Sexo

Viagem pelo prazer: porque devemos celebrar a sexualidade feminina

De mãos dadas com a marca de cosmética O Boticário, procurámos perceber porque nem sempre acreditámos (ou ainda não acreditamos) que o corpo feminino é uma festa e desmistificámos alguns tabus sobre a sexualidade feminina.

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Viagem pelo prazer: porque devemos celebrar a sexualidade feminina Viagem pelo prazer: porque devemos celebrar a sexualidade feminina
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Mai. 30, 2024

Chegadas aos 30 ou 35 anos, muitas mulheres nunca viram a sua vulva. Sim, nunca pegaram num espelho e admiraram as suas partes íntimas e privadas – talvez por pensarem que são tão íntimas e privadas que até o são para elas mesmas. Não tiveram curiosidade em vê-la ou saber como é. Algumas sentiram mesmo vergonha, ansiedade ou até desconforto apenas com a ideia de o fazer.

Mas é compreensível. Embora tenhamos dado passos significativos em direção a uma maior liberdade sexual, ainda vemos o corpo, em especial a genitália, com vergonha. Afinal, sempre ouvimos dizer que não devemos tocar-lhe, explorá-la ou mostrá-la.

Apesar de tentarmos sair deste jogo de escondidas, sentimo-nos, por isso, ainda inibidas a aproveitar, muitas vezes, um momento caliente no seu esplendor. A culpa, podemos afirmá-lo, é do conservadorismo que, mesmo em pleno século XXI, continua a toldar as nossas mentes e nos faz acreditar que o sexo é definido de forma heteronormativa e falocêntrica.

Aliás, à luz da religião, este é visto apenas como meio de procriação, e a mulher deve ser recatada e do lar, subserviente ao seu marido e, claro, virgem até ao casamento. Por isso, não há abertura ao prazer. Este é relegado para segundo plano, enquanto o do homem é colocado em cima da cama, tornando-se, em tantos casos, o culminar e o ponto final da relação sexual.

O prazer, por si só, é uma necessidade psicológica básica que nos esquecemos muitas vezes de alimentar – Ana Correia, psicóloga

Uma conversa sobre o prazer

A Saber Viver juntou-se à marca O Boticário para refletir sobre temas como a sexualidade feminina, a liberdade e autoconfiança em relação ao corpo, a mulher como protagonista do próprio prazer, assim como desconstruir tabus e preconceitos que colocam barreiras para uma sexualidade plena e feliz.

Busca pelo autoconhecimento

Sozinha ou com um parceiro, tocando diretamente no clitóris, levando para o quarto um brinquedo sexual ou cruzando as pernas e balouçando, com roupa ou debaixo das cuecas: existem dezenas de estímulos e posições para explorar o próprio prazer e todas elas trazem benefícios para a saúde e empoderam-nos.

“A masturbação pode ser uma forma muito importante de descoberta, facilitando o acesso ao orgasmo durante o sexo”, explica Vânia Beliz, sexóloga. No entanto, salienta que “não deve ser vista como substituta, mas, sim, aliada”.

Contudo, as vantagens não se ficam por aí. Falar de uma viagem pelo desejo é falar também de uma melhoria da qualidade do sono e e de uma maior facilidade em adormecer, redução do stresse e ansiedade, alívio das dores menstruais e auxílio na concentração.

É ainda uma fonte de emancipação e selfcare, uma vez que permite descobrir cada milímetro de pele que nos faz ficar com as maçãs do rosto rosadas, aceitar o nosso corpo e aumentar a autoconfiança.

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Este conhecimento é fulcral para sermos mais livres sexualmente e nos libertarmos de preconceitos e estigmas que persistem a perdurar. Porém, “é importante não nos culpabilizarmos por não nos conseguirmos soltar como gostaríamos”, refere a especialista.

Apesar de estarmos mais conscientes e informadas, “muitas vezes as crenças acabam por se sobrepor”. Por esse motivo, “devemos fazer as pazes com o nosso corpo e resistir a tantas pressões que, depois, se transformam em frustração”, além de não esquecer que “todos os corpos podem dar e sentir prazer”.

Para isso, é preciso ir à descoberta e comunicar o que gostamos, queremos ou fantasiamos, além de como o desejamos. Sem medos ou vergonha. Só assim conseguiremos ter prazer e gritar a plenos pulmões ‘ahhh’.

Pôr os pontos nos is

Com tanta informação disponível, é preciso separar o trigo do joio. Vânia Beliz coloca um ponto final em alguns mitos.

A toma da pílula está relacionada com a perda de desejo?

Existem muitas pílulas! Se sentirmos perda de libido, podemos sempre mudar ou tentar outra forma de contraceção.
A falta de desejo que muitas mulheres experimentam deve-se ao facto de este medicamento influenciar as nossas hormonas, podendo, por isso, provocar falta de desejo, diminuição da lubrificação na excitação… Mas nada que não se resolva com aconselhamento específico.

Existem vários tipos de orgasmos?

Na minha opinião, existem, sim, diversas formas de chegar ao orgasmo. Diferentes formas de estimulação do corpo que nos podem fazer chegar ao orgasmo. Um destino com variados caminhos.

Nem todas as mulheres conseguem atingir o orgasmo?

Muitas nunca tiveram um orgasmo. Para o atingirmos, precisamos de chegar ao nosso nível máximo de excitação e, para isso, precisamos de manter o foco em algo que promova a excitação. É, por isso, que as fantasias são tão importantes.

Não precisam de ser algo concretizável, muitas vezes servem apenas como motor para conseguirmos ter mais prazer.
Apesar de muitas mulheres não conseguirem atingir o orgasmo, isso não significa que não exista prazer.

O que inibe a líbido?

  • Educação e preconceitos;
  • Stresse;
  • Ansiedade;
  • Alguns medicamentos;
  • Experiências sexuais negativas;
  • O modo como vemos o nosso corpo.

Além disso, “ao longo da vida, podem surgir outros fatores inibidores do nosso desejo, caso da gravidez, do pós-parto e do envelhecimento”, explica a sexóloga Vânia Beliz.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº284, fevereiro de 2024.

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