Eis o que precisa de saber antes de fazer um teste de gravidez

Se desconfia que está grávida mas não tem a certeza, o melhor a fazer é avançar para o teste e tirar todas as dúvidas. Mas será que conhece todas as opções para confirmar uma possível gravidez?

Com os primeiros sintomas de gravidez surgem as primeiras dúvidas. É nessa altura que corremos a pedir ajuda às amigas, e a fazer as restantes questões a esse grande amigo da humanidade, o Google.

Mas uma coisa é certa: a melhor forma de saber se está ou não grávida é através de um teste de gravidez, que pode ser de urina (informalmente conhecido como teste de farmácia) ou de sangue.

Será que estou grávida?

Muitas mulheres já fizeram esta pergunta pelo menos uma vez na vida. Mas sabe reconhecer os sintomas de uma possível gravidez?

“O atraso menstrual é o principal indício de gravidez, quando associado a sintomas como enjoos (que por vezes podem ser acompanhados de vómitos), cansaço, sonolência, tensão mamária e aumento da frequência urinária”, explica Célia Maria Pedroso, ginecologista-obstetra no Hospital CUF Descobertas.

Se fez check a alguns destes sintomas (ou a todos), então o melhor mesmo é não sofrer mais com a ideia e confirmar (ou desmentir) a gravidez.

Deve começar por fazer um teste de gravidez e, caso se confirme o estado de graça, marcar uma consulta com o seu médico-assistente, entre as 6 e as 8 semanas de gestação.

“Se tiver alguma queixa, como uma perda hemática vaginal [perda de sangue], deve consultar de imediato o seu médico-assistente”, aconselha a especialista.

Para confirmar a sua gravidez, existem apenas dois tipos de testes fiáveis: à urina e ao sangue. Mas é possível que encontre testes de gravidez online ou que ouça falar de métodos caseiros para a detetar.

“Não há evidência clínica de que os resultados dos testes ‘caseiros’ sejam fiáveis pelo que não estão recomendados”, explica Célia Pedroso, relembrando que os testes disponíveis em farmácias e parafarmácias permitem “uma disponibilidade quase imediata para todas as mulheres de confirmação do diagnóstico de gravidez“.

Existem dois tipos de teste de gravidez

1. Teste de urina 

Ao contrário do que muita gente pensa, os testes de urina são “fiáveis e têm vantagens em relação ao exame de sangue, uma vez que são de fácil acesso e dão uma resposta quase imediata, sendo altamente sensíveis (sensibilidade superior a 99%) depois da primeira falha de menstruação”, afirma a ginecologista.

Pode comprar estes testes em qualquer farmácia e parafarmácia, com preços que variam entre os 7€ e os 15€. Se preferir, pode também realizar este teste num laboratório de análises clínicas.

Como fazer o teste?

Para garantir que o resultado do teste de gravidez através da urina é o mais fiável possível, espere pela primeira falha de menstruação e realize o teste ao acordar, com a primeira urina da manhã.

1. Pode colocar a ponta do teste debaixo do seu fluxo de urina durante cerca de cinco segundos ou urinar para um recipiente devidamente limpo (como um copo de análises, que pode comprar na farmácia), mergulhando a ponta do teste na urina durante cerca de 30 segundos.

2. Deixe o teste na horizontal e aguarde alguns minutos (entre três a quatro).

3. Se, após esse período, surgir apenas uma risca, o resultado é negativo; caso a risca seja dupla, então a sua gravidez está confirmada.

2. Teste de sangue

Este teste é mais dispendioso do que um teste de urina – custa entre 20€ e 30€ na maioria dos laboratórios clínicos, mas é uma análise comparticipada pelo Sistema Nacional de Saúde. Mas é mais fiável do que o teste de urina, sobretudo para detetar uma gravidez inicial, antes da primeira falha de menstruação, uma vez que o limiar para a deteção da Beta-HCG, a “hormona da gravidez”, é menor.

Ao contrário do teste de urina, pode fazer este teste a qualquer altura do dia, não havendo necessidade de estar em jejum ou de fazer algum tipo de procedimento anterior ao exame.

Para além de confirmar uma gravidez, as análises ao sangue são bastante úteis ao longo de toda a gestação, permitindo identificar uma gravidez ectópica ou gémeos, por exemplo. Permitem também, ainda na fase de confirmação da gestação, saber há quanto tempo está grávida.

Como interpretar os resultados?

Ao receber a folha com os resultados da hormona Beta-HCG, poderá consultar uma tabela com os resultados. O valor da hormona pode variar consoante o tempo de gestação, mas, caso seja inferior a 10, então o resultado é negativo.

• 2 – 4 semanas: 39 – 8388 mUI/mL
• 5 – 6 semanas: 861 – 88769 mUI/mL
• 6 – 8 semanas: 8366 – 218085 mUI/mL
• 8 – 10 semanas: 18700 – 244467 mUI/mL
• 10 – 12 semanas: 23143 – 181899 mUI/mL
• 13 – 27 semanas: 6303 – 97171 mUI/mL
• 28 – 40 semanas: 4360 – 74883 mUI/mL

Fonte: Laboratórios Affidea

Há margem para erro nestes testes?

Apesar do elevado fator de fiabilidade de ambos os testes de gravidez, qualquer um deles pode dar um resultado falso.

“Existem múltiplas causas para isso acontecer, como ser uma gravidez muito inicial e por isso ainda não haver quantidade suficiente da hormona da gravidez no sangue, haver uma reação cruzada com outras substâncias que levaram a que a tira do teste se torne reativa, haver um erro inerente ao próprio material usado no teste, entre outras”, exemplifica Célia Pedroso.

Quando devo fazer um teste de gravidez?

“Habitualmente, após a primeira falha menstrual deve ser realizado o teste de gravidez ou se existirem sintomas suspeitos de gravidez e atraso menstrual”, aconselha a ginecologista. A especialista alerta ainda que as mulheres com “ciclos menstruais irregulares (com intervalos superiores a 35 dias) devem esperar mais tempo para fazer o teste, de modo a evitar resultados falsos negativos”.

Caso suspeite que está grávida, não necessita de visitar um médico, basta comprar um teste de gravidez e, caso pretenda uma confirmação, fazer o teste sanguíneo num laboratório de análises clínicas.

“Se o teste de urina tiver sido feito com um ou dois dias de atraso menstrual e tiver sido negativo, mas achar que pode estar grávida, deverá repetir o teste de urina uma a duas semanas depois ou fazer o doseamento no sangue da Beta-HCG”, explica Célia Pedroso.