Não podemos falar de sexo tântrico sem antes perceber a sua origem. Esta prática deriva da filosofia tantra, que nasceu na Índia há cerca de cinco mil anos. É uma filosofia oriental que inclui várias técnicas que procuram o desenvolvimento integral do ser humano, mental, espiritual e físico e, consequentemente, também sexual.
As técnicas tântricas envolvem “um conjunto de práticas que usam a respiração, movimentos do corpo, sons e símbolos que visam acalmar a mente e ativar a energia sexual”, explica Paulo Shiva, terapeuta da Escola de Tantra, na Amadora.
Esta energia sexual está concentrada no nosso primeiro chakra, o muladhara – de acordo com as religiões orientais, o ser humano tem sete chakras principais que regem a nossa estabilidade física, intelectual, emocional e espiritual – e, através das técnicas tântricas, pode ser direcionada para todo o corpo, o que irá permitir alcançar outros estados de consciência e felicidade.
Está mesmo preparada para o sexo tântrico?
Para Paulo Shiva, estar realmente aberta ao amor é uma condição fundamental para avançar para a prática do sexo tântrico, mas, por vezes, é preciso resolver alguns “conflitos internos”, que podem condicionar não só a entrega, mas também a troca de amor pleno que o caracterizam.
Contudo, as práticas tântricas também ensinam técnicas de respiração e meditação que podem ser eficazes na resolução de problemas emocionais. Com recurso a técnicas tântricas específicas, é ainda possível tratar disfunções sexuais que também são “disfunções emocionais”, sublinha o terapeuta.
O sexo tântrico, especialmente se for praticado com regularidade, pode ajudar a despertar o desejo sexual em casais onde a monotonia está instalada, mas mesmo os que têm uma sexualidade gratificante podem beneficiar. Contudo, em todos os casos, para desfrutar dos reais benefícios do sexo tântrico, é preciso dispor de tempo.
A par da entrega total, a disponibilidade é outra condição fundamental para desfrutar das sensações do sexo tântrico e, “nos tempos que correm, dificilmente dispomos do tempo e da energia que são necessários”, reconhece o terapeuta de tantra, alertando, no entanto, que “o sexo com qualidade é mais importante do que o sexo em quantidade”.
Da teoria à prática
O segredo para descobrir novas formas de prazer pode estar na respiração certa. Como explica Paulo Shiva, “quando aprendemos a respirar corretamente, conseguimos enviar poderosos fluxos de energia sexual através do corpo ao nosso parceiro” e é precisamente a partir dessa respiração que conseguimos também controlar essa energia sexual”.
“Com a respiração, aprendemos a aumentar o ‘calor’ e a acalmá-lo, consoante a nossa vontade e, quanto melhor conseguirmos fazer este ‘exercício’, mais perto estaremos do nosso controlo. Ao mesmo tempo e no sentido oposto, mais preparados estaremos também para perder o controlo e alcançar o chamado estado de êxtase’”, explica o terapeuta. Durante o sexo tântrico, o casal está verdadeiramente conectado e as técnicas utilizadas não têm como finalidade a penetração ou o orgasmo.
A penetração pode acontecer, mas não é um objetivo, tal como o orgasmo deixa de ser encarado como uma finalidade e passa a ser apenas uma consequência. Todas as áreas do corpo humano são exploradas e a região dos genitais deixa de ser o “centro das atenções”, refere Paulo Shiva.
Sexo tântrico em sete passos
1. Escolha o dia certo
Os períodos pré-menstruação e pós-menstruação são altamente energéticos para a mulher. Sabe-se ainda que, na lua cheia, a mulher tem mais potência sexual. Na lua crescente, o homem está mais viril. Na lua nova, ambos estão relativamente sexuais. Já na minguante, a energia não está muito propícia. O quinto dia de lua cheia e o 15° dia da lua de nascimento são considerados ‘mágicos’ para o tantra. Para que a atividade sexual seja mais prolongada, o melhor horário é entre as 13 horas e as 23 horas.
2. Prepare o espaço com antecedência
Alguns dias antes do ritual, ‘limpe’ o espaço, utilizando incensos de boa qualidade e um copo de água com sal marinho ou grosso para absorver as energias astrais inconvenientes, e coloque músicas de mantras ou de transe (sem letras) para o ambiente ficar com a vibração desses sons sagrados.
3. Crie o ambiente ideal
As cores também ajudam a criar a atmosfera ideal. O vermelho e o laranja são estimulantes e o violeta e o azul escuro induzem um estado emotivo. A cama deve estar próxima do chão, os tapetes devem ser grandes e as almofadas devem estar espalhadas pelo chão. Plantas ou flores dão um clima de naturalidade e as luzes das velas, combinadas com espelhos, favorecem os tons de pele e podem aumentar o erotismo de certas partes do corpo. Os lençóis devem ser cobertos com algumas flores e perfumados, e deve-se queimar um incenso doce.
4. Aposte em aromas sensuais
Existe um aroma ideal para cada parte do corpo. Na mulher, deve aplicar-se óleo de jasmim, nas mãos; óleo de patchuli, no pescoço e na face; óleo de âmbar ou almíscar sintéticos, nos seios; extrato de valeriana, no cabelo; óleo de sândalo nas coxas; e, por fim, perfume de açafrão, nos pés. Para o homem, recomenda-se o óleo de sândalo, que deve ser colocado na testa, no pescoço, na barriga, no peito, nos genitais, nos braços, nas pernas e nos pés.
5. Explore os ‘Quatro prazeres’
Na filosofia tântrica, fala-se do prazer ‘das emoções’, o prazer ‘perfeito’, o ’prazer absoluto’ e o ‘prazer inato’. As suas manifestações são conhecidas como o sorriso, o olhar, o abraço e a união completa.
6. Dê beijos estimulantes
Segundo a filosofia tântrica, existem oito tipos de beijo: o direto, o curvado, o erguido, o pressionado, o altamente pressionado, o do lábio superior, o envolvido e o da luta da língua. O mais importante é o do lábio superior e não deve ser esquecido nos momentos mais ‘quentes’. Quando a mulher está cheia de desejo, deve mastigar e morder o lábio inferior do parceiro com suavidade. Ele, por sua vez, deve fazer o mesmo com o lábio superior da mulher, sugando-o com delicadeza.
7. Prefira posições que prolonguem o contacto
Na maioria das posições sexuais, é a mulher que fica por cima e de frente para o homem. Estas são as posições onde a mulher tem uma maior liberdade de movimentos. Porém, o homem tem uma maior dificuldade em ejacular, logo o casal consegue prolongar o contacto.
Fonte: Paula Shiva, terapeuta de tantra
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