Erosão dentária: conheça os sinais de alerta, as causas e a importância do tratamento
Sabe como é que a erosão dentária pode afetar os seus dentes? Miguel Cambeta, especialista em medicina dentária no Hospital CUF Cascais e na Clínica CUF São Domingos de Rana, explica em que consiste este fenómeno, quais as possíveis causas e porque é urgente procurar ajuda.
A erosão dentária pode ser definida como a perda progressiva de estrutura dentária, provocada pelo efeito de ácidos diretamente na superfície dos dentes que levam à sua desmineralização.
Com base na origem destes ácidos, podemos classificar a erosão como intrínseca (ácidos produzidos pelo nosso organismo, principalmente o ácido gástrico) ou extrínseca (se estes ácidos chegarem à cavidade oral por uma via exterior ao organismo). Estima-se
Quais os sintomas?
O primeiro sintoma que podemos observar é um ligeiro desgaste e aumento de brilho na camada mais superficial do nosso dente – o esmalte.
A partir daí, o desgaste afetará irreversivelmente o esmalte expondo a camada imediatamente abaixo, a dentina, provocando, logo à partida, sintomas como hipersensibilidade dentária quando ingerimos alimentos frios, comprometendo a estética dentária, alterações no alinhamento dos dentes e, até mesmo, exposição do tecido mais profundo do dente – a polpa dentária.
Causas da erosão dentária
Para sabermos a causa deste desgaste, temos que ver a erosão como uma condição multifatorial e distinguir se esta tem origem no nosso próprio organismo ou se provem de fatores externos, como a alimentação.
Como exemplos de fatores que levem a erosão intrínseca, temos:
- Refluxo gastrointestinal;
- Bulimia nervosa e anorexia;
- Alcoolismo;
Já como exemplos de erosão extrínseca:
- Refrigerantes;
- Sumos de citrinos;
- Temperos avinagrados de saladas;
- Vinhos;
- Alguns medicamentos como Aspirina, suplementos de vitamina C, entre outros.
Diagnóstico, tratamento e prevenção
O diagnóstico pode ser fácil e feito rapidamente pelo médico dentista, mediante a localização dessas perdas de estrutura.
De forma muito simples, e em jeito de exemplo do que vejo na minha prática clínica, o mais comum será que pessoas que sofram de distúrbios alimentares, como bulimia, apresentem maiores sinais de erosão nas faces internas (faces palatinas/linguais), nos dentes da frente e nas faces superiores (faces oclusais) dos molares.
Já em doentes que apresentem maior desgaste nas faces que se relacionam com os lábios (faces vestibulares), pode significar que estamos perante causas externas ao organismo.
Quando lidamos com casos de erosão, é imperativo atuar o mais cedo possível de modo a prevenir mais desgaste da estrutura dentária, que associado a outras condições como o bruxismo, forças de escovagem excessivas e outros hábitos parafuncionais, podem exponenciar a velocidade e severidade desse mesmo desgaste.
Estratégias para prevenir a erosão
- Tratamento das condições do organismo que estão a desencadear o problema;
- Alterações nos hábitos alimentares, eliminando os elementos mais ácidos da dieta;
- A remineralização da estrutura dentária através de agentes como o Flúor;
- Potencialização da produção de saliva e dos seus mecanismos de defesa, sendo que esta é a principal responsável pela neutralização do pH oral (prevenindo a desmineralização);
- Proteção mecânica das peças dentárias.
Já o tratamento destes casos pode apresentar alguma complexidade visto que, em grande parte dos casos, a reposição do tecido dentário que foi perdido (por vezes em quantidade substancial) tem que obedecer a parâmetros funcionais e estéticos em que a reabilitação pode necessitar de algo mais do que simples restaurações dentárias, motivo pelo qual devemos optar por um planeamento multidisciplinar.
É essencial que esteja alerta para estas alterações e que não adie a sua consulta se sentir algum sintoma relacionado com o desgaste dos dentes por erosão.