Pensar que a terapia da fala é destinada a crianças que já falam é um erro. Já o partilhei publicamente e por variadas vezes que o nome da minha profissão se torna demasiado redutor para tanto que abrange. De facto, é certo que a fala é uma das nossas áreas de intervenção, talvez a mais conhecida. No entanto, são muitas mais.
Para além de intervir em áreas como a linguagem, voz, fluência, e articulação verbal, o terapeuta da fala também atua junto dos bebés e crianças com dificuldades alimentares.
Desde a sucção, à deglutição (ato de engolir), passando pela respiração, culminando na mastigação, o terapeuta da fala pode ajudá-la a compreender se os sinais de alerta em que reparou são alvo de intervenção.
Nunca é demasiado cedo para procurar ajuda
Se pensar, comunicamos desde o ventre das nossas mães, respiramos desde que nascemos e é a sucção que permite que nos alimentemos. Por isso, se tem um bebé em casa, não pense que é demasiado cedo para procurar ajuda.
Acompanho famílias cujos bebés têm menos de um ano e sim, é possível ajudar! Aliás, deve procurar ajuda em qualquer idade, basta atentar às áreas de intervenção que mencionei acima.
Costumo dizer que “informação é ação” e hoje em dia é fácil encontrar boas referências que poderão fazer a diferença.
Sinais a ter em conta
É certo que nem todas as crianças necessitam de terapia da fala, contudo é necessário estar atenta aos sinais de alerta. Estes são alguns sinais que deve ter em consideração em bebés até aos 12 meses:
- Não reagir aos sons e às vozes (especialmente as que lhe são familiares);
- Não se assustar com sons altos;
- Não ter interesse em olhar para as pessoas;
- Não sorrir e/ou palrar. Deixar de palrar;
- Não usar gestos nem sons para obter o que pretende;
- Não produzir vogais nem consoantes;
- Não balbuciar polissílabos (papapa, mamama)
- Não brincar;
- Não comunicar quando precisa de ajuda;
- Não dar sinais de agrado e desagrado;
- Engasgos e tosse frequentes;
- Recusa alimentar.
A terapia da fala pode ser uma mais-valia para um crescimento equilibrado e saudável da criança, de modo a prevenir problemas que podem comprometer o desenvolvimento e assim evitar outros na idade adulta.
10 estratégias para pôr em prática
Partilho algumas estratégias que podem aplicar em casa e que, certamente, ajudarão os vossos filhos a comunicar e a desenvolver as competências linguísticas que lhes permitirão ser felizes nos mais variados contextos:
- Olhe olhos nos olhos;
- Dê tempo ao bebé para falar;
- Sorria e toque;
- Observe, espere e escute;
- Deixe o bebé liderar a interação entre vocês;
- Use uma linguagem simples, repetitiva e consistente (se quando se despede quer que o seu bebé diga “adeus”, então diga sempre “adeus” e não “xau xau”/”beijinhos”);
- Cante;
- Imite as vocalizações do seu bebé;
- Antecipe e fale das rotinas;
- Seja divertida e entusiasta.
Deixo, ainda, um conselho final: procure sempre um profissional que a possa acompanhar nesta jornada e, por favor, não adie. O primeiro passo para o sucesso terapêutico é procurar ajuda especializada.