Saúde

Presta atenção aos seus sinais? Saiba como e quando deve removê-los

Os sinais da nossa pele são quase como um mapa do corpo: uns nascem connosco e outros vão aparecendo, com a exposição solar ou a gravidez. Saiba quando devemos proceder à remoção de sinais.

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Mai. 17, 2019

Já alguma vez se dedicou a ver os sinais que tem no corpo? No rosto, nas costas ou nos braços, todos eles têm diferentes formas e cores e nos contam uma história diferente. É por isso que temos de ter muita atenção às suas mudanças.

O que é um sinal?

Os sinais são tumores benignos da pele que têm origem nas células produtoras de pigmentos da pele, os melanócitos. A maior parte deles são benignos e não significam qualquer problema de saúde. Mas há outros que podem evoluir para uma forma de cancro de pele, o melanoma.

“Sabemos que cerca de 30% dos melanomas surge sobre um sinal pré-existente. Os outros 70% surgem como uma lesão ‘de novo’”, explica a dermatologista Joana Dias Coelho.

A especialista aconselha, por isso, a ter atenção a “sinais novos, principalmente após os 40 anos de idade”. Em última instância terá de proceder à remoção de sinais caso o mesmo seja maligno.

[Devemos observar] toda a pele, sem esquecer as áreas menos visíveis: atrás das orelhas, entre os dedos, no couro cabelo e na área genital – Daniela Cunha, dermatologista

Como saber se um sinal é ‘normal’?

Mas como é que conseguimos distinguir um sinal ‘normal’ de um possível melanoma? Antes de mais, devemos conhecer bem os nossos sinais e, idealmente, visitar um dermatologista uma vez por ano.

Daniela Cunha, dermatologista no Hospital CUF Descobertas e CUF Alvalade, aconselha-nos a seguir a regra do ‘patinho feio’. “Esta regra baseia-se na identificação de sinais que se destacam dos demais, pela forma, dimensão, cor ou outras características distintivas”, explica.

Esta regra é geralmente esquematizada com a sigla ABCDE:

Assimetria: metade do sinal é diferente da outra metade;
Bordo: os bordos do sinal são irregulares;
Cor: a cor do sinal não é uniforme e pode ir variando entre castanho, preto, azulado ou acinzentado;
Diâmetro: um sinal maior do que 6/7 milímetros de diâmetro;
Evolução: alterações recentes como, por exemplo, a espessura

De modo a podermos fazê-lo, é importante fazermos um autoexame cutâneo, preferencialmente uma vez por mês.

“[Devemos observar] toda a pele, sem esquecer as áreas menos visíveis: atrás das orelhas, entre os dedos, no couro cabelo e na área genital”, utilizando um espelho ou pedindo ajuda a uma pessoa. Caso ache que algum dos sinais é “fora do normal”, o melhor a fazer é mesmo marcar uma consulta num dermatologista.

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© Getty Images

Para além do autoexame, há alguns fatores de risco a que deve prestar atenção, como explica Joana Dias Coelho. Se tiver “história pessoal e familiar de melanoma; pele de fototipo I e II – pele clara, olhos claros e cabelo claro e os ruivos”.

Se também passar por períodos de exposição solar prolongada, em trabalho ou lazer, ou episódios de queimaduras solares – os escaldões – deve tomar muita atenção aos sinais.

Tipos de sinais benignos

Angiomas

São os sinais mais avermelhados que temos na nossa pele. São pequenos tumores benignos vasculares, cuja incidência aumenta com a idade. Podem ser tratados a laser, mas apenas por uma questão estética.

Dermatofibromas

São também conhecidos como histiocitomas e são tumores fibrohistiocíticos benignos. Caracterizam-se por serem pequenas elevações duras, sólidas e limitadas na pele. São mais frequentes nos membros, embora possam surgir noutras áreas do corpo. Podem, também, ser removidos, mas a sua extração é apenas estética.

Fibropapilomas

São sinais bastante frequentes no pescoço, axilas, por baixo dos seios ou nas virilhas. São benignos e não são contagiosos e a sua remoção é puramente estética.

Queratose seborreica

É o tumor benigno mais frequente. A sua incidência aumenta com a idade e, apesar do seu aspeto verrucoso, não apresentam qualquer risco de contágio, podendo assumir diversas formas e tamanhos. A sua remoção deve ser feita por razões estéticas ou por incómodo.

Tipos de sinais malignos

Queratose actínica

É também conhecida como queratose solar e é a lesão pré-cancerosa de pele mais frequente. Surge sob a forma de uma mancha ou escama esbranquiçada ou vermelho-acastanhada, que por vezes é sub-clínica e áspera ao toque. Aparece sobretudo em áreas da pele muito sujeitas a exposição solar prolongada e repetida.

Carcinoma basocelular

É o cancro de pele mais frequente, mas também é o menos perigoso, uma vez que não origina metástases – apesar de poder invadir os tecidos circundantes, se não for devidamente tratado. Aparece mais frequentemente na terceira idade e em áreas de pele cronicamente expostas ao sol, como o rosto, ou que são expostas durante muito tempo, como o tronco.

Carcinoma espinocelular

É o segundo cancro de pele mais frequente. Quando não é tratado, tem uma grande probabilidade de metastizar. Pode aparecer em áreas do corpo cronicamente expostas ao sol, como o rosto, as orelhas ou o couro cabeludo. A maioria surge de queratoses actínicas que não foram tratadas. Surge habitualmente como uma escama recorrente, que endurece, ou ferida que não cicatriza, evoluindo para nódulo duro que pode crescer rapidamente.

Melanoma

É o cancro de pele menos frequente, mas é o mais agressivo. Surge a partir da transformação de um nevo atípico preexistente ou, mais frequentemente, como uma lesão muito escura ou nodular rósea.

Fonte: Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo

Remoção de sinais: sim ou não?

Se está a pensar se deve (ou pode) remover um determinado sinal, deve marcar uma consulta no dermatologista para aconselhamento. O especialista irá perceber se deve ou não remover o sinal e explicar como deve fazê-lo.

Joana Dias Coelho explica alguns dos métodos mais comuns de remoção de sinais. “Quando há suspeita de displasia ou melanoma, deve ser realizada uma excisão com incisão da pele e sutura.”

No entanto, se o sinal for removido por motivos estéticos, é mais comum a utilização de laser CO2, por ter um resultado cosmético muito bom, ao mesmo tempo que tem uma recuperação fácil e cómoda.

Estes procedimentos são sempre realizados com anestesia local e podem deixar algum tipo de marca na pele.

“Quando são removidos na totalidade e colocados pontos na pele, persiste uma cicatriz linear, enquanto que a remoção apenas da porção saliente deixa uma marca plana e da dimensão do sinal que foi removido”, explica a dermatologista Daniela Cunha. E reforça que estas “marcas tendem a atenuar-se com o passar do tempo, podendo mesmo tornar-se impercetíveis”.

Cuidados após a remoção de sinais

Depois do procedimento, é necessário ter alguns cuidados, nomeadamente a desinfeção da área e evitar a exposição solar da cicatriz. Mas os cuidados a ter são sempre personalizados caso a caso pelo médico dermatologista que estiver a fazer o acompanhamento do caso.

A quantidade necessária [de protetor solar] para cobrir adequadamente todo o braço equivale a uma colher de sopa rasa.

Como prevenir sinais malignos?

Todos sabemos que usar protetor solar obrigatório durante todo o ano e não só no verão. Mas que outros comportamentos devemos adotar para prevenir o cancro de pele?

1. “O principal cuidado é evitar a exposição prolongada ao sol no período entre as 11h e as 16h”, explica Daniela Cunha.

2. “A segunda medida de proteção mais importante é a utilização de vestuário, preferencialmente de cor escura e com malha apertada, para limitar a penetração dos raios UV“.

3. E mesmo com a utilização de protetor solar, devemos ter cuidados extra. “Nenhum protetor confere proteção a 100% e o seu efeito mantém-se na pele cerca de duas horas após a aplicação”, alerta a especialista. A recomendação é, portanto, repetir a “a aplicação do protetor, idealmente a cada duas horas”.

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Ao aplicar o protetor, lembre-se: deve utilizar quantidade suficiente para cobrir toda a área onde é aplicado – por exemplo, a quantidade necessária para cobrir adequadamente todo o braço equivale a uma colher de sopa rasa.

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