13 perguntas e respostas sobre higiene íntima feminina
A Saber Viver falou com Célia Maria Pedroso, ginecologista-obstetra no Hospital CUF Descobertas, sobre higiene íntima e desvenda-lhe neste artigo todos os cuidados a ter com a limpeza da sua zona genital.
Perguntas tão frequentes como “devo ou não utilizar gel íntimo?”, “como posso atenuar o aroma vaginal?” ou “posso recorrer a toalhitas húmidas para lavar a zona íntima?” constituem algumas das grandes dúvidas relacionadas com a genitália feminina que mais preocupam as mulheres.
Para que a sua higiene íntima lhe proporcione bem-estar e conforto ao longo do dia, fique a par dos cuidados a ter e siga os conselhos da ginecologista-obstetra Célia Maria Pedroso.
Perguntas e respostas sobre higiene íntima
1. Deve usar-se ou não produtos de higiene íntima?
A higiene íntima é muito importante e deve ser feita de forma adequada para não prejudicar a saúde íntima da mulher.
Assim, deve ser realizada com água tépida e um gel/produto que não perturbe a área genital, devendo evitar-se os sabonetes alcalinos. Tendo a vagina um pH diferente do resto do corpo, é necessário respeitá-lo.
2. Qual o pH adequado de um gel íntimo?
As farmácias e supermercados têm à disposição uma grande variedade de produtos de higiene íntima.
O gel/sabonete íntimo adequado deve ter um pH mais ácido (4,2-5,6) quando comparado com o gel de corpo. A manutenção do pH ácido nesta região é fundamental na prevenção e controlo de doenças.
3. Qual o sabão mais apropriado para a higiene íntima?
Os sabões comuns apresentam-se sob a forma de barra e caracterizam-se por um pH alcalino que pode destruir a camada superficial lipídica da pele, levando a uma secura excessiva e a irritação cutânea.
Idealmente, devem ser utilizados produtos de formulação líquida, pois os produtos sólidos, além de serem mais abrasivos, geralmente apresentam pH muito alto (alcalino). O vulgar sabão “azul e branco” deve ser evitado.
A maioria dos sabonetes líquidos íntimos são produtos cujo principal objetivo é obter o pH mais próximo do ideal da região genital, ou seja, um pH ácido, pelo que devem ser estes os escolhidos.
Os sabonetes líquidos específicos para higiene íntima feminina são recomendados apenas para uso externo e não são indicados para fazer lavagens vaginais. Estão aconselhados produtos hipoalergénicos e não perfumados.
4. Como se deve lavar a vulva?
A vulva, a região púbica e a região perianal devem ser higienizadas com água corrente e produtos de higiene, evitando movimentos que tragam o conteúdo da região perianal para a região vulvar e atingindo todas as dobras sem exceção.
Assim, devem ser feitos movimentos da frente para trás e nunca o inverso. Em seguida, deve secar-se cuidadosamente a área lavada com uma toalha.
5. É suposto lavar a vagina?
Não se recomenda a introdução de água e/ou outros produtos no interior da vagina, estando desaconselhadas as lavagens/duches vaginais. Estas lavagens vaginais vão alterar o próprio equilíbrio da flora vaginal e, por sua vez, levar ao desenvolvimento de infeções.
6. É recomendada a lavagem do órgão genital após o ato sexual?
Após o ato sexual, deve lavar-se a área genital externa com água e produto de higiene íntima e é importante urinar de modo a evitar infeções urinárias subsequentes. Não devem ser realizados duches vaginais.
7. É recomendada a utilização de toalhitas íntimas para a higiene íntima?
O uso de toalhitas pode ser útil em situações excecionais, nomeadamente fora de casa. O seu uso não deve ser abusivo, pelo risco de poderem remover a proteção de gordura da pele e causar irritação.
A sua aplicação deve ser muito suave e não agressiva. O uso de toalhitas perfumadas não está aconselhado pelo risco de irritação vulvar.
8. Como higienizar a zona íntima feminina durante a menstruação?
Nesta fase, a higiene deverá ser mais frequente, para aumentar a remoção mecânica dos resíduos e melhorar a ventilação genital, reduzindo a humidade prolongada.
A higiene reforçada evita odores desagradáveis, mas os duches ou lavagens vaginais não estão aconselhados. O uso de gel íntimo poderá ajudar no odor.
9. Quanto ao odor, como reconhecer se é atípico?
Todas as mulheres apresentam um odor vaginal característico que pode mudar em diferentes momentos do ciclo menstrual e nem sempre deve ser considerado um sinal de infeção ou doença.
No entanto, quando a mulher sente um cheiro diferente do seu habitual, associado ou não a comichão ou ardor vulvovaginal, deve contactar o seu ginecologista, na medida em que pode estar presente uma infeção vulvovaginal.
10. Cuidados de higiene com:
• Tampões
Os tampões podem ser utilizados com segurança, desde que mudados com frequência, idealmente ao fim de 4h, mas nunca mais de 8 horas pelo risco de infeção grave.
• Pensos
Os pensos também devem ser mudados com a mesma frequência.
• Copo menstrual
O copo menstrual pode permanecer dentro do corpo entre 8 a 12 horas, dependendo da quantidade de fluxo. Idealmente só tem de ser removido duas vezes por dia, de manhã e à noite.
11. Podemos usar pensos diários todos os dias?
O uso sistemático do penso higiénico diário não é recomendado.
Nas mulheres com excesso de transpiração ou incontinência urinária, é importante manter o ambiente genital seco recorrendo ao uso de pensos higiénicos respiráveis (sem película plástica) ou a roupa interior extra.
12. A depilação interfere de alguma forma com a higiene íntima?
Tendo os pelos púbicos como função proteger os órgãos sexuais, teoricamente irão ter um papel na prevenção de infeções urinárias e vulvovaginais. No entanto, não está cientificamente provado que a ausência de pelos púbicos aumente este tipo de infeções.
É importante verificar se existem problemas que se repetem na sequência da depilação. Se surgirem infeções urinárias e vaginais, prurido ou comichão, exigem-se cuidados acrescidos no que se refere à remoção total ou parcial desses pelos.
13. Qual a roupa interior mais apropriada para a higiene da zona íntima?
O uso de roupas que favoreçam a ventilação local é recomendável, pelo que se devem evitar roupas demasiado justas ou apertadas (leggings, calças justas, …) e roupas feitas de material sintético.
A qualidade da roupa interior é importante, e idealmente deve ser utilizada roupa interior de algodão. O algodão, para além de causar menos sintomas irritativos, também tem um poder de absorção superior aos outros tecidos utilizados na confeção de roupa interior.