Tudo o que sempre quis saber sobre sexo anal
Para uma grande parte dos casais heterossexuais, o sexo anal é ainda um tabu. Quisemos perceber porquê e quais os prós, e possíveis contras, desta prática sexual.
O principal problema associado ao sexo anal é o facto de ser uma prática desconhecida, principalmente para o sexo feminino. Contudo, este ato sexual, visto como infame e doloroso, pode proporcionar-lhe muito prazer.
No livro O Melhor Sexo do Mundo, Cristina Mira Santos, psicóloga e coacher sexual, explica que “o sexo anal tem uma carga negativa um tanto injusta, porque se para uns é impensável, para outros é indispensável – ou não haveria tanta gente adepta da sua prática”. Mas para que consiga mudar de perspetiva, é preciso desfazer alguns mitos e abrir os horizontes.
Vera Ribeiro, psicóloga clínica e sexóloga, afirma no seu livro Manual de Sedução, “não existem regras na intimidade, cada um de nós impõe o limite dentro daquilo que considera ser confortável para si mesmo. A base fundamental desta prática íntima é a segurança e confiança entre o casal”.
Mas é importante reforçar que “uma relação não deixa de ser mais ou menos completa se tiver relação anal ou não”, esclarece.
O elefante na sala
Uma das razões pelas quais as mulheres são reticentes a experimentar sexo anal é o medo de que este seja demasiado doloroso e desconfortável.
Para compreender melhor a razão pela qual se o sexo anal está associado à dor, Vera Ribeiro explica: “todos temos dois esfíncteres anais, designadamente dois músculos em formato circular que se contraem e relaxam. O primeiro esfíncter encontra-se na entrada do ânus, e o outro aproximadamente três centímetros depois. Quanto maior é a tensão muscular, por ansiedade, nervosismo, receio de dor, maior será o desconforto aquando da penetração. No entanto, a dor provocada tenderá a desaparecer, pela adaptação do corpo.”
A psicóloga Cristina Mira Santos acrescenta ainda que “o ânus é uma das zonas mais irrigadas do corpo humano e, por isso mesmo, uma das mais sensíveis, com mais recetores nervosos. Ou seja, um alvo de prazer que merece ser explorado”.
Resumindo, o mais importante é não sentir pressão e descontrair, pois só assim poderá usufruir do melhor que o sexo anal lhe pode proporcionar.
7 dicas a ter em conta para a primeira vez
No livro Manual de Sedução (Manuscrito 2018), Vera Ribeiro revela algumas dicas sobre o que deve, e o que não deve fazer.
• Use sempre preservativo, pois só assim irá prevenir infeções sexualmente transmissíveis. Para além disso, protege o pénis de outras infeções que podem ser provocadas pelo contacto com as fezes;
• Escolha um lubrificante à base de água. O ânus não tem lubrificação natural para a penetração, e assim irá prevenir algum tipo de ulceração anal;
• De forma a evitar uma entrada abrupta do pénis, experimente um dilatador anal. O ânus vai sendo dilatado gradualmente, ajudando a relaxar a musculatura;
• Não utilize anestésicos locais. Se deixar de sentir, não só não terá prazer como pode levar a que algum movimento mais brusco provoque uma lesão, ulceração local ou até mesmo rompimento das pregas, sem se aperceber;
• Se efetuar penetração anal, não deve passar diretamente para a penetração vaginal, pois pode transportar bactérias provenientes do ânus que podem causar infeções vaginais e/ou urinárias. Troque sempre de preservativo;
• A limpeza intestinal pode ser perigosa e desconfortável. Em alternativa, limpe apenas a entrada do ânus, com água;
• O sexo anal não é recomendado a pessoas com hemorróidas ou outro tipo de secreção ou fissura anal.
O caminho até ao orgasmo anal
Tal como já referimos acima, o ânus é uma zona com muitas terminações nervosas e, por isso, uma excelente fonte de prazer. Mas o mais importante para atingir um orgasmo anal é relaxar, não só fisicamente como mentalmente.
Se tem dúvidas quanto à posição ideal, saiba que não há nenhum segredo nesta matéria, a não ser que a comunicação é a chave para o sucesso. Contudo, segundo os relatos feitos em consultório com a psicóloga Vera Ribeiro, as preferidas são a posição de quatro (de joelhos e palmas das mãos para baixo) e lado a lado (também conhecida como conchinha).
A psicóloga clínica e sexóloga adverte que “a posição escolhida deve favorecer quem é penetrado, para que possa controlar a profundidade e cadência da penetração, porque quem penetra não tem perceção da dor ou do desconforto do parceiro”.
Da teoria à prática: sexo anal sem dor
A psicóloga e coacher sexual, Cristina Mira Santos, reuniu no livro O Melhor Sexo do Mundo (A Esfera dos Livros, 2016) um manual de instruções para a prática do sexo anal, para que a primeira experiência seja o mais satisfatória possível.
• É importante que esteja numa posição confortável, que deixe o ânus a descoberto e relaxado, idealmente apoiadas nos joelhos e cotovelos;
• A entrada do ânus deve ser massajada em movimentos circulares, com o dedo perfeitamente lubrificado, repetindo até sentir o músculo relaxado;
• Após uma massagem demorada, o dedo indicador deve começar a ser introduzido, aplicando ligeira pressão na entrada do ânus. Ao mesmo tempo, o dedo deve ir fazendo movimentos giratórios, como se estivesse a abrir caminho;
• O mesmo dedo pode começar a entrar em profundidade, sempre de forma gradual e lentamente. É natural que sinta resistência, por isso, certifique-se que mantém a zona lubrificada.
• Dedique-se a explorar. Do dedo ao pénis ainda vai um longo caminho. Pode, isso sim, passar para um vibrador ou dildo de espessura intermédia, entre o dedo e o pénis.
• A partir daqui, fica à consideração do seu desejo. Pode desistir ou, se até se sentiu confortável com esta nova experiência, avançar para o sexo anal.