Um estudo realizado pela University College London (UCL) e pela ICREA − Universidade de Barcelona, revela que a realidade virtual pode ajudar no tratamento da depressão, doença que afeta 400 mil portugueses por ano e mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo.
A intervenção psicoterapêutica com realidade virtual poderá vir a ser uma técnica complementar no tratamento da depressão. A hipótese já foi testada por um grupo de investigadores da University College London (UCL) e da ICREA − Universidade de Barcelona.
No estudo, publicado no British Journal of Psychiatry Open, participaram voluntários diagnosticados com vários tipos de depressão, com idades entre os 23 e os 61 anos.
Os participantes foram acompanhados ao longo de um mês, período durante o qual foram sujeitos a três sessões semanais de intervenção psicoterapêutica com realidade virtual.
Os resultados da experiência
Para poderem analisar os efeitos desta terapia, os investigadores criaram um cenário que durava oito minutos e onde dois sintomas de depressão eram tratados: a autocrítica extrema e a falta de bondade pelo próprio. Primeiro, os participantes colocavam o dispositivo de realidade virtual e assumiam o corpo de um avatar adulto.
O objetivo era que demonstrassem compaixão por um bebé a chorar, que se ia acalmando gradualmente graças às suas palavras, expressões faciais e gestos. Depois, adotavam a perspetiva da criança, que permitia que se observassem a ser compassivos com outro ser humano.
“Vimos resultados promissores”, declarou ao site da UCL Chris Brewin, professor de Psicologia Clínica e da Saúde, que liderou o estudo.
Essa conclusão advém do facto de quatro dos participantes terem registado uma redução significativa da gravidade da depressão e de nove deles terem manifestado melhorias sintomáticas.
De olhos no futuro
Ainda assim, Mel Slater, professor de Ciência de Computadores na ICREA – Universidade de Barcelona e coautor da investigação, admitiu ao portal da UCL que é necessário fazer um ensaio clínico controlado e com mais participantes “para determinar se existe algum benefício”.
No caso afirmativo, e uma vez que se está a democratizar o acesso aos dispositivos de realidade virtual, esta intervenção terapêutica “pode vir a ser usada em casa e de forma generalizada”, conclui Slater.