Pode o pessimismo contribuir para a ansiedade? Estudo diz que sim
Situações difíceis e delicadas podem gerar picos de pessimismo, mas também de preocupação. No entanto, sabia que ambos estão relacionados? É verdade, pessoas pessimistas sofrem mais com episódios de ansiedade, diz um estudo. Descubra porquê.
Todas já passámos por momentos negativos, onde a palavra do dia foi “pessimismo”. Seja por uma discussão com a cara metade, problemas no trabalho ou situações inesperadas, é muito difícil, e talvez até impossível, não passar por fases menos boas.
Contudo, o problema começa quando somos pessimistas a todas as horas, todos os dias. Parece que nada corre como planeado e que não temos sorte na vida, o que não só aumenta os níveis de ansiedade, como nos deixa a sentir ainda pior.
Apesar de ser um tipo de pensamento bastante negativo, é muito comum hoje em dia, principalmente em gerações mais jovens.
Problemas financeiros, dificuldade em encontrar emprego e certas consequências da longa pandemia de covid-19, como isolamento, ansiedade e depressão, são algumas das razões que levam a estas emoções.
Consequentemente, o stress, a falta de sono e um regime alimentar desequilibrado contribuem para o aumento não só da ansiedade, como de uma mentalidade pessimista. Tal e qual uma bola de neve.
Deste modo, e de acordo com um estudo publicado, em 2023, na revista norte-americana Science Advances, certos traços de personalidade (como o pessimismo) podem, então, contribuir para o aumento da ansiedade.
Curiosa? Descubra mais sobre esta investigação.
A relação entre o pessimismo e a ansiedade
Para comparar a relação pessimismo ou otimismo vs ansiedade, os investigadores norte-americanos analisaram o mindset de mais de 600 estudantes universitários durante a época de exames.
Depois de solicitar que previssem as notas que iam conseguir nos testes, os cientistas notaram que existia um claro contraste entre os alunos: enquanto uns tinham tendência para o otimismo, outros demonstraram exatamente o contrário.
“Os indivíduos com elevada emotividade negativa, um traço de personalidade ligado ao desenvolvimento de perturbações de ansiedade, apresentavam um pessimismo global e diferenças de aprendizagem que impediam expetativas precisas”, lê-se no estudo.
Ou seja, mesmo quando os estudantes pessimistas tinham melhores notas do que esperavam, não conseguiam acreditar que o mesmo ia acontecer no futuro. Já os otimistas demonstraram um aumento de expetativas em relação às suas notas com base no desempenho.
Três anos mais tarde, os alunos foram analisados de novo, o que levou os investigadores a descobrir que os que tinham mais tendência para o pessimismo mostravam mais sinais de ansiedade.
Apesar deste tipo de pensamento ser um mecanismo para evitar a desilusão, é também um sintoma de ansiedade, como afirmam os autores do estudo.
“A nossa hipótese é que uma aversão condicionada a acontecimentos negativos e imprevisíveis leva uma pessoa a desenvolver um modelo pessimista e impreciso do mundo, o que pode aumentar o risco de ansiedade”, concluem.
Como contornar
Sofrer com ansiedade pode parecer debilitante. Parece que o mundo vai acabar, que não há solução para os problemas e que tudo vai continuar a correr mal.
A boa notícia? Podemos-lhe dizer que isso não é verdade e que não está sozinha. Pode, aos poucos, adotar uma perspetiva otimista e realista, aprendendo a praticar a aceitação.
É importante não esquecer que eventualmente vai ter momentos menos agradáveis, mas que é possível recuperar dos mesmos.
É nessas alturas mais complicadas que deve apoiar-se em técnicas e práticas que a ajudem a controlar o stress e a ansiedade, como a meditação, o ioga ou o mindfulness, por exemplo.
Lembre-se, pode demorar algum tempo a deixar as tendências negativas para trás mas, à medida que o faz, vai acabar por se sentir melhor e menos ansiosa.