O nome pode ser complicado de dizer ou decorar, mas o seu objetivo no mundo da infertilidade é importantíssimo para as mulheres. A histerossalpingografia tem a função de detetar se há algum problema ou patologia no útero ou nas trompas de Falópio que impeça uma mulher de engravidar.
Para percebermos em que consiste este exame, falámos com Daniela Pinto, médica radiologista, no Hospital Lusíadas Porto, que respondeu às principais questões sobre este assunto.
Leia a entrevista.
Histerossalpingografia: o essencial a saber
Como é realizada a histerossalpingografia?
A histerossalpingografia é um exame radiológico por fluoroscopia (técnica de raio-X) que permite a avaliação da cavidade uterina e a permeabilidade das trompas de Falópio. Para a realização deste exame introduz-se um espéculo no canal vaginal (como no exame ginecológico) e procede-se à desinfeção do colo uterino.
Posteriormente, é introduzido contraste iodado na cavidade uterina de modo a preencher e visualizar esta cavidade e o lúmen das trompas. Existem diferentes tipos de cânula que permitem a introdução do líquido de contraste. As cânulas atualmente utilizadas permitem a injeção de contraste apenas com desconforto ligeiro para a paciente.
Em que contexto é que este exame é necessário?
Este exame é habitualmente realizado durante o estudo de infertilidade com o objetivo de detetar obstruções das trompas uterinas, malformações do útero ou patologia que deforma a cavidade uterina (ex: pólipos e miomas).
Pode ser doloroso? Quanto tempo demora?
Durante a colocação do cateter e da injeção do contraste pode sentir-se um desconforto ligeiro e uma dor no útero semelhante às cólicas menstruais. O exame demora habitualmente cerca de 20 minutos.
Há algum cuidado específico que se deva ter?
O exame deve ser idealmente realizado entre o sétimo e décimo dias do ciclo menstrual (antes da ovulação). Em mulheres com ciclos menstruais muito irregulares realiza-se previamente um teste de gravidez.
Há algum risco associado?
Durante o exame há exposição a radiação ionizante, contudo a dose de radiação efectiva deste procedimento é muito baixa se realizada em aparelhos recentes e dentro das boas práticas.
Quais são os maiores mitos relacionados com este exame?
Existe o mito que este exame é muito doloroso porque a técnica inicial, e que já caiu em desuso, incluía a tração do colo uterino com recurso a uma pinça cirúrgica.
Há quem acredite que este exame pode “desobstruir” as trompas aquando da passagem do contraste e contribuir para um aumento da fertilidade, contudo não há base científica que suporte esta teoria.
Os resultados são imediatos?
Após a realização do procedimento é comunicado à paciente se o exame é normal ou se existem alterações. O relatório médico detalhado é habitualmente realizado à posteriori e fica disponível em poucos dias ou consoante a urgência do resultado.
Há condições que podem impedir uma mulher de o fazer?
As contraindicações do exame são:
- Gravidez;
- Infeção vaginal ou pélvica ativa;
- Cirurgia uterina recente;
- Menstruação ou sangramento vaginal de causa desconhecida;
- Alergia conhecida ao contraste iodado.
Neste momento, quais são as maiores causas que impedem as mulheres de engravidarem?
As causas de infertilidade podem ser apenas femininas, apenas masculinas, mistas/combinadas ou desconhecidas.
As que são exclusivamente femininas correspondem a 30% da totalidade dos casos de infertilidade. Além das patologias/anomalias uterinas e das lesões que provocam obstrução das trompas de Falópio, podem existir problemas ovulatórios, endometriose ou menopausa precoce.