Devemos continuar a comer carne vermelha? Novo estudo gera polémica
A comunidade científica está envolta numa controvérsia sobre a forma como consumimos carne vermelha. Vamos dar um passo atrás?
Muito se tem dito sobre carne vermelha nos últimos anos. O incentivo à redução do seu consumo tem aumentado, principalmente por duas razões: primeiro por uma questão de saúde; e segundo, para controlar as emissões de gases de efeito estufa, provenientes da criação de animais.
Foram dezenas os estudos que mostraram que a carne vermelha e processada é má para o nosso organismo, estando mesmo relacionada com problemas cancerígenos. A World Health Organization respondeu a uma série de tópicos sobre o assunto e afirma que há algumas provas que relacionam o seu consumo especificamente com cancro da próstata e do pâncreas.
A Direção Geral de Saúde aconselha a reduzir o consumo de carne vermelha (como vaca, porco e cabrito) para 500 gramas por semana. Porém, sublinha que “continua a ser considerada um alimento importante para ser incluído moderadamente na dieta humana e numa alimentação diversificada pelo seu elevado valor proteico, vitamínico e mineral”.
Por outro lado, parece que isto foi contestado por uma nova investigação.
Devemos mesmo de deixar de comer carne vermelha?
Um novo estudo conduzido pelo professor Bradley Johnston na Universidade de Dalhousie, no Canadá, concluiu que quem gosta de carne não deve deixar de ingeri-la. “De acordo com a investigação, não podemos dizer com certeza que comer carne vermelha ou processada causa cancro, diabetes ou doenças cardiovasculares”, partilhou.
Para aumentar a controvérsia houve, de facto, outras equipas de cientistas que concordaram com a afirmação e que admitiram que muitos estudos nesta área são demasiado gerais e não conclusivos.
Ainda assim, é claro que não demorou muito até outros cientistas refutarem estas informações. Foi o caso Walter Willet, autor da comissão EAT-Lancet e defensor de uma dieta à base de vegetais, que mostrou indignação com esta publicação.
“Este estudo apresenta várias falhas e é o maior e mais flagrante abuso de provas que eu já vi”, referiu. “A magnitude da redução de risco, substituindo a carne vermelha por fontes saudáveis de proteína, é semelhante à de muitos medicamentos que usamos para tratar o colesterol alto e a pressão sanguínea, e gastamos enormes quantias de dinheiro com isso”.
Além disto, Walter Willet referiu que a maioria dos participantes eram jovens e, por isso, dificilmente desenvolviam alguma doença num curto período de tempo.
O estudo é polémico, não há dúvidas, mas seguindo as organizações relacionadas com saúde e alimentação, a conclusão é a mesma. A redução de carne vermelha e processada deve ser respeitada.