Os métodos de curas naturais tendem a suscitar alguma curiosidade (e desconfiança), mas há muito a aprender com eles. O Reiki, por exemplo, tem uma perspetiva holística, que é trabalhada com energia e pretende funcionar como uma terapia complementar. Isto significa que não substitui qualquer outro tipo de medicina, seja tradicional ou alternativa. Os dois tipos devem, portanto, trabalhar em conjunto.
Ainda que esteja ligada ao bem-estar do espírito e da mente, será que este método também tem resultados a nível físico? Sim, tem, ainda que dependa do estado da pessoa, claro.
Esta terapia pode ser um pouco mais complexa do que parece, e isso vê-se na formação de um técnico ou de um mestre Reiki. Existem quatro níveis a cumprir e cada um deles tem, pelo menos, seis meses de prática continuada. Para ser terapeuta a prática deve durar mais de um ano. Já para ser mestre serão necessários entre dois a dois anos e meio.
A história do Reiki tem origem oriental e foi construída apenas por uma pessoa. Mikar Usui nasceu em 1865 na aldeia de Taniai, no Japão, e trabalhou durante vários anos como funcionário do Estado japonês. Um dia, Mikar subiu o monte Kurama para aperfeiçoar a sua disciplina e, 21 dias depois, começou a sentir energia universal (apelidada de Reiki). Decidiu aprofundá-la e criou, a partir daqui, uma nova técnica que ajuda com questões emocionais, mentais e energéticas. Em 1922 abriu o primeiro centro dedicado apenas a esta prática.
Pode ser complicado desmistificar tudo aquilo que o Reiki envolve. A Saber Viver falou com João Magalhães, presidente e fundador da Associação Portuguesa de Reiki, para explicar tudo sobre este método.
Curiosa? Leia a entrevista.
O que é o Reiki?
Reiki tem um duplo sentido. Por um lado, é o nome que se dá à Energia Universal, ou Energia Vital do Universo. Por outro lado, é o nome abreviado que se dá a um método para trabalhar com essa mesma energia: o Usui Reiki Ryoho. Esta é uma arte terapêutica e uma filosofia de vida assente em cinco princípios. É um método com 21 técnicas de aplicação terapêutica e desenvolvimento pessoal que, como indicava o Mestre Usui, é para a melhoria do corpo e da mente.
Felizmente, hoje em dia, o Reiki é visto como mais do que uma terapia. O valor da filosofia de vida, dos seus cinco princípios, tem ajudado a compreender muitas das nossas questões de vida e a ajudar no interelacionamento, que, apesar de existirem mais veículos de comunicação, está a tornar-se cada vez mais difícil.
Tal está também presente nos preceitos indicados por Mikao Usui – A Arte Secreta de Convidar a Felicidade. Ou seja, o desenvolvimento da técnica de trabalho interior, que nos permite trilhar um caminho para a felicidade. Também pela missão que nos deixou, compreendemos muito bem o enquadramento do método – “Guiar para uma vida pacífica e feliz…”, ou seja, toda a nossa prática precisa de ser avaliada segundo este conceito e este deve estar presente no nosso quotidiano.
Como funciona? A técnica é feita apenas com as mãos ou envolve algum produto?
A aplicação de Reiki é feita única e exclusivamente pelas mãos, sem o uso de qualquer outro instrumento de suporte. Como a energia flui por todo o corpo, o Mestre Usui, no seu manual (Usui Reiki Hikkei), indicava que a energia podia também fluir pelos olhos e pelo sopro, além das mãos. Claro que hoje em dia se envolvem outras terapias com Reiki, como há casos da aplicação de acupuntura e Reiki, simultaneamente, em animais. Outros praticantes gostam de conjugar a Energia Universal com cristais, entre outros exemplos. No entanto, o método terapêutico não necessita de acessórios ou instrumentos para ser realizado.
Quais os principais benefícios do Reiki?
Os efeitos da prática são diferentes de pessoa para pessoa. Uns sentem uma grande serenidade, alívio da dor. Outros uma grande força interior que ajuda a ultrapassar a debilidade emocional de uma doença ou de um momento de vida.
Quais são os tipos de problemas que o Reiki resolve?
Como o Mestre Usui indicava, o Reiki pode ser aplicado em qualquer questão da pessoa. Mesmo que alguém esteja em fase terminal, ele indicava que devemos sempre continuar até ao fim, porque tal ajuda a pessoa a ter uma paz e bem-estar interior.
A aplicação de energia não realiza nenhum milagre, nem o praticante é um curador. A pessoa, o recetor, sim, é que fará com que o poder autocurativo do seu corpo corresponda e caminhe para um equilíbrio e harmonia, se a sua condição o permitir. Ou seja, os efeitos dependem sempre da pessoa que recebe. É por isso que duas pessoas com o mesmo problema poderão ter resultados diferentes. Para uma há uma “cura” quase instantânea, enquanto que, para outra, parece que nada se passa. Tudo tem a ver com as condições da pessoa.
Quais são as principais razões que levam as pessoas a procurar o Reiki?
Antigamente, muitas procuravam para curar os outros. Hoje em dia, felizmente, já se compreende que o Usui Reiki Ryoho é, em primeiro lugar, para nós próprios e depois para os outros. Assim como muitos procuram para alcançar mais calma e confiança na vida.
O Reiki pode curar doenças físicas? Ou incide apenas sobre o foro psicológico e no bem-estar emocional?
Sim pode, dependendo das condições da pessoa. Notamos que em casos como feridas, hematomas, recuperação de intervenções, quimioterapia, entre outros, existe uma recuperação mais rápida e com menos efeitos secundários.
Que casos de sucesso é que já acompanhou?
Desde questões de stresse, ansiedade, depressão, a questões relacionadas com oncologia.
Isto significa que não é exclusiva e vai integrar-se bem com tudo o que a pessoa faz. Portanto, não podemos atribuir responsabilidades únicas ao Reiki. Por isto mesmo é que devemos sempre considerar levar uma vida mais saudável e também o saber proporcionar aos outros.
Há alguma periodicidade para fazer esta técnica?
Depende de condição para condição. Existem casos em que é feita uma sessão diária, ao longo de determinado tempo, a uma sessão por semana, quinze em quinze dias, ou mais esporádico. Ou seja, tudo tem a ver com a forma com a pessoa reage à energia e a intenção pela qual se está a receber, dependendo da condição que tem.
Quanto tempo demora uma sessão?
Temos dois aspetos diferentes – o voluntariado e a consulta. Numa circunstância de voluntariado, o processo pode ser de cerca de 30 minutos, pois estamos limitados ao tempo de tratamento por utente. Quanto à consulta, pode ser realizada em uma hora ou uma hora e meia, pois existe toda uma fase de avaliação, anamnese e depois um fecho da sessão.
A formação de um técnico de Reiki tem vários níveis. Porquê? Quanto tempo demora a formação?
No tempo do Mestre Usui podíamos encontrar oito níveis, quase comparados aos das artes marciais e depois, ao longo do tempo, foram sendo reestruturados. Hoje em dia é comum encontrarmos quatro níveis – Shoden, o nível 1; Okuden, o nível 2; Shinpiden, o nível 3; Gokukaiden, o nível 3B. Eles representam a introdução à prática, muito virada para o próprio praticante. Com o nível 2 já começam a ter uma abordagem ao outro e à prática de voluntariado. O nível 3 tem um grande enfoque no desenvolvimento pessoal e na profissionalização do tratamento ao outro, ao passo que o 3B é o ensinar a ensinar.
Cada nível deve ter, pelo menos, seis meses de prática continuada, ou seja, os cursos não devem ser de apenas um único dia. Deve haver um acompanhamento para que o praticante possa crescer, experimentar e colocar as suas questões. O nível 3B devia ser um pouco mais longo, dos seis meses a um ano. Para se chegar a terapeuta de Reiki, deve ter-se uma prática de mais de um ano e meio, para se chegar a Mestre de Reiki, pelo menos dois a dois anos e meio. Isto como mínimo para o crescimento, aplicação de todos os conceitos em si, para depois os saber aplicar nos outros.
Em Lisboa, pode fazer Reiki em clínicas como: Clínicas Viver, Espaço Sétimo Chakra, Nu3clinic ou Elohim Spa Lisboa. No Porto: Clínica Médica do Porto, Reiki Studio Porto, Fátima Rezende ou Clínica Aviz Porto.
Já experimentou Reiki? Tem curiosidade? Veja ainda vários retiros de ioga em Portugal.