Aprenda a identificar e calcular o período fértil

Sabe em que altura do mês existe maior probabilidade de as relações sexuais resultarem numa gravidez? Não é uma ciência exata, é certo, mas há várias formas de identificar o período fértil. Conheça-as.

Por Nov. 19. 2018

O corpo dá sinais, há um calendário que ajuda e testes à urina que dão conta de que a ovulação está prestes a acontecer. Identificar o período fértil quando se está a tentar engravidar é importante e não é assim tão difícil.

Pedimos a Neuza Mendes, ginecologista e obstetra no Hospital CUF Descobertas, para nos explicar tudo, para que não restem margem para dúvidas.

O que é, afinal, o período fértil?

O período fértil consiste no intervalo de tempo, em cada ciclo menstrual, em que existe uma maior probabilidade de ocorrer gravidez.

Os espermatozoides conseguem sobreviver até cinco dias no sistema reprodutor feminino (embora a média de tempo de sobrevivência seja de 48 a 72 horas após a ejaculação). E o ovócito pode ser fecundado até cerca de 12 horas após ter sido libertado (isto é, ter ocorrido a ovulação). Assim, o período fértil tem uma duração de seis dias: o dia da ovulação e os cinco dias anteriores.

Dado que para que tenham a capacidade de fecundar um ovócito, os espermatozóides têm de sofrer algumas modificações já no sistema reprodutivo feminino, as relações sexuais que mais frequentemente resultam em gravidez ocorrem um a dois dias antes da data da ovulação.

Como identificar o período fértil?

Existem algumas formas que podem ajudar a mulher a perceber se está no período fértil. Isto sobretudo se utilizadas em conjunto, e em mulheres com ciclos menstruais regulares, isto é, em que o número de dias entre menstruações varie pouco. São eles:

Sinais e sintomas associados ao período fértil;
• Método do calendário;
• Testes urinários de deteção do pico de LH.

No entanto, há que ter em conta que nenhum destes métodos consegue determinar com precisão o momento em que ocorreu a ovulação. E mesmo em mulheres com ciclos menstruais regulares, nenhum destes métodos é completamente seguro quando utilizado para evitar uma gravidez.

Reconhecer os sinais e sintomas

Das alterações fisiológicas que ocorrem no corpo da mulher durante o período fértil, decorrem alguns aspetos que podem ser identificados pela mesma:

1. O corrimento vaginal torna-se mais translúcido e elástico, filoso e escorregadio, semelhante à “clara de ovo”;

2. Algumas mulheres têm uma dor pélvica, geralmente ligeira, mas por vezes mais intensa, que se deve à irritação peritoneal que a libertação do ovócito pode provocar;

3. Devido às alterações hormonais associadas à ovulação, existem também algumas mulheres que têm uma pequena perda de sangue vaginal nesta altura.

Usar o método do calendário

Este método baseia-se na previsão da data da próxima menstruação, tendo em conta as datas das menstruações anteriores (pelo menos as últimas três, mas idealmente mais, para o cálculo do número médio de dias do ciclo menstrual ser mais fidedigno).

O período de tempo que decorre desde a ovulação de um ciclo até ao início do ciclo menstrual seguinte (o primeiro dia de um ciclo corresponde ao dia em que se menstrua) denomina-se por fase lútea ou segunda fase do ciclo menstrual. Do que se trata? É a fase do ciclo que menos varia nas mulheres e tem, por isso, sempre uma duração aproximada de 14 dias.

Assim, sabendo qual o número de dias de um ciclo menstrual, a mulher sabe que ovulou 14 dias antes do início do próximo ciclo. Por exemplo, num ciclo de 28 dias, terá ovulado ao 14.º dia desse ciclo; num ciclo de 30 dias ovulou ao 16.º dia.

Ao saber qual o número médio de dias do seu ciclo menstrual, a mulher pode prever quando irá ovular: se espera que o próximo ciclo seja, por exemplo, de 26 dias, deve ovular ao 12.º dia desse ciclo (isto é, no 12.º dia após o início da próxima menstruação).

© Carolina Carvalhal

Há que notar que o período fértil, que se inicia portanto cinco dias antes daquele em que se dá a ovulação, é a altura em que a ocorrência de gravidez é mais provável. Mas esta também pode acontecer fora desta janela temporal. Daí que, quando utilizado como método contracetivo, o método do calendário tem muitas falhas e não é, portanto, um método seguro.

Fazer testes urinários de deteção do pico de LH

Cerca de 36 a 38 horas antes da libertação do ovócito, há um aumento muito significativo da concentração de uma hormona denominada por LH (hormona luteinizante) – pico de LH.  Este é, aliás, um fenómeno determinante para o desencadear da ovulação.

Esta hormona, que circula no sangue, é excretada na urina, onde é possível encontrá-la 24h antes da ocorrência de ovulação. Ora, estes testes urinários de deteção do pico de LH baseiam-se nisto mesmo. Estão disponíveis vários kits no mercado, de diferentes marcas, pelo que se deve proceder à sua utilização de acordo com as instruções respetivas.

Há a notar, no entanto, que por vezes estes testes dão sempre positivo ou sempre negativo, o que pode estar relacionado com a sensibilidade dos mesmos, mas também com a existência de ciclos anovulatórios (ciclos em que não ocorreu ovulação). E ainda de outras situações, eventualmente patológicas, em que a concentração de LH está sempre abaixo ou sempre acima do limiar de deteção do teste.

Quando procurar um especialista em fertilidade?

O cálculo do período fértil quando utilizado para conseguir uma gravidez pode, obviamente, ser importante. Mas se o casal não a conseguir após um ano de tentativas se a mulher tiver menos de 35 anos, ou seis meses no caso de a mulher tiver mais de 35 anos, deverá procurar um médico especialista em fertilidade.

Fonte: Neuza Mendes, ginecologista e obstetra no Hospital CUF Descobertas. Edição de Carolina de Almeida.

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