entre os aspetos biológicos e as características psicossociais deste período”. É esta a fase que marca o final da vida reprodutiva e início do envelhecimento, exigindo, por isso, diversas adaptações.
“Surge o confronto com o fim da juventude, os filhos crescem e emancipam-se, a geração anterior envelhece e surge a necessidade de cuidar”, papel que cai geralmente na mulher, recorda a especialista. “As relações conjugais estão por vezes desgastadas ou rompem-se”.
“É fundamental pedir ajuda médica e psicológica em caso da persistência de sintomas como choro fácil, pessimismo, sentimentos de culpa, angústia ou alterações do humor súbitas”, adverte a especialista.
Combater a depressão
“As principais formas de combater e tratar a depressão são o uso de medicamentos antidepressivos combinados com psicoterapia, além de mudanças no estilo de vida“, explica a psicóloga clínica Chantal Feron. “Consulte um psicólogo ou psiquiatra, para o problema e sua severidade serem diagnosticados, de forma a ser recomendado o tratamento mais adequado e eficaz que, frequentemente, passa pelo acompanhamento de ambas as especialidades”.
Associações e linhas de apoio
• ADEB – Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares: está presente em várias cidades e dá resposta de apoio psicossocial com consultas através do site.
• Centro SOS-Voz Amiga: ajuda na solidão, ansiedade, depressão e risco de suicídio. Contactos: 21 354 45 45/91 280 26 69/96 352 46 60 (das 16h às 24h);
• Conversa amiga: 808 237 327 ou 210 027 159 (das 15 às 22h);
• SOS Estudante: 239 484 020 (das 20 à 1h);
• EUTIMIA
• Linha Saúde 24, disponível em permanência através do 808 24 24 ou do site: em caso de crise emocional aguda
• Serviços de urgência hospitalar com valência de psiquiatria, das 9 às 20h;