Durante décadas, os profissionais de saúde aconselharam as mães a dar gotas de vitamina D aos bebés, porque esta substância é essencial para a construção e manutenção de ossos fortes. Esta intervenção precoce faz todo o sentido, mas precisamos dela em quantidades suficientes ao longo da vida e não apenas durante um breve período de tempo na infância.
Há cada vez mais evidência científica de que a vitamina D é essencial não só para os ossos, mas também para inúmeras outras funções biológicas, como a função muscular e imunitária, a saúde dentária, a função renal e o crescimento, reparação e metabolismo celular.
Praticamente todas as células do corpo estão equipadas com os chamados recetores de vitamina D, o que só por si mostra a importância desta vitamina. Precisamos desta vitamina para nos mantermos saudáveis, mas, infelizmente, um número crescente de estudos revela problemas generalizados de deficiência de vitamina D.
O sol pode não ser suficiente
Os seres humanos sintetizam a vitamina D na pele quando se expõem à luz solar. No entanto, na Europa existe uma restrição pelo facto de, de outubro a abril, o sol se encontrar demasiado baixo no céu para permitir a síntese desta vitamina. Consequentemente, a maioria da população tem falta de vitamina D no inverno.
Isto é um problema, uma vez que os meses frios são a altura do ano em que o nosso sistema imunitário é fortemente afetado por constipações, gripes e infeções virais. Nesta altura, apenas se pode obter vitamina D a partir de alguns alimentos (por exemplo, peixe, gemas de ovos e fígado de vaca) – mas as quantidades são reduzidas – ou optando por um suplemento alimentar.
As autoridades de saúde costumavam recomendar cinco microgramas (200 unidades internacionais) de vitamina D por dia. Hoje, os especialistas sugerem entre cinco e dez vezes mais para pessoas normais e saudáveis.
O que diz a ciência
• Um estudo publicado no Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism mostrou que 59% da população no mundo moderno tem níveis de vitamina D deficientes, sendo que uma grande parte tem níveis extremamente baixos.
• Um estudo de revisão de 2022 publicado na revista Frontiers in Nutrition, em que os investigadores analisaram dados de quase oito milhões de pessoas de 81 países, também aponta para os problemas globais generalizados de deficiência e insuficiência de vitamina D.
Há muitos fatores que contribuem para esta carência. O facto de passarmos muito tempo dentro de edifícios fechados é um deles. Já as pessoas de pele escura não sintetizam o nutriente tão eficazmente como as pessoas de pele mais clara.