Conheça as razões pelas quais pode ter falta de libido
Será verdade que a diminuição do desejo sexual afeta mais as mulheres? E os preliminares de sedução serão mesmo assim tão fundamentais para o caso? Todas estas questões e mais ainda sobre a falta de libido, respondidas por um especialista.
A libido, que do latim significa “anseio ou desejo”, ainda constitui um mistério para muitos. As razões que podem causar a sua diminuição ainda mais. De facto, se há fatores que podem fazer toda a diferença no sexo, a libido é um deles.
Já percebeu do que estamos a falar? Para tirar todas as nossas – e as suas – dúvidas, falámos com a ginecologista Sílvia Roque, do Hospital Cuf Descobertas e da clínica médica Fetogin, que numa conversa franca e objetiva nos indicou tudo o que precisávamos de saber.
A importância da libido
Antes de mais, é preciso saber em concreto o que está em cima da mesa. Numa definição simplista e em tudo certeira, Sílvia Roque começa por nos explicar que a libido é nada mais, nada menos, que “o desejo sexual”.
O dicionário Priberam da língua portuguesa complementa, trata-se “da energia fundamental do ser vivo que se manifesta pela sexualidade”.
Apesar de poder ter uma definição mais ampla até, no geral, é o termo que se usa para descrever a movimentação sexual ou o desejo para a atividade sexual.
E quando nos referimos ao bem-estar individual e em casal, qual a sua preponderância? “O desejo sexual gera um estímulo para a relação sexual, que condiciona excitação e orgasmo” elucida-nos a ginecologista.
Desta forma, “a prática sexual provoca uma sensação de bem-estar físico e emocional, e após esta realiza-se a libertação de substâncias, as chamadas endorfinas, que atuam ao nível do sistema nervoso central”, continua.
Para quem possa não saber, estes neurotransmissores são responsáveis por melhorar o bem-estar, o humor, a descontração dos músculos, e através do relaxamento destes, a melhoria na qualidade do nosso sono.
Ainda tem dúvidas porque é que o sexo é tão benéfico para a saúde física e mental? Mas para que este se concretize é necessário haver, em ambos os sexos, uma disposição para tal. E quando esta está em baixo?
O que pode influenciar a libido
Tal como o título deste artigo indica, quisemos perceber quais os principais fatores que podem influenciar este desejo sexual, nomeadamente o que pode provocar a sua diminuição, quer em homens, quer em mulheres.
Assim, as principais causas para a falta de libido segundo Sílvia Roque são:
• Monotonia na relação;
• Conflitos conjugais;
• Stress do dia a dia;
• Alterações hormonais (nomeadamente a menopausa na mulher);
• Depressão;
• Medicamentos (sobretudo anti-hipertensivos);
• Outros.
Consequências
Quando falamos em consequências para a vida de um casal em que um dos membros (ou ambos) tenham falta de libido, a ginecologista traz-nos de volta o afastamento, a monotonia e os conflitos conjugais como peças-chave na equação.
“Quanto mais prolongada for a situação, pior, porque começa a ser natural não haver intimidade entre o casal”, alerta-nos a médica.
O que fazer? “O diálogo entre o casal é fundamental, deverão procurar atividades que sejam do agrado de ambos, nomeadamente a dança ou o exercício físico, que provoca o bem-estar geral”. Mas há mais, já lá iremos.
Antes quisemos perceber se a diminuição do impulso sexual é mais frequente em algum dos sexos – pode existir um certo mito associado e a leitora sabe a que nos referimos – ou mesmo em alguma faixa etária.
Sílvia Roque é peremptória, não deixando margem para dúvidas “O mais frequente é atribuir-se à mulher a falta de libido, mas atualmente, com a libertação sexual, a diminuição do impulso sexual existe em ambos os sexos”.
Tratamento
Relativamente à forma como se pode lidar com esta condição, Sílvia Roque faz-nos algumas distinções importantes, em primeiro lugar:
• “No caso da falta de libido secundária a outras patologias, o tratamento destas pode resultar na diminuição da disfunção.”
• “No caso da menopausa, o tratamento com terapia hormonal de substituição pode ajudar a repor o desejo sexual.”
• “Se a causa for desconhecida ou primária, não existem medicamentos específicos; o melhor tratamento neste caso seria a prática de exercício físico, se possível em conjunto, suplementação, atividades recreativas conjuntas, etc.”
Segundo a ginecologista, é de extrema importância que o casal invista na prática sexual mesmo sem vontade, uma vez que esta premissa ajuda a aumentar, aos poucos, a própria vontade sexual.
Só nos casos em que estas medidas não resultem se pode recorrer a fármacos como a testosterona ou derivados, uma vez que esta hormona é responsável pelo desejo sexual. Uma alternativa em tudo plausível e benéfica será também o aconselhamento em terapia de casal.
Da mesma forma, tal como foi referido em cima, também a suplementação pode ter o seu papel. Quisemos explorar.
“A suplementação é importante na diminuição do cansaço e no bem-estar de ambos. Alguns suplementos provocam estimulação e aumentam a energia”, explica-nos calmamente.
Neste caso, o que procurar? “Como exemplos tem-se o Ginko Biloba, a Maca, Tribulus, Ginseng, suplementos de vitamina C, complexo B, entre outros”, pelo que “existem no mercado algumas combinações de suplementos que podem ajudar”.
Uma última mensagem
Se está a passar por esta dificuldade na sua vida, saiba que a altura certa para procurar ajuda será literalmente o mais depressa possível. De facto, impera uma certa urgência, como sublinha a médica.
“Deve-se pedir auxílio [neste caso especializado] o mais rápido possível, logo após sentir a diminuição progressiva do desejo sexual, de forma a identificar as causas desta disfunção e a vida sexual poder voltar ao normal”.
“É importante também não nos esquecermos de descansar, dormir, praticar exercício físico e ter uma alimentação saudável”, reitera, mais uma vez.
Finalmente, e já no fim da nossa conversa, Sílvia Roque deixa um conselho a quem se encontra nesta situação, uma mensagem cheia de significado.
“Gostaria de aconselhar a prática de jogos amorosos, conhecidos como preliminares. É importante o casal conhecer-se na sua intimidade e compreender as áreas erógenas de cada um”.
E continua: “Muitas vezes, a rotina torna-se nossa inimiga e cabe a cada elemento da relação contrariá-la.”
“A relação sexual não se inicia só no leito conjugal, deve-se cultivar o romantismo e a intimidade com criatividade, prática que nos dias de hoje se está a perder”, conclui prontamente.