Este é um problema silencioso que ainda causa constrangimentos a quem o tem. De 5 a 11 de março assinala-se a Semana da Incontinência Urinária, uma situação patológica que é mais vulgar do que aparenta.
Segundo a Associação Portuguesa de Urologia (APU), cerca de 33% das mulheres e 16% dos homens com mais de 40 anos apresentam sintomas de incontinência urinária. É importante ter isto em conta: apenas 10% dos 600 mil portugueses que sofrem deste problema procuram a ajuda de um médico.
Afinal, o que é incontinência urinária? É a perda involuntária da urina pela uretra, que pode estar associada à menopausa, a fazer esforços, factores genéticos ou parto vaginal. É nesta última causa que nos concentramos.
O peso da barrida de grávida e o esforço durante o parto fazem com que os músculos pélvicos enfraqueçam. Gestos tão simples como tosse ou um espirro podem provocar perda de urina pelas mulheres que foram mães recentemente.
Falámos com o Dr. Paulo Temido, presidente da Associação Portuguesa de Neurourologia e Uroginecologia (APNUG) e médico urologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que nos ajudou a perceber melhor este problema.
Os fatores
De acordo com a APNUG, a gravidez, o parto e pós-parto são alguns dos factores que podem estar na origem da incontinência urinária nas mulheres. Porque é que isto acontece?
A gravidez e o parto são dos factores mais comuns que estão na origem da incontinência urinária de esforço da mulher jovem. Esta resulta da disfunção do pavimento pélvico associada a factores hormonais, aumento da pressão abdominal ou lesões nervosas ou dos músculos pélvicos. Quer a gravidez, quer o trauma do parto, ou a episiotomia, podem ser responsáveis pelo enfraquecimento dos músculos de suporte do pavimento pélvico ou lesão dos mecanismos esfincterianos da bexiga, resultando assim a incontinência de esforço.
Outro tipo de incontinência, a incontinência por urgência, pode também ocorrer durante a gravidez. Em particular na sua fase final por compressão do útero e aumento do volume urinado.
A prevenção
Como podemos prevenir a incontinência urinária no pós-parto e durante a gravidez?
Resultando esta incontinência fundamentalmente de disfunção do pavimento pélvico, todas as atitudes que permitem manter ou reforçar os músculos pélvicos são vantajosas, nomeadamente a prática controlada de exercícios de fortalecimento do pavimento pélvico e o controlo do aumento de peso.
Depois de um parto pélvico, é comum as mulheres sofrerem desta condição. Durante quanto tempo é considerado normal?
Dependendo do grau de trauma que o parto tenha provocado, a recuperação da incontinência pode ser mais rápida e mais completa ou vice-versa. Nos casos mais ligeiros, é de esperar a recuperação num prazo de um a três meses.
Os tratamentos
Que tipos de tratamentos estão disponíveis?
A incontinência urinária que frequentemente decorre destes factores é a incontinência urinária de esforço. Sendo uma situação muitas vezes transitória e com capacidade de melhoria espontânea, os tratamentos mais conservadores, como é o caso da fisioterapia, têm aqui o seu maior papel. Conseguem uma recuperação mais rápida e mais completa.
Caso não resolva com esta abordagem e se torne um problema para a mulher, a solução passa por uma cirurgia. Actualmente, estas cirurgias são minimamente invasivas, feitas em ambulatório, podendo nalguns casos usar apenas anestesia local. Têm uma taxa de sucesso de cerca de 90% e baixa taxa de complicações. Além disso, permitem uma recuperação rápida da vida activa.
Práticas para prevenir a incontinência urinária no pós-parto:
• Evitar o excesso de peso
• Praticar exercício físico regularmente
• Manter hábitos alimentares saudáveis, evitando substâncias que estimulem a bexiga ( picantes, tabaco, álcool ou café)
• Ingerir cerca de 1,5 litros de água por dia
• Planear as micções (micções induzidas)
• Tratar a obstipação crónica
• Controlar a asma ou tosse crónica
• Aprender exercícios de fortalecimento do pavimento pélvico
Conhece alguém que esteja a sofrer de incontinência urinária no pós-parto? Explore outros temas de saúde como a doença de Crohn.