“Sejam bem-vindos a esta noite única de gastronomia e prazeres sensoriais, uma viagem culinária onde celebramos a arte da comida e a sua profunda ligação ao prazer, vitalidade e bem-estar. A nossa seleção promove a circulação sanguínea, a saúde do coração e o equilíbrio hormonal, melhorando o bem-estar e a felicidade.” É desta forma que a nutricionista Esther Blanco dá início ao jantar Food x Sex, organizado pela Satisfyer, empresa de dispositivos de bem-estar sexual. “Saboreiem cada mordidela e reservem tempo para apreciar as texturas, aromas e nuances subtis de cada prato”, recomenda a nutricionista…
Comida e sexo
No Hidden Factory Barcelona, um estúdio criativo especialista em gastronomia está tudo pronto para a experiência que quer comprovar que sexo e comida estão muito mais ligados do que pensamos. Atrás do balcão que separa a cozinha da sala, está o chef Xavier Morón, um dos fundadores do estúdio e que ficou responsável pela elaboração dos pratos pensados em conjunto com Esther Blanco.
Quando vai à mesa pela primeira vez, apresenta-se com uma frase taxativa: “Para mim, sexo e comida são a mesma coisa: prazer.” “Quando comemos, sentimos prazer a salivar, morder, chupar, engolir. Sensações que estão também muito associadas ao sexo”, acrescenta Megwyn White, séxologa e diretora de educação da Satisfyer.
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Neste jantar não se pensou apenas no sabor e nas propriedades benéficas dos alimentos; toda a apresentação, da mesa aos pratos, foi feita para estimular todos os sentidos. Exemplo disso é o pão de açafrão que tem a forma de uma vulva e a mistura de azeite e CBD que se assemelha a uma vela que arde para conseguirmos molhar o primeiro.
“O açafrão fornece antioxidantes e tem sido associado a efeitos positivos no humor. Já o azeite é rico em gorduras saudáveis e o CBD pode ter efeitos relaxantes, reduzindo os níveis de stresse, fator que pode interferir no desejo sexual, e tem ainda efeito anti-inflamatório. Esta combinação pode criar um ambiente descontraído e útil para estimular os sentidos e a ligação emocional”, realça Esther Blanco.
O nosso paladar desenvolve-se à medida que amadurecemos, o mesmo acontece com a sexualidade
Dopamina e endorfinas
Esta ligação da comida ao sexo não é coisa nova, afinal estamos a falar de dois instintos primários dos humanos. “Na verdade, a parte do cérebro que está ligada à fome é a mesma que está associada à luxúria, portanto, quando associamos os dois podemos melhorar a nossa vida sexual e estimulamos todos os sentidos. O paladar é um sentido hedónico e incorpora o olfato e também o tato. Convém lembrar que 80% do nosso gosto vem do nariz”, afirma Megwyn White.
“Sem comida e sexo que razão teríamos para viver? A nossa vida seria muito aborrecida!”, exclama, entre sorrisos, a sexóloga. A diretora de educação da Satisfyer garante que já comeu “pratos totalmente orgásmicos“ e, tal como no sexo, “alguns alimentos ajudam-nos a obter uma boa dose de dopamina, o chocolate é um exemplo, e de endorfinas, caso dos alimentos picantes, que nos dão uma sensação de bem-estar por todo o corpo. Além disso, a nossa boca é uma das áreas mais íntimas e comer pode ser muito sensual”.
Vida erótica
Folhas de ostra vegetal ao estilo tailandês com um toque de pimenta-verde, gengibre e coco. Foi o prato que se seguiu. “Não usem talheres ou a mão”, recomenda Xavier Morón. Mas o momento mais ousado foi quando chegou à mesa o carpaccio de melancia com molho ponzu e beterrabas-baby. O chef pede-nos a costa das mãos e foi lá que colocou os ingredientes, ditando: “Só é permitido usar a boca!”.
Este momento transporta-nos para cenas ousadas de séries e filmes – quem não se lembra do corpo de Samantha do Sexo e a Cidade transformado num tabuleiro de sushi ou até de John a alimentar a vendada Elizabeth, em Nove Semanas e Meia? Isto leva-nos a questionar Megwyn White sobre incluir alimentos no ato sexual. “Integrar essa prática pode ser incrivelmente erótico. Nela, existem vários elementos que podem apimentar a vida sexual: o exibicionismo, que nos faz sentir o corpo como objeto de desejo, e a exploração da nudez sem que esta nos deixe desconfortáveis”, descreve a sexóloga.
Comida excitante
A excitação sexual que envolve comida é apelidada de sitofilia (sito significa, alimento, enquanto filia é sentir uma inclinação por algo). “Isto não tem de ser um fetiche, pode ser apenas a criação de um ritual em torno de uma experiência que realmente melhora a conexão mente-corpo”, exemplica Megwyn White. Mas atenção ao espalhar comida no corpo, evite fazê-lo nas partes genitais. “É uma zona muito sensível e pode irritar-se com facilidade. O açúcar pode ser muito irritante e causar infeções fúngicas”, esclarece a sexóloga Megwyn White, que aconselha a “pintalgar o corpo com chocolate (há próprios para o efeito), juntar morangos e usar a língua para o provar. O mel também é uma boa opção, tal como o chantilly”.
Os óleos vegetais, como o de coco, também podem ser usados no corpo e podem ser a desculpa para passar a uma massagem sensual. “Práticas como essas desbloqueiam os sentidos e, à medida que estivermos mais conscientes de todos esses tipos de experiências sensoriais, melhor será a nossa vida sexual. É importante o contacto visual, a respiração lenta e profunda. É estar presente nos nossos corpos, o que faz com que nos afastemos do stresse do mundo”, ensina Megwyn White.
Voltando ao jantar, o desfile de pratos continua com risoto de edamame e trufas primaveris, vaca maturada com cogumelos, terminando com as sobremesas de chocolate. Para finalizar, Megwyn White lembra mais duas semelhanças entre sexo e alimentação: “Ambos podem ser viciantes e, tal como o nosso paladar se desenvolve à medida que amadurecemos, a sexualidade também. Vamos ficando mais confortáveis com o sexo, sabemos o que queremos, deixamos a inibições e conseguimos expressar melhor o que gostamos.”