9 formas de manter a sanidade mental durante a pandemia
O update sobre o desenrolar da situação Covid-19 é constante e, neste momento, o melhor que podemos fazer por nós e pelos outros é cumprir as normas de contenção social. Mas há algo que não deve ficar pelo caminho. Falamos, claro, da nossa saúde mental.
Discorrer sobre este assunto pode ter tanto de repetitivo como de urgente. É bem verdade que o mundo inteiro não fala de outra coisa desde o início de 2020 – e com razão para tal.
Mas, por isso mesmo, ao invés de a sobrecarregar com informação que já conhece de cor, pretendemos levá-la a refletir sobre assuntos maiores. Dentro, claro, do tema do momento: o coronavírus.
Agitação, cansaço, ansiedade, tristeza, confusão, nervosismo, zanga, ponto. São tudo premissas decorrentes da situação universal que se vive no agora. Há muitas frentes nesta luta contra o vírus originário na Ásia e todas são válidas. Senão, veja.
Infetados, casos suspeitos e população no seu todo querem-se saudáveis. Mas não se trata só de estarmos livres da doença infecciosa Covid-19 provocada pelo coronavírus, ou de qualquer outra patologia física, diga-se.
A verdade é que há algo que fica sempre para segundo plano, muitas vezes somente contemplada quando se chega a um ponto de rutura total ou exaustão completa da mente: a sua saúde psicológica.
Parte integral do ser humano, este estado de bem-estar que se refere à forma como sentimos, pensamos, decidimos, avaliamos as situações e nos relacionamos com os outros é, no fundo, o que nos permite concretizar as nossas capacidades e expandir o nosso potencial.
Vamos então, finalmente, dar-lhe a atenção devida, especialmente neste momento de caos que se vive? Pensadas para a maioria da população portuguesa, que pelas recomendações estatais e de saúde publica se encontra em isolamento social, seguem-se as seguintes sugestões.
9 ideias para manter a sanidade mental em casa
1. Ser crítica em relação à informação
Para além de evitar um estado de saturação informativa, é preciso saber desconfiar do que se lê, ouve ou vê. Há por aí muito conteúdo manipulado, irrealista e com o intuito de disseminar o pânico, desrespeitoso para com quem pratica uma boa comunicação e por quem a consome. E a cabeça não dá conta de tudo.
Assim, para além de não dar atenção a tudo o que encontre, procure, para seu bem, limitar o tempo online. Quanto a instituições fidedignas, tem, por exemplo, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Serviço Nacional de Saúde (SNS), A Direção-Geral da Saúde (DGS) ou mesmo a linha telefónica SNS24 (808 24 24 24). Recorra ainda ao quadro atualizado da pandemia aqui.
2. Cumprir as medidas de proteção
Que melhor forma de se sentir segura e de boa consciência do que reduzir a hipóteses de ser infetada ou de espalhar a Covid-19?
Já sabe: respeite as várias medidas de contenção social (distanciamento social, isolamento, quarentena, encerramento de estabelecimentos/serviços públicos ou privados e cancelamento de eventos em massa); cumpra uma higienização adequada; esteja atenta aos principais sintomas (febre, tosse, dificuldade respiratória), seja cuidadosa com a etiqueta respiratória e contacte as entidades competentes em caso de dúvida ou necessidade maior.
3. Manter um estilo de vida saudável
Os seus benefícios físicos e psicológicos são imensuráveis. Por isso, tenha esta preocupação em mente, tal como faria numa situação não pandémica do mundo. Procure não só regularizar o sono, como cumprir com os parâmetros para uma alimentação saudável, sem descurar, obviamente, o exercício físico.
Para este último, há várias opções virtuais, mesmo para quem vive num apartamento. Também continuar ou experimentar pela primeira vez atividades como a o ioga ou a meditação será, sem sombra de dúvida, muito benéfico, numa conexão entre corpo, mente e alma. Atente também a formas de melhorar o seu sistema imunitário. Uma ajuda extra.
4. Continuar com a rotina diária
Acredite, se adotar o modo desleixo para esta estadia em casa vai mesmo dar em louca. Se é aceitável ficar um dia de pijama, a título de exemplo, ao fim de um mês ou mais torna-se indesculpável. Trabalhar dentro da cama, com o portátil no colo, não se parece minimamente com o que faria na vida real.
Por isso, aponte: mantenha os horários de sempre, faça a cama, vista-se, cuide de si e da sua aparência e encontre um local de acordo para ter o seu espaço de concentração. Seja criativa ou improvise se necessário, mas esforce-se.
Caso não esteja em teletrabalho, siga as mesmas instruções. Saiba igualmente diferenciar dias de semana de fins de semana, através do tipo de atividades praticadas. Manter a normalidade é a chave.
5. Cuidar do que vai cá vai dentro
Não ter receio das emoções que sente e aceitá-las – são só mesmo isso, emoções – bem como reconhecer os seus medos são dois passos importante por uma saúde mental feliz. Mas é preciso mais. Saiba monitorizar a ansiedade que a atinge (pouca é recomendável, demasiada é prejudicial) como se tivesse um barómetro para isso mesmo. A ideia é apanhá-la quando ainda está no início.
Para além disto, e, preste muita atenção aqui, saiba desafiar os seus pensamentos. A verdade é que é comum confundir-se o pensamento com a própria realidade. Na verdade, a nossa mente pode ser perita em enganar-nos. Assim, tenha um diálogo interno e aprenda a criticar os pensamentos disfuncionais que tenha. Uma luta de argumentos em que deve ganhar no final.
Ainda, e numa tentativa de lidar com as emoções, evite refugiar-se no álcool, tabaco, drogas ou mesmo açúcar, pelos seus efeitos nefastos tão conhecidos, físicos e psicológicos.
6. Recorrer a estratégias do passado
Convenhamos, embora a situação generalizada que se viva seja atípica não é, de todo, a primeira crise, problema ou dificuldade que tem na vida. Assim, recorde outros momentos que tenham sido desafiantes para si e procure lembrar-se das capacidades e competências que utilizou.
As que resultaram e as que não funcionaram tão bem, mas especialmente as primeiras. Aplique-as de acordo. O nosso corpo e mente funcionam como uma caixinha de memória que depressa adotará algo que resultou no passado, basta dar-lhe a dica.
7. Fazer coisas que a façam feliz
Cozinhar um prato novo, ver as séries preferidas da redação da Saber Viver, ouvir o episódio de podcast que já descarregou há um mês, escrever, finalmente, uma peça de teatro ou ler todos os livros em lista de espera na sua mesa-de-cabeceira parecem, em tudo, atividades que lhe podem aliviar a mente, ao mesmo tempo que são altamente produtivas.
Dedique-se aos hobbies que tanto preza ou adapte-os ao quadro atual. Melhor ainda, aprenda algo novo, faça um curso online, veja tutoriais ou peça a alguém em casa que a ensine. Vale tudo. Isto irá estabelecer novas sinapses no cérebro, estimulando diferentes zonas do mesmo.
8. Conectar-se
Em primeiro lugar consigo mesma, mas também com a sua família, amigos e o mundo em geral. Lembre-se que não está sozinha – embora literalmente possa ser este o cenário. Estamos todos a passar pelo mesmo. E a união faz, sem dúvida, a força, mesmo a três metros de distância uns dos outros.
Aproveite este momento para se aproximar dos seus entes queridos e, mais do que nunca, utilize a tecnologia a seu favor. É perfeitamente possível ver uma série ao mesmo tempo que o seu namorado, cada um em sua casa.
Da mesma forma e, como já aqui falamos, seja também pelos outros, mesmo os que não conhece. Em tempos de crise, é crucial e muito comovente a solidariedade que daqui pode advir.
9. Agradecer
Pensar em todas as coisas porque está grata no momento e celebrá-las é uma ótima forma de colocar em perspetiva todo o culminar de sensações, emoções e pensamentos que está a viver. Pode até mesmo criar um diário de gratidão, não estava já para fazê-lo há algum tempo?
Guardar alguns mantras ou frases que lhe façam sentido agora ou que a inspirem e dêem conforto pode ser outra das hipóteses para fomentar a atitude positiva que se quer no momento. Escreve-las num papel ainda melhor. O cérebro reconhece e assimila com mais facilidade. Mais ainda, transmita este bem-estar também aos que estão em seu redor.
Finalmente, se sentir que estas sugestões não a estão a ajudar na medida em que necessita, sentindo-se no limite ou mesmo com sintomas patológicos, não coloque nunca de lado a opção de recorrer a ajuda especializada. Nomeadamente à psicologia, onde profissionais da área estão em tudo dispostos e preparados para a receber e forjar em conjunto consigo um caminho em direção à plenitude, mesmo que seja por via online.