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Sentir-se ansiosa pode não ser mau

Sentir-se ansiosa pode não ser mau

A ansiedade influencia diretamente as nossas emoções e comportamento. Procurar uma solução quando se sente ansiosa é fundamental para tentar tolerar e diminuir gradualmente esta problemática. Porque para todos os dilemas há uma solução.

Por Out. 26. 2018

Ansiedade. Se antes esta palavra passava de forma discreta no nosso dia a dia, hoje é um dos temas que gera mais debate, preocupação e cliques na Internet. Queremos uma resposta (rápida) que aquiete a mente. Na verdade, queremos seguir a sugestão de passos e ficar completamente zen.

No entanto, é necessária uma perspetiva mais refletida sobre este tema, que nos permita distinguir as subtilezas da ansiedade e procurar soluções.

Sentir-se ansiosa também é normal

Os sintomas da ansiedade são diversos, podem manifestar-se na qualidade do sono, num sentimento de agitação permanente, através de um ritmo cardíaco e respiração acelerada, num súbito medo sem razão aparente, em preocupação excessiva, stresse emocional… Nalgum momento das nossas vidas vamos viver estes ou outros momentos de ansiedade. O que é perfeitamente normal.

A ansiedade comum pode mesmo ser uma grande ajuda se nos ajudar a decidir não fazer uma escalada perigosa, a desconfiar de lugares escuros, a marcar exames de saúde de rotina, ou simplesmente chegar a horas ao trabalho.

Aliás, a ansiedade é precisamente uma resposta biológica – normal – ao perigo. A emoção por trás que nos é bastante familiar – o medo – precipita uma série de respostas físicas que estimulam a respiração, a circulação sanguínea e que atuam diretamente sobre o corpo. Este, perante o perigo, prepara-se para a fuga.

Nota importante: a ansiedade comum pode mesmo ser uma grande ajuda se nos ajudar a decidir não fazer uma escalada perigosa, a desconfiar de lugares escuros, a marcar exames de saúde de rotina, ou simplesmente chegar a horas ao trabalho. Pode dizer-se, que a dose certa de ansiedade é um ingrediente essencial para o bem-estar, físico e psicológico.

A grande questão é que, sendo o corpo/mente surpreendentes, algumas vezes o organismo reage de forma equívoca, ou exagerada, e surgem respostas ansiogénicas perante determinada situação. Assim, quando surge um padrão de respostas com este desajuste, isso significa que se está perante um nível de ansiedade não saudável.

Ansiedade desajustada requer ajuda especializada

Se a ansiedade for ganhando uma dimensão cada vez maior, se for sentida como limitadora e interferir na organização das rotinas, se for sinónimo de uma instabilidade permanente e se for impedimento para uma vivência psíquica tranquila, deve procurar-se ajuda especializada. Isto implica cruzar diferentes opiniões e encontrar respostas adequadas a cada dilema e angústia particulares.

A ansiedade negligenciada tem impactos diretos na saúde em geral. Em especial, influencia diretamente a qualidade de vida. Como? Através de pensamentos desajustados, controle excessivo sobre o corpo e a mente, ataques de pânico, medo da rejeição social, evitamento de situações sociais supostamente causadoras de ansiedade, evitamento de espaços físicos e um quadro depressivo generalizado.

Isto significa que, uma vivência pautada pela ansiedade, influencia a vida social, amorosa, profissional,  académica, o lazer, o desporto e qualquer dinâmica relacional.

O plano terapêutico para a ansiedade deve ser estritamente profissional e personalizado. Para além disso deve combinar diversos aspetos. Isto porque se trata de uma problemática bastante subjetiva e uma combinação complexa de muitos fatores.

Sugestões de tratamento da ansiedade:

1. Mudanças objetivas: praticar exercício físico regularmente, seguir uma alimentação saudável e evitar cafeínas, teínas e alimentos ou substâncias que possam provocar excitação;

2. Abordagens mente/corpo: apostas em técnicas de relaxamento, meditação e mindfulness;

3. Psicoterapia: diversas correntes teórico-práticas ajustadas a cada problemática;

4. Medicina convencional: soluções medicamentosas adequadas.

 

Lúcia D’Almeida é psicóloga clínica e escreve artigos sobre as mais diversas áreas dentro da psicologia.


 

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