O exercício físico protege o cérebro de quem já tem sinais de demência, diz novo estudo
É um importante avanço na ciência e uma lufada de ar fresco para uma doença que não tem cura. O exercício físico é mesmo o melhor remédio para o corpo.
Há ainda mais provas de que o exercício físico é uma prática que deve fazer parte da vida humana regularmente. Se já tínhamos visto que dá mais anos de vida e, claro, mantém o coração mais forte, agora as novas evidências mostram que o cérebro beneficia, e muito, desta atividade.
É o que diz um novo estudo publicado na Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association, comprovando que o exercício físico protege o cérebro mesmo quando já há sinais de demência.
Esta nova investigação descobriu que ao fazer alguma atividade física, os níveis da proteína conhecida por fortalecer a comunicação entre as células cerebrais por meio de sinapses, as proteínas pré-sinápticas, aumentam. Esta pode ser mesmo a resposta para manter uma doença como a demência sob controlo.
Como explica Kaitlin Casaletto, autora do estudo e professora assistente de neurologia no Centro de Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia, em São Francisco, à CNN americana, “as sinapses são a junção entre a comunicação críticas e as células nervosas, e no que diz respeito à cognição, é aqui que a magia acontece”. “Todos os nossos pensamentos e toda a nossa memória resultam destas comunicações sinápticas”, comenta.
Nesta investigação, os cientistas analisaram os níveis desta proteína em pessoas que doaram os seus cérebros à ciência, abrangidos pelo Projeto Memória e Envelhecimento da Rush University, em Chicago. A maioria das pessoas que entraram no estudo tinham entre 70 e 80 anos e a sua atividade física foi rastreada. A conclusão foi simples: as pessoas que se moviam mais, produziam mais desta proteína. E isto aconteceu mesmo com quem já tinha sinais de Alzheimer e outros tipos de demência.
“Existem muitas proteínas presentes na sinapse que ajudam a facilitar diferentes aspetos da comunicação célula a célula. Essas proteínas precisam de estar em equilíbrio umas com as outras para que a sinapse funcione perfeitamente”, afirma Kaitlin Casaletto
Uma vez que ficou assim provado que quanto mais frequente for a atividade física, maiores são os níveis de proteínas sinápticas no tecido cerebral, a autora recomenta 150 minutos de exercício por semana – sendo que estudos anteriores também já tinham mostrado que uma caminhada apenas poderia ajudar na redução do declínio cognitivo.
“Acho que estas descobertas começam a provar a natureza dinâmica do cérebro em resposta às nossas atividades e à capacidade do cérebro idoso de montar respostas saudáveis à atividade mesmo nas idades mais avançadas”, diz a autora do estudo.
O exercício físico regular não só é imprescindível para um organismo saudável, como para um cérebro ativo. Pratique-o sempre que puder.