#Afinal, os contracetivos têm ou não impacto no desejo sexual?
Um especialista coloca os pontos nos “i’s”.
*De geração em geração, passam-se conselhos que deviam ficar perdidos algures no tempo. No entanto, muitas ideias preconcebidas sobre beleza e bem-estar teimam em regressar. Para as desconstruirmos, criamos esta rubrica, que é uma espécie de fact-check, em que poderá encontrar respostas às questões que sempre teve.*
Muitas dúvidas existem em torno do sexo e da sexualidade. E não nos referimos apenas à iliteracia em torno destes assuntos, causados, em especial, pelo estigma que ainda existe. A própria ciência está ainda a anos luz de saber responder, de forma clara inequívoca, a todas as questões, em especial sobre o corpo das mulheres.
Ainda assim, cada vez mais investigadores se preocupam em dar explicações e tirar conclusões neste campo. Uma das perguntas que têm procurado responder é se os contracetivos têm ou não impacto na líbido.
Os contracetivos no desejo sexual
De acordo com a Ordem dos Farmacêuticos, a influência dos anticoncecionais hormonais na sexualidade feminina é ainda “muito controversa”. Enquanto uns estudos mostram a diminuição do desejo, outros referem o aumento.
“Os contracetivos orais diminuem a testosterona livre circulante, o que poderia diminuir o desejo na mulher, embora os dados sejam limitados”, pode ler-se no site da instituição.
Porém, Daniel Pereira da Silva, ginecologista, sublinha ainda que “as mulheres que veem o desejo sexual afetado quando usam um determinado método ou certa pílula são aquelas que já referiam dificuldades a esse nível anteriormente”.
É por isso que acredita que “o desejo sexual é multifatorial” e está relacionado “com a nossa personalidade e vivências”.
Deste modo, tendo em conta que razão pela qual a líbido é menor “é mais intrínseca”, o profissional de saúde reconhece que é importante “atuar a esse nível, estimulando a adoção de atitudes e comportamentos que estimulem o desejo sexual”.
Aumentando a líbido
Raymond Hobbs, médico no departamento de medicina interna no Hospital Henry Ford, em Detroit, nos Estados Unidos, afirma, em declarações à Time, que também já viu casos em que a toma de contracetivos orais tornou o desejo maior.
“Tomar a pílula é bastante seguro e [as mulheres que se sentem] mais confiantes com o seu método contracetivo veem a sua sexualidade melhorar”, destaca.
Resumindo: Afinal, embora não exista consenso relativamente ao impacto dos contracetivos na líbido, a maioria dos investigadores e profissionais de saúde acreditam que os fármacos não diminuem o desejo sexual.