Cancro na mama: sinais de alerta e mecanismos de prevenção

Cancro na mama: sinais de alerta e mecanismos de prevenção

Em Portugal, por ano, surgem cerca de 5000 novos casos desta doença. O diagnóstico precoce é muito importante, por isso falámos com a médica especialista em Genética, Margarida Reis Lima, que nos contou quais são os principais sinais do cancro da mama, bem como os mecanismos de defesa.

Por Out. 25. 2016

Sabia que todos os meses as mulheres devem fazer o auto-exame de apalpação? E que devem estar atentas à sensibilidade e retração do mamilo? Numa altura em que, felizmente, estamos mais atentas aos sinais do cancro da mama resolvemos entrevistar a Dra. Margarida Reis Lima, médica especialista em Genética no GDPN no Porto, que nos explicou tudo sobre os mecanismos de prevenção.

Sinais do cancro da mama e mecanismos de prevenção essenciais

Cancro na mama. Ainda há muitas mulheres cujo medo desta expressão faz com que não façam exames regulares?

Parece-me que isso acontece cada vez menos, felizmente. As senhoras estão cada vez mais alertadas para o benefício de um diagnóstico feito precocemente.

A partir de que idade é que os exames devem ser efectuados? Com que frequência?

Todas as mulheres devem fazer o auto-exame de palpação mensalmente, e contactar imediatamente o médico se notarem alguma alteração, ou tiverem dúvidas. O auto-exame deve ser feito uma semana após a menstruação ou , se não for regular, no mesmo dia todos os meses. Os exames de investigação devem ser efetuados por indicação médica, pois cada caso é um caso. Se houver antecedentes na família de cancro da mama, essa vigilância será ajustada nos tempos de vigilância. No caso de não haver antecedentes na família as sociedades científicas aconselham a efetuar mamografia a partir dos 35/40 anos anualmente ou de 18 em 18 meses.

As taxas de incidência estão em crescimento. Quais são os sinais do cancro da mama?

Em Portugal surgem anualmente cerca de 5000 novos casos. Para se combater eficazmente o cancro na mama, a mulher deve assumir uma atitude proativa, quer pelo auto-exame quer contactando imediatamente o médico em caso de dúvida.

Fazem parte dos sinais do cancro da mama:

  • Qualquer alteração na mama ou no mamilo (quer do aspeto ou na palpação) e qualquer dor persistente;
  • Qualquer nódulo (“caroço”) ou espessamento na mama, junto da mama ou na zona da axila;
  • Alteração da sensibilidade no mamilo e retração do mamilo (mamilo puxado para dentro);
  • Mudança do tamanho ou forma da mama;
  • Pele da mama, aréola ou mamilo com aspeto escamoso, vermelho ou inchado; pode apresentar saliências ou depressões, parecidas com “casca de laranja”;
  • Feridas que não cicatrizam;
  • Secreção ou perda de líquido pelo mamilo.

Existem mecanismos mais tradicionais e outros mais inovadores de prevenção. Quais são as principais diferenças entre eles?

Todas as metodologias clássicas de prevenção (auto-exame, ecografia, mamografia,etc…) têm mostrado resultados muito bons, eficazes e reconhecidos mundialmente. Têm a grande vantagem de estarem acessíveis em qualquer parte do País e em muitos países são totalmente gratuitos para a mulher, se efetuados através do SNS ou em centros de rastreio. O chamado método inovador, o teste molecular, tem a desvantagem de ser pago e de, no caso de resultado positivo, poder ser necessária uma consulta de aconselhamento genético por Especialista para interpretação dos resultados. Nunca vai fazer orientação direta para diagnóstico, mas sim para o risco de vir a ter um cancro e necessidade de eventual rastreio mais eficaz. Tem a vantagem de poder definir riscos aumentados em indivíduos que o desconheciam totalmente.

Fale-me do Teste BRCA Plus. Como funciona? Que eficácia tem?

O teste BRCA Plus é um teste de genética molecular que numa só análise vai testar a maioria dos genes que atualmente se reconhecem como conferindo um aumento de risco para cancro na mama, ovário e endométrio e para o cancro hereditário. Classicamente eram estudados os genes BRCA 1 e 2 por sequenciação associando-se o estudo por outra técnica genética para pesquisar grandes deleções ou duplicações ou mutações específicas. Este estudo é moroso e dispendioso. Atualmente, com o advento da nova biotecnologia genética, o estudo tornou-se muito mais rápido e menos oneroso, utilizando a sequenciação de nova geração (next generation sequencing – NGS).

Estes painéis têm também a vantagem de ser dinâmicos, podendo completar-se com mais genes à medida que o conhecimento científico evolui. Assim, o BRCA Plus testa 18 genes conhecidos como implicados no risco do cancro da mama, ovário e endométrio. Um resultado positivo não confirma a existência de um cancro, somente confirma que essa pessoa tem um aumento do risco de o vir a ter e que necessita de uma vigilância personalizada. A sua eficácia tecnológica para detetar alterações nos genes é muito alta, igual ou acima dos 97%. É efetuado através de uma simples amostra de sangue por colheita normal, ou por uma amostra de saliva.

Só as mulheres com antecedentes familiares de cancro é que o podem fazer?

Atualmente sabe-se que aproximadamente 50% das mulheres com mutações genéticas nos genes BRCA 1 e 2 (os que mais frequentemente são responsáveis pelas situações familiares de cancro da mama e ovário) não têm antecedentes familiares de cancro e ignoram que têm aumento de risco para este tipo de cancro. Sendo assim, a realização do teste genético poderia ajudá-las a definir o seu grau de risco. Isto é recomendado, como medida preventiva, a qualquer mulher a partir dos 30 anos.

Neste momento como estão as taxas de cura?

Felizmente as taxas de cura têm melhorado muito pelo facto de se estar a diagnosticar cada vez mais cedo os casos de cancro, devido a uma boa prevenção. Em Portugal as taxas de sobrevivência ao cancro da mama estão atualmente acima dos 84%, e sempre a melhorar em cada ano.

Embora a probabilidade de cura seja cada vez maior é quase impossível uma pessoa achar que não vai ser mortal. Olhando para os casos que tem acompanhado, como é que tem sido a reação das pessoas?

A notícia de que se é afetada de um cancro é sempre devastadora para uma pessoa. No entanto, saber que pelo facto de se ter diagnosticado, há a possibilidade de atuar clinicamente usando todas as possibilidades terapêuticas existentes, traz sempre uma esperança muito grande. Também ajuda saber que as taxas de cura estão continuamente a melhorar, e a investigação científica e desenvolvimento da biotecnologia continua a descobrir melhores métodos de tratamento. Ter uma atitude psicológica positiva e de resistência e perseverança na luta contra o seu próprio cancro, ajuda na realidade o nosso corpo a ter as melhores condições para combater esse cancro. É importante haver acesso a apoio psicológico profissional nesta situação.

Costuma estar atenta aos sinais do cancro da mama? Descubra ainda as nossas 8 dicas para levar uma vida mais saudável e feliz.

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