Miomas uterinos: o que são, quando aparecem e como se manifestam?

Miomas uterinos: o que são, quando aparecem e como se manifestam?

Os miomas uterinos desenvolvem-se na idade reprodutiva, mas é entre os 40 e 50 anos que têm uma maior incidência. Para ficar a saber mais sobre tumores benignos mais frequentes nas mulheres, leia o testemunho da especialista em ginecologia e obstetrícia, Ana Rosa Costa.

Por Out. 18. 2016

Há temas que nós, mulheres, preferíamos nunca ouvir falar. Acontece que eles existem, são frequentes e nada melhor do que sabermos tudo sobre eles, de modo a estarmos precavidas e sabermos como reagir em caso de alarme. Para ficarmos a saber mais sobre miomas uterinos, falámos com Ana Rosa Costa. A especialista em ginecologia e obstetrícia do Hospital S. João no Porto, Vice-Presidente da Direção da Sociedade Portuguesa de Contraceção e Doutorada em Medicina, especialidade de ginecologia e obstetrícia pela Faculdade de Medicina de Coimbra, escreveu-nos um artigo de opinião onde explica tudo aquilo que precisa de saber sobre o tema.

O que são miomas uterinos?

Os miomas uterinos são os tumores benignos mais frequentes na mulher. Sendo tipicamente tumores que se desenvolvem na idade reprodutiva, existe uma maior incidência entre os 40 e 50 anos.

Porquê?

A idade média da menopausa (última menstruação) é aos 51 anos e significa a perda da capacidade reprodutiva da mulher. A perimenopausa é o período de tempo que engloba uma fase variável de 4-8 anos na pré-menopausa até um ano após a menopausa. Esta altura é marcada pelo declínio progressivo da função ovárica até à sua falência total.

Este período de transição está, com frequência, associado a um conjunto de sinais e/ou sintomas. Inicialmente, causados por diminuição da progesterona por ciclos anovulatórios e posteriormente pelo declínio nos níveis de estrogénio. Isto leva a irregularidades menstruais, afrontamentos, suores noturnos, alterações do humor e do sono, entre outros.

Como é que os miomas uterinos se manifestam?

Os miomas uterinos podem ser assintomáticos mas cerca de 40% das mulheres com miomas são sintomáticas manifestando-se por: hemorragia uterina, dor pélvica/abdominal, dor durante as relações sexuais e sintomas de pressão.

Uma das manifestações mais frequentes são as menstruações abundantes e prolongadas com consequente risco de défice de ferro e anemia. Os sintomas dependem da localização, número e tamanho dos mesmos. Estes podem ter um grande impacto na qualidade de vida da mulher, seja na sua vida pessoal, social e profissional. Algumas mulheres revelam uma fraqueza extrema que as impede de conseguir fazer as tarefas do dia-a-dia.

Que consequências têm?

Os miomas uterinos são a quinta causa mais frequente de internamento hospitalar por causa ginecológica não relacionada com a gravidez, em mulheres até aos 44 anos. Após a menopausa os miomas tendem a regredir podendo tornar-se assintomáticos. Contudo, na fase da perimenopausa pela sua prevalência elevada e pelas alterações hormonais com alterações do padrão hemorrágico menstrual e tendência a irregularidades menstruais e hemorragias uterinas abundantes, as mulheres com miomas e com reservas de ferro baixas, vêm a sua sintomatologia agravada com tendência a anemia aguda que pode levar à necessidade de transfusão de sangue sendo uma das causas mais frequentes de episódios de urgência neste grupo etário de mulheres.

Como tratar?

A evolução no tratamento dos miomas uterinos passou da cirurgia (histerectomia- remoção do útero, ou miomectomia- extração dos miomas), para atitudes mais conservadoras e que permitem às mulheres evitar uma cirurgia e os riscos.

Com os novos algoritmos de tratamento médico foi possível mudar-se de paradigma e proporcionar a estas mulheres uma grande melhoria dos sintomas, evitar transfusões de sangue e corrigir os níveis de anemia, conseguir redução ou desaparecimento do(s)  mioma(s) uterinos. Além disto, quer-se proporcionar uma entrada mais fácil na sua menopausa.

O tratamento médico destes tumores ginecológicos na perimenopausa permite, além do tratamento dos sintomas, o adiar da cirurgia para uma altura em que a mulher tenha estabilidade hemodinâmica (níveis de hemoglobina compatíveis com cirurgia), diminuindo os riscos ou até evitar a cirurgia. Na perimenopausa um grande número de mulheres que inicia tratamento médico para os miomas uterinos deixa de menstruar (amenorreia). Pode assim optar pelo tratamento cíclico (ciclos de 3 meses) até que esta cessação de menstruações seja definitiva (menopausa).

Tem ou teve um mioma uterino? Saiba também que passos deve dar para uma vida mais saudável.

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