#Afinal, existem consequências dentárias durante a prática de sexo oral?

Um médico dentista deixa a nu algumas das complicações que o sexo oral pode trazer para a saúde da sua boca.

*De geração em geração, passam-se conselhos que deviam ficar perdidos algures no tempo. No entanto, muitas ideias preconcebidas sobre beleza e bem-estar teimam em regressar. Para as desconstruirmos, criamos esta rubrica, que é uma espécie de fact-check, em que poderá encontrar respostas às questões que sempre teve.*

Muitos pensamentos surgem durante o sexo oral. Uns mais sensuais do que outros, claro. Porém, nenhum é (ou foi): estamos a colocar a saúde dentária e oral em causa?

Embora seja importante para o prazer de cada um, esta prática tem, de facto, algum impacto nos nossos dentes e boca, de forma geral.

Quem o alerta é Pedro Cosme, médico dentista da Malo Clinic Lisboa, que, em entrevista à Saber Viver, explica quais são, afinal, essas consequências.

Problemas que poderão surgir

Transmissão de infeções

A primeira que menciona é, talvez, a mais óbvia. “A prática de relações sexuais de forma desprotegida pode promover a transmissão de vários tipos de infeções. O sexo oral não é exceção”, salienta.

E continua: “Além das doenças sexualmente transmissíveis – como o HIV, sífilis ou clamídia -, vírus e doenças como o vírus do papiloma humano, hepatite B ou o próprio herpes (tanto o labial, como o genital) são passíveis de ser contraídas através deste contacto íntimo”.

Por esse motivo, é tão relevante a utilização do preservativo. Para ambos se manterem salvaguardados de possíveis infeções, enquanto apimentam o momento, pode ser boa ideia levar para a cama proteção de diferentes sabores. Existe um mundo infinito de sabores a experimentar.

Desgaste dentário

Talvez nunca tenha se quer ponderado a hipótese, mas a verdade é que existe uma erosão do esmalte dentário durante o sexo oral. Como acontece?

Dada a “acidez de certas substâncias, que têm a capacidade de corroer e desmineralizar os dentes”, a camada protetora dos nossos dentes vai sendo desgastada.

“Durante a prática sexual, é natural que os dentes entrem em contacto com determinadas substâncias ácidas, como certos lubrificantes ou fluidos vaginais que, devido à acidez do seu pH, podem provocar o desgaste da dentição”, esclarece.

Para o minimizar, o profissional deixa três conselhos:

• Quando utilizar lubrificantes, verifique o nível do pH e “opte por produtos que não tenham um pH ácido”, privilegiando os com um mais equilibrado;

• Beba muita água, uma vez que “ajuda na produção de saliva, essencial para evitar a secura da boca e, consequentemente, neutralizar os ácidos e proteger os dentes”;

• “Mantenha consultas regulares com o médico dentista, que pode identificar precocemente qualquer desgaste do esmalte ou outros problemas orais”.

Mau hálito

Não é preciso envolver sexo oral nas relações sexuais para isto acontecer, pois acontece em qualquer momento mais caliente, mas “certas bactérias podem ser transferidas para a boca, contribuindo para o mau hálito”.

É por isso “essencial que se assegurem todos os hábitos de higiene oral, como escovar os dentes, pelo menos duas vezes ao dia, e, especialmente, depois da prática de relações íntimas, para garantir que são removidos quaisquer resíduos da boca”, repara o especialista.

Como praticar sexo oral de forma segura

Pedro Cosme deixa alguns cuidados a ter para que o sexo oral não seja sinónimo de riscos para a saúde oral.

• Durante a prática de relações íntimas, a prioridade deve ser sempre a saúde e a segurança. Caso algum dos parceiros esteja com alguma complicação oral, como uma lesão ou afta que possa causar dor ou desconforto, é importante priorizar o bem-estar e evitar qualquer prática que possa agravar a situação;

• Evitar movimentos bruscos durante as relações sexuais, e nomeadamente durante a prática de sexo oral, uma vez que estes podem causar atrito excessivo entre os dentes e a pele, podendo causar dor ou desconforto no parceiro;

• É fundamental que, durante a prática destas relações, haja total confiança e estabilidade com o parceiro sexual, garantindo uma comunicação aberta e honesta para que todos se sintam confortáveis e seguros;

• Qualquer dúvida ou preocupação sobre a prática de relações sexuais deve ser sempre partilhada com um profissional de saúde, para que sejam esclarecidas todas as informações.