O que sabe sobre a urticária? Conheça os sintomas e diferentes tipos
Se alguma vez teve um episódio de urticária, saiba que não é anormal. No entanto, se tem sintomas frequentemente, pode ser necessário recorrer a ajuda médica. Descubra tudo sobre esta condição, pelas palavras de um especialista em Imunoalergologia.
A urticária pode aparecer em qualquer idade e ocasião. Seja em alturas de stresse, alergias ou até por causas desconhecidas, uma verdade é certa: esta condição é bastante incomodativa.
Para além de causar comichão extrema, a urticária provoca manchas avermelhadas que podem surgir em qualquer parte do corpo. Contudo, há formas de identificar o que está a desencadear esta doença e, felizmente, maneiras de a aliviar e eliminar.
A Saber Viver falou com Mário Morais de Almeida, imunoalergologista e coordenador do Centro da Alergia do Hospital CUF Descobertas, para descobrir tudo sobre esta condição.
O que é a urticária e sintomas
O imunoalergologista começa por afirmar que a urticária é uma reação muito frequente da pele que, na verdade, aparece numa grande parte da população.
Esta condição manifesta-se de forma súbita e para além de aparecerem “manchas vermelhas de contorno nítido com zona central mais clara”, como confirma Mário Morais de Almeida, causa comichão extrema.
Estas lesões podem ter diferentes dimensões e desvanecem momentaneamente quando pressionadas.
É importante destacar também que “as lesões de urticária podem surgir em qualquer parte do corpo e tipicamente desaparecem sem deixar qualquer marca na pele“.
O médico acrescenta que o inchaço pode também ser associado a esta condição. “É mais frequente nos lábios e pálpebras e pode até acontecer em todo o rosto, ao qual chamamos angioedema”, confirma.
Em casos mais severos, aconselha a recorrer ao serviço de urgência se a garganta e via aérea começarem a inchar, visto que pode ser um caso de anafilaxia.
Diferentes tipos de urticária e causas
Urticária aguda e urticária crónica
Geralmente, as lesões da urticária regridem num período de 24 horas, “sem deixar nenhuma pigmentação residual”, como confirma o imunoalergologista.
No entanto, em casos mais graves, “podem recorrer no mesmo ou em locais diferentes e ao longo de um período de tempo variável”, acrescenta.
A urticária passa então a ser aguda quando os sintomas perduram por seis semanas, e crónica depois desse período de tempo.
O médico afirma que “quase metade da população tem pelo menos um episódio de urticária aguda em alguma fase da vida”, como, por vezes, manifestação de alergia a alimentos, medicamentos, picada de insetos, stress ou infeções.
Já a urticária crónica, “pela persistência das lesões e imprevisibilidade do seu aparecimento, tem um grande impacto na qualidade de vida”, adiciona Mário Morais de Almeida.
Nestas situações, pode ainda não ser possível identificar uma causa e até por vezes ser necessário efetuar análises para tentar encontrar uma doença que pode estar associada.
Contacto
Urticária de contacto surge quando aparecem manchas imediatamente após o contacto da pele com uma substância, como certos alimentos, plantas, medicamentos, cosméticos, químicos, ou produtos animais.
Física ou indutível
Este tipo de urticária é caracterizada por lesões que são desencadeadas após a exposição da pele a fatores físicos, como fricção, pressão, frio, calor, forças vibratórias ou luz solar.
Podem aparecer imediatamente ou após várias horas.
Colinérgica
As manchas da urticária colinérgica são tipicamente pequenas e surgem em situações de breve aumento da temperatura corporal, como por exemplo, durante o exercício físico, a tomar banho ou em momentos de stresse emocional.
Quem pode afetar
O imunoalergologista afirma que a urticária pode afetar qualquer pessoa, no entanto, existe “uma propensão genética para o aparecimento de algumas urticárias crónicas, ainda que razoavelmente raras”.
Quando questionado sobre urticárias de origem alérgica, confirma que estas não estão entre as mais frequentes e que “desaparecem habitualmente quando se interrompe a exposição ao alergénio”.
Assegura ainda que, em casos de urticária aguda, “os episódios desta não representam qualquer risco futuro de associação a outras doenças alérgicas” e, em casos de urticária crónica, “não existe justificação para a realização de exames de alergias, pois raramente se identifica uma causa deste tipo”.
Diagnóstico
Geralmente, o diagnóstico da urticária é feito através de observação das lesões.
No entanto, em casos mais recorrentes e duradouros, por vezes é necessário realizar “exames complementares para ajudar na deteção de alguma doença associada ou desencadeante”, menciona o médico.
Já em casos mais raros, pode ainda ser preciso recorrer a uma biópsia, para excluir algumas doenças sistémicas, como condições autoimunes ou neoplásicas.
Tratamentos
- Anti-histamínicos não sedativos, em doses que podem ir até quatro vezes as habituais;
- Cortisona oral, em especial quando existe angioedema, mas sempre pela menor duração possível;
O médico ressalta ainda que é importante recorrer a um profissional de saúde em caso de suspeita de urticária, cumprindo sempre a medicação prescrita de forma correta.
Termina ao mencionar fármacos biológicos e afirma que “doentes com urticária crónica de difícil controlo devem ser referenciados para consulta de centros especializados para poderem beneficiar destes tratamentos inovadores”.