Sempre tive uma qualidade de vida normal e, de repente, a minha vida mudou totalmente. Tudo começou após uma cirurgia oral em que tive de fazer antibióticos, corticoides, anti-inflamatórios, etc.. Repentinamente, numa tarde, comecei a ter imensas dores, começaram na zona lombar do lado direito e refletiam para a zona abdominal. Pensei: “Oh não! Cólica renal”.
As dores eram cada vez mais fortes e mesmo dilacerantes. Já tive dois filhos e, para mim, aquelas dores eram piores do que as de um parto. Após duas idas às urgências, no espaço de três dias e sem qualquer tipo de diagnóstico, ficou a indicação do médico para procurar um ortopedista, pois possivelmente o meu problema seria a coluna.
Os dias foram passando e as dores sempre a piorar, até que, em mais uma ida às urgências sem sucesso, a única coisa que trouxe foi uma receita médica para um analgésico de ação central, que alivia a dor, atuando sobre as células nervosas da medula espinhal e do cérebro. Foi o que me aliviou durante duas semanas, quase três.
Foram dias e noites indescritíveis, em que a minha qualidade de vida piorou muito e deixei inclusive de passar momentos ao lado da minha família.
A almofada e o meu marido eram os meus confidentes. A sensação de impotência e de sofrimento da minha família era visível.
Após ter sido vista por um clínico geral e os exames complementares de diagnóstico não revelarem qualquer problema renal nem abdominal, fui aconselhada a recorrer a um ortopedista.
Consegui marcação para um reputado especialista de ortopedia, que ouviu as minhas queixas e, após apalpação, para despistar alguma lesão na cervical, requisitou uma TAC e uma ressonância magnética (RM) e aconselhou-me a procurar um pneumologista.
A cura para o herpes zoster
Costumo dizer que as pessoas não aparecem na nossa vida por acaso. Estava a trabalhar num hospital quando apareceu uma colega que, pelas minhas feições, reparou que eu não me encontrava bem. Começámos a falar e relatei o meu diagnóstico das duas semanas e meia (dava um filme!).
Quando ela me perguntou se eu tinha qualquer tipo de borbulhas no corpo, eu levanto a camisola e mostro-lhe as mesmas na zona localizada da dor e, qual é o meu espanto quando ela me diz “Rita, tu tens herpes zoster, conhecido como zona”.
E volto a referir, apareceu a pessoa certa no local certo. Onde estávamos a trabalhar? No serviço de dermatologia.
Entrámos as duas no consultório onde estavam duas dermatologistas e duas estagiárias, que, ao observarem as ditas borbulhas, foram unânimes no diagnóstico: herpes zoster (vulgo zona).
Os meus olhos brilharam e senti, naquele momento, que tinha ganho a minha vida de volta. Fui medicada com um antiviral (embora não cure, diminui a dor e o prurido) e mais um medicamento que atua no tratamento e controlo da dor neuropática. A conselho das mesmas, não havendo necessidade de realizar a TAC e a RM, desmarquei.
Mais tarde, qual o meu espanto quando descobri que havia uma vacina para esta patologia.
Termino este testemunho com a esperança de que esta vacina seja mais divulgada, junto da população e da comunidade médica, e que consiga evitar que mais pessoas passem o mesmo sofrimento que eu.