A deglutição é a função fisiológica de engolir, que permite que os alimentos sejam transportados, de forma segura, da boca até ao estômago. É um mecanismo extremamente complexo, em grande parte involuntário, que implica uma coordenação neuromuscular (coordenação entre os nervos e os músculos) muito exigente.
Durante a deglutição é necessário transportar o bolo alimentar até ao estômago de forma segura, ou seja, sem que o alimento seja aspirado para os pulmões.
Este processo implica a ação de mais de 40 pares de músculos da boca e pescoço e uma coordenação perfeita entre os nervos que comandam a ação e os músculos que a executam.
O que é disfagia?
Disfagia é a dificuldade em engolir alimentos sólidos, líquidos, comprimidos ou secreções.
Este sintoma pode surgir associado a múltiplas doenças ou simplesmente ao envelhecimento.
Como suspeitar que existe um problema de deglutição?
Deve suspeitar-se de disfagia sempre que a alimentação é acompanhada de:
- Tosse ou engasgamento durante a alimentação (líquidos, sólidos ou medicamentos);
- Falta de ar/ dificuldade em respirar;
- Voz rouca ou voz “molhada” depois da refeição;
- Dificuldade em mastigar;
- Dificuldade em fazer progredir a comida da boca ou da garganta para o esófago;
- Sensação de comida presa na garganta ou no peito;
- Infecções respiratórias frequentes (por exemplo: pneumonias);
- Dor a engolir;
- Babar/ Salivação constante;
- Sentir a comida voltar à boca ou sair pelo nariz.
Ou se existe:
- Recusa ou falta de prazer em ir comer fora de casa ou em ocasiões sociais
- Perda de peso sem razão aparente
Que doenças podem interferir com a deglutição e causar disfagia?
A disfagia é um problema global, que afeta homens, mulheres e crianças, causado por múltiplas doenças como:
- Acidente Vascular Cerebral (AVC);
- Doenças neurológicas (doença de Parkinson, esclerose lateral amiotrófica, esclerose em placas, doença de Alzheimer, entre outras);
- Demência;
- Paralisia cerebral;
- Tumores da cabeça e pescoço;
- Traumatismos da cabeça e pescoço;
- Pós-operatório de cirurgias do pescoço (cirurgia da tiroide, da coluna cervical, da carótida) e de cirurgias ou intervenções cardíacas;
- Refluxo faringo-laringeo;
- Envelhecimento.
Por que é que ter dificuldade em engolir pode ser grave?
A dificuldade em engolir/disfagia pode apresentar-se de formas muito variadas, ter causas muito diferentes e resultar em complicações graves como:
- Desidratação;
- Malnutrição;
- Perda de peso;
- Pneumonia por aspiração de alimentos;
- Compromisso significativo da qualidade de vida dos doentes e até morte.
O diagnóstico da disfagia: consultas e exames
O diagnóstico precoce e uma intervenção eficaz e atempada pode ajudar a obter uma reabilitação funcional e a prevenir complicações graves e a melhorar a qualidade de vida dos doentes com disfagia.
Qualquer suspeita de disfagia deve ser investigada por uma equipa multidisciplinar, numa unidade de deglutição.
Na consulta de deglutição, o otorrinolaringologista vai obter uma história clínica completa, identificar as causas da dificuldade em engolir, verificar a força e o movimento dos músculos envolvidos na deglutição e observar a postura, o comportamento e os movimentos orais durante a alimentação. Realizam-se ainda exames endoscópicos – videoendoscopia da deglutição.
Durante a videoendoscopia da deglutição, um exame endoscópico indolor e bem tolerado, é observada a laringe sem alimentos e enquanto o doente se alimenta, de forma a identificar a patologia específica em causa e definir que alimentos é seguro comer e em que quantidade.
Como se tratam as alterações da deglutição?
Geralmente, o tratamento depende da causa e do tipo da disfagia. Na maioria das vezes a disfagia pode ser corrigida ou melhorada, mesmo que a cura da doença de base não seja sempre possível.
O tratamento destas situações pode incluir:
- Terapia da deglutição – ensina técnicas de deglutição;
- Mudança da consistência dos alimentos de forma a que a deglutição seja mais segura;
- Alimentação de formas diferentes da alimentação oral;
- Cirurgia.