Estamos sempre a falar de saúde relacionada com dormir bem, fazer exercício e alimentarmo-nos com os nutrientes certos, mas não nos lembramos de nos terem perguntado num check-up médico como estava a nossa saúde sexual.
Já há bastante tempo que percebemos que autocuidado não são só máscaras faciais ao domingo à noite e, embora o caminho ainda seja longo, 2022 foi o ano em que a saúde mental se estabeleceu como um assunto de debate público e, por arrasto, a importância do prazer para esse bem-estar geral.
Sexualidade pós-pandemia
Estarmos mais conscientes das nossas necessidades sexuais significa estarmos mais atentas ao nosso corpo e aos seus sinais.
Por muito tempo, os anos 60 foram apontados como a grande era de revolução sexual, mas um novo sopro de mudança parece ter sido trazido pelo mundo pós-pandémico – e, pasmem-se, o foco está no prazer feminino.
Depois da pílula e algumas escolhas de vestuário arriscadas, o que sobrou da era hippie acabou por beneficiar mais os homens e as suas vontades.
Mas, como aponta a escritora Maya Singer num artigo para a Vogue americana de 2020, desaprender hábitos antigos não acontece de um dia para o outro – ou durante o decorrer de uma pandemia global.
“Para a sociedade e para as mulheres individualmente há muito trabalho para fazer. A boa notícia é que este trabalho está agora a ser feito por mulheres para mulheres”, afirma.
Um final feliz
O prazer feminino é integral ao empoderamento feminino e o seu impacto positivo está à vista.
Quando é permitido a uma mulher explorar os seus desejos e abraçar a complexidade do prazer sexual num ambiente acolhedor, tal consegue aumentar a sua confiança exponencialmente e inclusive levar a relações mais equilibradas.
Um lembrete: “nem sempre as coisas têm de terminar em orgasmo. Os orgasmos são distintos – todos nós já tivemos uns que parecem ser um espirro ou arroto e outros que nunca mais esqueceremos”, explica a sexóloga Marta Crawford.
Será que o orgasmo é a principal preocupação sexual feminina?
“Acho que não – a excitação é o que nos motiva e nos faz querer voltar a essa experiência; fazer com que o nosso corpo vibre”, conclui a sexóloga que deixa também um alerta: “Os radicalismos são coisas perigosas” e diz para, acima de tudo, apostarmos na autorreflexão.
O que significa uma experiência sexual positiva?
Antes de tudo, o consentimento, “que passa não só por dizer que sim, mas fazê-lo de forma entusiasta, sóbria, informada, com direito a parar”.
E depois: é sobre ter mais orgasmos? Autoconfiança? Explorar sem pudores? Apenas nós mesmas conseguimos definir o que prazer significa.
E esse é o maior prazer de todos.