Estes hábitos alimentares podem estar a danificar a sua flora intestinal
O consumo excessivo de certos alimentos e a escassez de outros tantos podem ser a causa de uma microbiota intestinal desequilibrada e pouco saudável. Eis como contornar este cenário.
O nosso intestino é habitado por um conjunto diverso de micróbios – a que se dá o nome de microbiota intestinal – e é lá que encontramos uma série de bactérias, fungos, vírus e outros microrganismos celulares, cada um com a sua função. É ali que vive a maior população de microorganismos que temos no corpo, mas isto não é algo negativo, muito pelo contrário. A microbiota intestinal desempenha inúmeras funções benéficas para a saúde.
Benefícios da flora intestinal
Uma microbiota intestinal saudável é essencial porque:
- Protege-nos de microorganismos prejudiciais;
- Metaboliza a energia dos alimentos digeridos;
- Ajuda a regular o apetite e a sensação de saciedade;
- Promove a absorção de minerais, como o magnésio, cálcio e ferro;
- Regula a função imunitária, ao “ensinar” o sistema imunitário a distinguir entre substâncias boas para o corpo e a destruir substâncias tóxicas.
A evitar
Dado a sua importância, é, assim, essencial preservarmos ao máximo a saúde da flora intestinal e isso passa por uma dieta equilibrada e diversificada. Pensemos assim: a comida que ingerimos dá-nos energia, sim, mas também serve de nutriente aos milhares de microrganismos que vivem dentro de nós.
Comer muitos alimentos ultraprocessados
Bolachas, batatas fritas, pão branco ou refeições congeladas… alimentos ultraprocessados são qualquer produto alimentar ou bebida que tenha sido processado industrialmente em alto grau. Contêm substâncias artificiais, como corantes, aromatizantes ou gordura hidrogenada e costumam ser ricos em açúcar e gordura, além de pobres em proteína e nutrientes essenciais.
À publicação francesa Madame Fígaro, o gastroenterologista William Berrebi contou que a comida processada destrói o que temos de bom no organismo, como as fibras que consumimos através dos legumes, fruta, cereais integrais e sementes, como linhaça ou chia, e acrescenta substâncias prejudiciais, como os aditivos. “Estes tornam o intestino poroso e certas bactérias e substâncias tóxicas – como metais pesados – deixam de ser bloqueadas e podem circular no sangue”, explica o médico.
O seu consumo regular pode ainda levar a diversas condições médicas, como a resistência à insulina, e por ser rica em açúcar promove o crescimento de bactérias más, afirma o médico. “Os açúcares de rápida absorção favorecem o crescimento das bactérias más e inibem o crescimento dos microrganismos benéficos para a microbiota intestinal”, explica William Berrebi.
Não comer fibras suficientes
A escassez de fibras na dieta alimentar é um erro comum de quem acaba com uma microbiota intestinal desequilibrada. “São o alimento das bactérias intestinais e estes prebióticos permitem que a microbiota produza pós-bióticos, substâncias com propriedades anti-cancerígenas e anti-inflamatórias”, explica o médico. Não se esqueça de ingerir pelo menos 30 gramas de fibra por dia.