Doença coronária: conheça os sintomas, fatores de risco e tratamentos
A propósito do mês dedicado ao coração, nunca é demais falarmos sobre a doença que mais mortes provoca nos países desenvolvidos, e que em Portugal só é suplantada pelo acidente vascular cerebral (AVC). Isabel Quelhas, cardiologista do Hospital CUF Porto, destaca o essencial a saber sobre a doença coronária.
A doença das artérias coronárias, vulgarmente designada por doença coronária, é causada maioritariamente pela aterosclerose, que consiste na deposição, no interior das artérias, de material gordo e material inflamatório que provoca redução ou até desaparecimento do fluxo sanguíneo nas artérias doentes.
A doença coronária pode ter uma instalação progressiva, sendo designada de crónica, ou uma instalação abrupta, e é designada de aguda.
Tipos de doença coronária
• Doença coronária crónica: manifesta-se habitualmente por um mal-estar no peito (pressão e/ou falta de ar) quando o coração tem necessidade de trabalhar mais e designa-se de angina de esforço.
• Doença coronária aguda: manifesta-se habitualmente por um mal-estar no peito (pressão e/ou falta de ar) ou por perda de consciência, tem início súbito e surge habitualmente em repouso. Neste caso falamos de enfarte agudo do miocárdio.
O enfarte agudo do miocárdio corresponde à interrupção da circulação do fluxo sanguíneo num determinado vaso, enquanto que a angina de esforço corresponde apenas à sua redução.
Os sintomas, diagnóstico e tratamento
Angina de esforço
Se uma pessoa sente um mal-estar no peito que corresponde a uma sensação de esmagamento ou queimor; que por vezes se estende até ao pescoço, braço ou costas; que pode ser acompanhada de suores, falta de ar ou sensação de desmaio; e que surge quando caminha ou transporta pesos; deverá consultar um médico especialista porque poderá sofrer de angina de esforço.
Nesta situação, o médico especialista solicitará exames que confirmarão ou não esta hipótese.
Após o diagnóstico ter sido confirmado, o paciente iniciará medicação que evita a interrupção do fluxo sanguíneo, reduz a inflamação da placa de aterosclerose e o seu conteúdo em gordura, e aumenta a tolerância aos esforços físicos.
Caso o médico especialista considere indicado, o paciente será submetido a um exame (cateterismo cardíaco) com o objetivo de identificar qual ou quais os vasos doentes.
De seguida, será efetuada a dilatação do interior do vaso com colocação de uma estrutura cilíndrica com aspeto de rede (stent). Em casos específicos, a dilatação do interior do vaso poderá ser substituída por uma cirurgia às artérias coronárias que é denominada de cirurgia de revascularização coronária.
Enfarte agudo do miocárdio
No caso de o mal-estar no peito surgir em repouso ou se tiver uma duração superior a cerca de 20 minutos, o doente deverá procurar ajuda médica imediata, recorrendo ao serviço de urgência de um hospital, pois poderá estar a sofrer um enfarte agudo do miocárdio.
No serviço de urgência, após a confirmação do diagnóstico, o doente será submetido a um cateterismo cardíaco.
Durante o cateterismo cardíaco será efetuada a abertura da artéria que se encontra completamente tapada e, também aqui, será colocado um stent.
Após a abertura da artéria, o doente iniciará medicação que irá evitar o seu encerramento, além de medicação para redução dos processos inflamatório e de morte celular que estão associados.
Nestes casos, o internamento tem uma duração média de cerca de 3 a 5 dias, para que se inicie o processo de recuperação.
Procurar ajuda e apostar na prevenção
É fundamental não hesitar em procurar ajuda médica em qualquer destas situações. Seja para realizar uma consulta, exame ou cirurgia.
Apesar deste contexto de pandemia, é seguro procurar aconselhamento médico pois os hospitais implementaram medidas que os tornam seguros para todos. Lembre-se que, em casos de situações urgentes, a procura de resposta imediata pode fazer a diferença na recuperação.
Para evitar as doenças das artérias coronárias e todos os procedimentos de diagnóstico e tratamento associados, é importante adotar ou manter um estilo de vida saudável.
Existem fatores que são modificáveis e contribuem para a diminuição da probabilidade de desenvolver estas doenças. É por isso importante:
- Manter os valores de pressão arterial controlados;
- Os valores de colesterol adequados ao seu perfil de risco;
- Caso seja diabético, controlar bem o seu açúcar no sangue;
- Deixar de fumar (se for o caso);
- Manter o peso controlado;
- Ter uma dieta equilibrada;
- Praticar exercício físico.
Cuide do seu coração!