A palavra menopausa não causa estranheza a ninguém, mas a perimenopausa já pode franzir alguns sobrolhos. É de conhecimento geral que sintomas como oscilações da temperatura corporal, menstruação irregular, suores noturnos, alterações de humor, dificuldade em dormir, diminuição desejo sexual ou aumento de peso estão associados à menopausa, mas, em relação à perimenopausa, pouco se sabe.
Como nos explica, Leonor de Assis Ramos, Coordenadora de Ginecologia-Obstetrícia no Hospital CUF Tejo, “quando falamos de perimenopausa, referimo-nos ao período que se inicia com as primeiras alterações da regularidade do ciclo menstrual e termina um ano após a última menstruação (menopausa).”
Tal como a menopausa, as oscilações hormonais são a causa da perimenopausa, nomeadamente a diminuição de estrogénio – a hormona crucial para o desenvolvimento sexual e reprodutivo feminino. Uma vez que esta diminuição pode ser bastante acentuada, os sintomas serão agravados para a mulher.
“A duração de perimenopausa é muito variável. Algumas mulheres podem passar por vários anos de irregularidades menstruais até a menstruação desaparecer completamente, enquanto noutras, a menstruação pode simplesmente desaparecer sem qualquer irregularidade menstrual prévia”, refere a especialista.
Em todo o caso, há alguns sintomas a que deve estar atenta.
Os sintomas da perimenopausa
Embora os sintomas desta condição sejam idênticos ao da menopausa, Leonor de Assis Ramos ressalva: “Parece-me importante referir que muitas mulheres passam pela perimenopausa/menopausa sem qualquer sintoma, e outras têm apenas sintomas ligeiros que não interferem no seu estilo de vida”.
Ainda assim, estes são os sintomas associados:
- Irregularidades menstruais, como afrontamentos e suores noturnos;
- Alterações de humor e da memória;
- Dificuldades de concentração;
- Insónias;
- Diminuição da libido;
- Secura e ardor vaginal;
- Dor no ato sexual;
- Queixas urinárias;
- Diminuição da elasticidade da pele;
- Queixas osteoarticulares.
É importante referir também que, apesar destes sinais serem comuns em ambas as fases, a verdade é que podem ter um impacto significativo na qualidade de vida da mulher. “Sim, qualquer um destes sintomas pode, de uma forma ou de outra, interferir com o estilo de vida da mulher. Porém, existem múltiplas terapêuticas que, aplicadas de forma personalizada sob aconselhamento médico, vão minimizar o seu impacto na qualidade de vida”, ressalva a especialista.
Mas, afinal, sendo os sintomas tão parecidos, como é que se pode fazer a distinção entre as duas condições? “A menopausa ocorre quando o período menstrual da mulher cessa, o que acontece porque o ovário deixa de produzir as hormonas estrogénio e progesterona. Consideramos que a mulher está em menopausa um ano após a última menstruação. A menopausa surge em média aos 51 anos, podendo, no entanto, ocorrer entre os 45 e os 55 anos. A perimenopausa, caracterizada pelas irregularidades menstruais e outros sintomas referidos, antecede a menopausa e termina um ano após a última menstruação.”
Cuidados e tratamentos
Tal como a menopausa, também a perimenopausa prossupõe alguns cuidados a ter no dia a dia, como uma alimentação equilibrada, exercício físico, cessação tabágica e redução do consumo de álcool.
“Os sintomas da perimenopausa/menopausa não são uma fatalidade! Para além das recomendações de alteração do estilo de vida já referidas, existe uma panóplia de tratamentos disponíveis (estrogénicos ou estroprogestativos combinados ou sequenciais, administrados por via transdérmica, oral ou outras) que visam minimizar os sintomas e efeitos físico/psicológicos da deficiência de estrogénios”, alerta a médica.
De qualquer forma, qualquer tratamento deve ser individualizado, não só de acordo com os sintomas, como com a necessidade de prevenção da doente, integrando a sua história pessoal e familiar.
A consulta médica é, obviamente, essencial nesta fase. “A mulher deve conversar com o seu ginecologista acerca dos sintomas que tem e aconselhar-se com este em relação às mudanças que pode fazer no âmbito do estilo de vida e às soluções terapêuticas disponíveis que podem ajudar a atenuar ou eliminar as queixas. A opção terapêutica a seguir, deve ser uma decisão partilhada entre ginecologista e doente, com base nos riscos e benefícios individuais de cada mulher”, aconselha Leonor de Assis Ramos.