E as fantasias sexuais mais desejadas são…
Criar fantasias sexuais durante um encontro é essencial para estimular o desejo. Quebram a rotina, fazem-nos sonhar e abrem novos caminhos para os sentidos, proporcionando mais e melhor prazer. Mas quais são as mais comuns? E por que é que temos tendência para as inibir?
Conhecer bem o seu corpo e dar asas à imaginação são dois passos fundamentais para uma vida sexual satisfatória, duvida? Justin Lehmiller, autor da obra Tell Me What You Want, fez uma pesquisa sobre a vida sexual dos americanos. O resultado foi a publicação da lista das fantasias sexuais mais populares.
As fantasias sexuais mais desejadas
1. Sadomasoquismo e dominação: cerca de 65% dos inquiridos fantasiam em receber dor como forma de se excitarem. As mulheres, na sua maioria, preferem ser amarradas e dominadas pelo parceiro.
2. Ter mais do que um parceiro sexual ao mesmo tempo: desejo de relações a três ou orgias. Esta é a fantasia mais comum, com cerca de 89% dos inquiridos. Os homens heterossexuais preferem duas mulheres e as mulheres não especificam género.
3. Sexo em locais públicos: a localização dos encontros sexuais é uma das principais fantasias, sobretudo para as mulheres. Entre os locais mais fantasiados estão o escritório, o parque público e o elevador.
4. Mudar a rotina sexual: novas posições e em locais diferentes são as fantasias de muitos dos inquiridos.
5. Sexo com sentido: boa parte dos inquiridos revela que gostaria de ter sexo romântico, em que o parceiro os faça sentir desejados, amados e irresistível
6. Relações abertas, voyeurismo e exibicionismo: um grande número dos inquiridos gostaria de ter sexo com outras pessoas com a aprovação do seu parceiro. Cerca de 62% das mulheres fantasiam com este tipo de relação.
7. Parceiros sexuais do mesmo sexo: ainda que boa parte dos inquiridos diga ser heterossexual, muitos fantasiam ter relações com pessoas do mesmo género.
As fantasias sexuais no dia a dia
Maria (nome fictício) tinha 25 anos e poucas experiências sexuais no rol. Secretamente desejava ter relações sexuais ao ar livre, num local público, onde sentisse a adrenalina que o risco de ser apanhada lhe provocava. Não se atreveu a falar disso ao namorado, mas preparou-lhe uma surpresa. Uma noite de verão em que ele a foi buscar a casa para passear junto ao Tejo, saiu de saia, sem roupa interior.
E, num banco de jardim, discretamente, deu asas ao seu desejo. Praticamente todas as mulheres, tal como os homens, fantasiam, de alguma forma, com sexo fora dos padrões habituais. Enquanto crianças, o mundo da fantasia dominava as nossas vidas e procurávamos através do faz-de-conta, alegria e felicidade. Depois crescemos e o stresse diário, as responsabilidades e as preocupações quebram a magia infantil, a capacidade de fantasiar.
As fantasias eróticas são, segundo os especialistas, importantes para melhorar as nossas relações amorosas: quebram a rotina, fazem-nos esquecer as dificuldades e abrem-nos novos caminhos para os sentidos, proporcionam mais e melhor prazer sexual.
Fantasiar é deixar o papel de esposa e de mãe por umas horas e viver outra vida, com menos responsabilidades, construindo assim uma relação mais sólida e satisfatória com o parceiro.
“É preciso clarificar que há uma grande imprecisão e confusão acerca do que são fantasias sexuais. Muitas vezes usa-se este termo para falar do desejo de praticar atividades menos normativas, ou para falar de ideias que as pessoas têm acerca de contextos e narrativas sexuais onde se imaginam envolvidas, ainda que possam ser irrealistas ou de fácil execução. E, neste sentido, falamos do gosto de evasão e visita ao improvável através da imaginação”, explica-nos Patrícia Pascoal, presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica e Coordenadora do Mestrado em Sexologia da Universidade lusófona.
Ou seja, segundo esta especialista, as pessoas imaginam-se a assumir papéis diferentes em contextos muitas vezes impossíveis, o que pode funcionar como um estímulo sexual, aumentar a vontade de ter atividade sexual e até a excitação durante a sua prática. E isto, muitas vezes confunde-se com o planeamento de diversificação de locais e diferentes formas de praticar sexo, e aqui falamos de programar, planear e imaginar algo que se pretende concretizar.
Em suma, para Patrícia Pascoal “fantasias podem ser imagens, histórias, pensamentos ou ideias que se tem acerca da prática sexual. Há, contudo, uma série de pensamentos e ideias sexuais que são inesperadas, invasivas e que assumem conteúdos desagradáveis. Por exemplo, imaginar que está com outra pessoa e não com a pessoa com quem está. Nestas situações as fantasias podem associar-se a sofrimento, culpa e mal-estar”, refere a propósito.
Culpa e medo podem diminuir o prazer
É precisamente a culpa e o medo que podem provocar barreiras ao prazer. Culturalmente, as mulheres ainda se encontram limitadas por uma sociedade que as considera mais passivas, permissivas e dependentes, o que prejudica vários aspetos da sua vida, nomeadamente a sexual.
Muitas vezes, os limites às fantasias são os nossos valores, que, por motivos meramente culturais, não nos deixam ir mais longe. Contudo, Joana Almeida, psicóloga clínica e terapeuta sexual, refere que “num casal heterossexual, pode ser o homem a ter a iniciativa de falar sobre sexualidade e mostrar os seus desejos, mas acredito que muitas mulheres também o façam. Não sei se terão menos propensão para demonstrar os seus desejos e fantasias do que os homens ou se eles serão mais visíveis a fazê-lo”.
Para ela, a dimensão da imaginação na sexualidade, seja em mulheres ou em homens, pode ser explorada para se procurar novos prazeres, cuja satisfação, mais ou menos realista e encenada, traz sentimentos positivos de felicidade, alegria e calma. Obviamente que, para esta psicóloga, algumas pessoas têm mais facilidade em fantasiar do que outras, pois têm uma vida mental e cognitiva mais fértil.
A educação e a nossa socialização alimentam e estimulam, ou reprimem e criam obstáculos, a que se tenha uma imaginação livre e não demasiado condicionada por ideias pré-formatadas e estereotipadas. Na relação sexual, o mais importante, como defende, é que cada pessoa se respeite a si mesma e ao seu parceiro e numa comunicação honesta e sem preconceitos consiga encontrar um espaço para conversar e explorar em conjunto o que gosta e o que o gostaria na sua vida sexual, seja em práticas, encenações, ou simples ideias.
“O culto da sexualidade e do prazer foi sempre mais associado ao universo masculino, mas hoje já começamos a observar uma viragem, com a emancipação da mulher no prazer e na demonstração das suas fantasias, e maior abertura para falar sobre o que gosta e não gosta”, refere Vera Ribeiro, sexóloga e autora do livro Manual de Sedução. Para esta sexóloga as mulheres são mais complexas nas suas fantasias (mas também podem beneficiar mais destas), necessitam de mais informação e sensibilidade do que o homem.
“Este precisa de informação auditiva ou visual para que a sua fantasia se desenvolva, enquanto que a mulher tem maior necessidade de uma envolvente mais química, e o enredo que vai para além do auditivo ou visual, carece de componente emocional, de uma entrega absolutamente completa”, explica. Ou seja, dada a sua maior complexidade, torna a fantasia mais difícil de acontecer. “Todas as mulheres têm a capacidade de fantasiar, mas a forma como exercitam e cultivam essa fantasia é que vai ditar o produto final”, diz.
Como aumentar o desejo
David Barlow, diretor do departamento de Investigação em Sexualidade da State University of New York, realizou um estudo sobre o que as fantasias sexuais dizem sobre nós, e concluiu que a maioria das pessoas tem cerca de sete a oito fantasias sexuais por dia, e que, entre os heterossexuais, cerca de três quartos são sobre sexo dito normal, enquanto 25% são sobre variações como sadomasoquismo ou sexo em grupo. E este comportamento é absolutamente normal, desde que não dependa das fantasias para conseguir excitar-se, senão estaremos perante um problema psicológico mais profundo. Importante é não deixar que as fantasias sejam apenas uma forma de ‘ultrapassar’ mau sexo, mas sim de apimentar uma relação saudável.
Para conseguir intensificar o seu prazer e o do seu companheiro entrando no mundo da fantasia, deve abrir a mente e deixar-se levar. E para isso não pode haver autocensura, mas sim autoconhecimento: saber o que se quer, o que se gosta, onde gosta de ser tocada e onde gosta de tocar. Sem medos e sem tabus. Quando fantasiamos abrimos os canais de expressão da sensualidade e surge o desejo, muitas vezes escondido na rotina, ou seja, colocamos a imaginação ao serviço do sexo.
As fantasias podem ser planeadas a dois ou realizadas de surpresa, mas deverão ser sempre satisfatórias para ambos. Sendo que os homens são mais visuais – um filme pornográfico, por exemplo, é suficiente para se excitarem –, as mulheres precisam que todos os sentidos entrem na equação, já que o cérebro também é um importante órgão sexual.
Porém, as suas fantasias sexuais não diferem muito das dos homens: encontros a três, sexo em locais públicos, observar os parceiros a terem relações sexuais com outras pessoas estão no topo da lista conforme revela Justin Lehmiller, autor da obra Tell Me What You Want. No livro Manual de Sedução, Vera Ribeiro dá algumas sugestões para que possa tomar a iniciativa num encontro sexual e apimentar a sua relação, começando com os preliminares.
Fazer uma refeição afrodisíaca, com alho e ginseng, ou usar um topping corporal – feito com polpa de fruta e açúcar – que será depois espalhado pelo corpo. Dê asas à imaginação e, desde que seja consensual, vai ver que não se arrependerá.
Sabia que estas eram as fantasias sexuais mais comuns? Conheça ainda as 9 perguntas que sempre quis fazer sobre prazer sexual.