Qual a linha que separa a heterossexualidade e a homossexualidade?
Expressões de dúvida adornarão os rostos de sexólogos se alguém disser que é sempre 100% heterossexual ou homossexual. As preferências e as reações sexuais são bastante fluídas, confirmaram alguns estudos recentes. Afinal, a atração sexual não tem fronteiras?
Alfred Kinsey já não via a sexualidade humana a preto e branco, quando, em 1948, publicou Sexual Behavior in the Human Male. Neste livro, o sexólogo norte-americano defendeu que nem a orientação nem o comportamento sexual são estanques.
Consoante as vivências de cada um, as preferências e respostas sexuais tenderiam a deslocar-se numa escala composta por sete categorias:
0 – Exclusivamente heterossexual
1 – Predominantemente heterossexual, raramente homossexual;
2 – Predominantemente heterossexual, mas mais do que ocasionalmente homossexual;
3 – Igualmente heterossexual e homossexual;
4 – Predominantemente homossexual, mas mais do que ocasionalmente heterossexual;
5 – Predominantemente homossexual, raramente heterossexual;
6 – Exclusivamente homossexual;
7 – Sem contactos ou reações sociossexuais.
Esta hipótese foi avançada numa época em que os recursos para a investigação científica eram ainda mais escassos do que atualmente, e as mentalidades também eram mais conservadores. Mas estava lançada a polémica. Ainda assim, os estudos mais recentes parecem confirmar a teoria de Alfred Kinsey acerca da fluidez da sexualidade humana.
Qual a fronteira da atração sexual?
“A atração sexual e a orientação sexual não estão totalmente correlacionadas com os relatos de comportamento sexual. (…) Quase três vezes mais mulheres (17,4%) reportaram ter tido algum contacto sexual com pessoas do mesmo sexo ao longo da vida do que homens (6,2%)”, revelou um relatório norte-americano, publicado em 2016.
Para chegarem a esta conclusão, os investigadores dos Centros para Prevenção e Controlo de Doenças (CDC) entrevistaram presencialmente 9175 adultos com idades entre os 18 e os 44 anos.
Outro estudo do mesmo país, desta vez da Universidade de Cornell, divulgado no The Journal of Sex Research, mostrou que as mulheres que não se identificam como sendo exclusivamente heterossexuais são mais liberais na sua conduta sexual e têm mais experiência.
Qual é o botão ativador?
Ver homens e outras pessoas do sexo feminino a autoestimularem-se excita as mulheres que se autodenominam heterossexuais. Porém, os homens heterossexuais e as mulheres homossexuais têm respostas sexuais mais intensas quando são estimulados com imagens ou vídeos de mulheres a masturbarem-se. A conclusão é de um estudo da Universidade de Toronto, no Canadá, publicado no Journal of Personality and Social Psychology.
Já a atração dos homens por indivíduos do mesmo sexo e a sua recetividade a potenciais contactos sexuais com eles tende a aumentar com o consumo de bebidas alcoólicas, segundo um estudo publicado, em 2017, no The Journal of Social Psychology.
Depois de ler este artigo, qual a sua opinião sobre os limites da atração sexual? Veja ainda as sete coisas que não sabia sobre sexo, orgasmos e prazer.