No que concerne à escolha do método contracetivo que melhor se adequa a si e à sua relação, existem cada vez mais opções no mercado à sua disposição. Cada uma com especificidades próprias e níveis de eficácia de acordo.
A verdade é que quando chega a hora de evitar a gravidez, os meios de contraceção mais utilizados continuam a ser o preservativo e a pílula contracetiva. Mas saiba de antemão que existem mais opções. Entre elas o DIU, de que lhe vamos falar.
Para compreender melhor do que se trata, como pode ser utilizado, bem como as restantes dúvidas que nos assolam, estivemos à conversa com Sílvia Roque, ginecologista no hospital Cuf Descobertas e na clínica médica Fetogin.
Com o que contar?
Antes de mais, perceber do que se está a falar. Numa definição clara e simplista, trata-se de um pequeno dispositivo em forma de T que é introduzido na cavidade uterina, com um ajuste perfeito a esta zona. A colocação é feita por um médico e permite uma contraceção de longa duração.
Depois desta primeira introdução, Sílvia Roque explica-nos que existem dois tipos de dispositivos intrauterinos:
• DIU de cobre. Que provoca uma reação inflamatória no endométrio (parede do útero), que perturba a fecundação. Impede-se, assim, que o ovo fecundado se fixe na parede do útero. Para além disto, o efeito tóxico do cobre também inutiliza os espermatozoides.
• DIU hormonal. Que liberta uma hormona, neste caso, um progestativo que vai causar o espessamento do muco, impedindo a entrada dos espermatozoides e a alteração do endométrio, fazendo com que o ovo não se fixe. Em certos casos, existe a libertação da hormona na circulação, inibindo também as ovulações.
Relativamente à duração destes dispositivos, uma nota importante. O DIU de cobre pode ter eficácia até dez anos, quanto ao DIU hormonal, vai depender da concentração de progestativo que tiver. Na dose mais baixa, recomenda-se para três anos, nas outras dosagens, para cinco anos.
Quanto à sua eficácia? Quando colocado corretamente e, tal como já foi referido, é de 99%.
O DIU será para mim?
“Normalmente destina-se a mulheres que pretendem uma contraceção de longa duração”, revela prontamente a ginecologista, mas não só: “é também um método recomendado a quem se esquece da pílula contracetiva ou mulheres que tenham tido dificuldades nos outros métodos”.
A médica acrescenta também que o DIU hormonal é recomendado a mulheres que sofram de dismenorreia (dores menstruais) e que tenham fluxos menstruais abundantes.
Mas tal como em tudo, não é um método de contraceção indicado a toda a população feminina. Neste caso a quem não de destina? “Não será um método recomendado a mulheres com malformações uterinas, com anomalias uterinas com distorção da cavidade como alguns tipos de miomas, nem a mulheres com maior predisposição para a doença inflamatória pélvica.”
Os sim(s) e os não(s) deste método
Todas as mulheres são diferentes entre si. Assim, relativamente ao que pode fazer uma mulher optar por este método versus o que o pode levar a ser posto de lado por outra, foi destacado o seguinte pela ginecologista:
Vantagens:
• Cómodo
• Longa duração
• Diminui o fluxo menstrual e a dismenorreia (DIU hormonal)
• Pode provocar amenorreia (ausência completa de menstruação)
• Pode ser tratamento para pessoas com hemorragias uterinas anómalas (já estudadas)
Desvantagens:
• DIU de cobre. Pode ocorrer um fluxo menstrual mais abundante
• DIU hormonal. Pelo efeito do progestativo, pode causar tensão mamaria, irritabilidade, cefaleias, aumento de peso e perdas hemáticas anormais (sangue), sobretudo no primeiro ano após a colocação.
Quisemos ainda saber que complicações podem surgir após a sua colocação.
“Pode ocorrer perfuração uterina, mas em menos de 0,1% e mais frequentemente em úteros em retroversão” desenvolve Sílvia Roque.
“Pode também provocar doença inflamatória pélvica, principalmente quando existe infeção prévia à colocação”, continua. Finalmente: “por vezes pode deslocar-se – estar fora do sítio – e perder o efeito contracetivo.”.
Vai doer?
É importante também que se perceba em que circunstâncias é colocado este dispositivo, para que as mulheres saibam o que podem esperar.
A ginecologista explica que o DIU pode ser colocado em qualquer altura, mas que há uma preferência pela fase menstrual para que não seja tão dolorosa a sua colocação, pois o canal cervical encontra-se mais dilatado.
Para além disto, pode ainda ser tomado um analgésico antes da colocação. Especificamente, “é colocado durante o exame com um especulo, pelo que se traciona o útero com uma pinça e se faz a introdução do dispositivo, deixando os fios com cerca de 1,5 cm”.
O que é que devemos mesmo saber sobre o DIU?
Para terminar, Sílvia Roque, indica-nos ainda que deverá ser feito um exame ginecológico prévio com realização de citologia cervical para o rastreio de carcinoma do colo do útero e de que é necessária uma consulta anual para verificar a presença e cumprimento dos fios de forma a realizar o controlo ecográfico do dispositivo, uma vez que este se pode deslocar.
No final, acrescenta algo que todas deveríamos saber sobre o DIU “que é um método muito apreciado por algumas mulheres, principalmente porque permite uma contraceção de longa duração e tem poucos efeitos secundários”.