Saúde

Estes são os problemas ginecológicos mais comuns no verão

É verdade, o calor, suor e humidade podem provocar problemas vaginais. Ana Constâncio Martins, ginecologista-obstetra no Centro da Mulher do Hospital CUF Tejo e nas clínicas CUF Belém e CUF Miraflores explica tudo sobre este tema. Ora veja.

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Estes são os problemas ginecológicos mais comuns no verão Estes são os problemas ginecológicos mais comuns no verão
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Ago. 02, 2023

Com a chegada do Verão e o aumento da temperatura ambiente, surgem muitas vezes algumas alterações no estilo de vida, nomeadamente a frequência de ida a praias e piscinas, que podem aumentar o risco de desenvolvimento de algumas patologias nas mulheres.

É importante saber quais são, os seus sintomas e quais os cuidados a ter para as evitar. Na maioria dos casos, com a abordagem e tratamento corretos, têm rápida resolução.

Problemas ginecológicos mais comuns na estação quente

Candidíase vulvovaginal 

A candidíase vulvovaginal é uma das causas mais frequentes de prurido (comichão) e corrimento vaginal. É causada por um fungo da espécie Candida, que existe na flora gastrointestinal e genito-urinária.

No Verão, o calor, a transpiração e o aumento da humidade associada ao uso de fato-de banho ou biquíni, favorecem a proliferação destes micoorganismos e criam um desequilíbrio no seu nicho ecológico, levando ao aparecimento de inflamação e sintomas de “irritação”  vulvo-vaginal.

Outros sintomas frequentes da infeção por Candida são ardor ao urinar (na região externa) e dor durante as relações sexuais.

No Verão, o aumento da produção de suor faz com que o organismo produza menos urina, que fica mais concentrada, e que haja uma menor frequência de micções
Ana Constâncio Martins, ginecologista-obstetra Ana Constâncio Martins, ginecologista-obstetra

Vaginose bacteriana

A vaginose bacteriana é uma doença caracterizada pela diminuição dos lactobacilos da flora vaginal, com aumento do pH vaginal e proliferação de outras bactérias patogénicas.

Estas alterações da flora vaginal também são muitas vezes potenciadas pelo calor e humidade, sendo os banhos frequentes em piscinas um fator de risco.

Os sintomas de vaginose bacteriana são muitas vezes semelhantes aos da candidíase (prurido e irritação vulvo-vaginal), mas o corrimento é caracteristicamente branco-acinzentado e apresenta um mau odor, que piora após as relações sexuais.

Infeção urinária 

No Verão, o aumento da produção de suor faz com que o organismo produza menos urina, que fica mais concentrada, e que haja uma menor frequência de micções.

Estes fatores, aliados ao aumento da humidade e maior proliferação de bactérias, fazem com que haja uma maior  frequência de infeções do trato urinário.

Habitualmente, as infeções urinárias são causadas por bactérias com origem gastrointestinal, sendo a Escherichia coli a mais frequente.

Os sintomas habituais de infeção urinária são ardor ao urinar, constante vontade de urinar e aumento da frequência das micções, dor supra-púbica e por vezes a presença de sangue na urina.

A febre ou dor lombar são sintomas de infeção urinária complicada.

O que fazer para prevenir estas situações? 

Alguns cuidados muito simples podem diminuir o risco de infeções vulvovaginais e urinárias, como por exemplo:

Reforçar a ingestão de água – cerca de dois litros por dia – favorece o aumento da quantidade de urina e a eliminação de bactérias;

Evitar permanecer durante longos períodos com roupa de banho molhada (fato-de-banho ou biquíni);

Optar pela utilização de roupas frescas, largas e preferir roupa interior de algodão;

Manter uma boa higiene íntima, utilizando produtos próprios para o efeito, para a manutenção de um pH adequado;

Evitar duches vaginais;

Nas idas à casa-de-banho, passar o papel higiénico sempre da frente para trás;

Na presença de sintomas, como comichão, irritação vulvo-vaginal, corrimento com mau cheiro ou ardor ao urinar, procure o ginecologista.

Quando procurar ajuda médica? 

Na presença destes sintomas, sobretudo quando são muito intensos ou persistentes após uma tentativa de tratamento ou quando se trata de situações recorrentes (três ou mais episódios por ano), é importante procurar o ginecologista, para o diagnóstico correto, se necessário com recurso a análises, e para escolha do tratamento adequado.

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