Quando procuramos um momento de concentração máxima, ou quando o objetivo é mesmo desligar, geralmente consideramos o telemóvel o principal culpado da nossa inquietação. É por essa razão que temos tendência a mantê-lo em silêncio, não vá a vibração e o constante ruído de notificações distrair-nos.
Contudo, com o telemóvel a ser cada vez mais o instrumento que nos mantém ligados uns aos outros, silenciar o smartphone pode ser percecionado como fechar a janela para o mundo (neste caso, online), e é essa a principal razão pela qual isso nos pode causar tanta ansiedade.
Afinal, silenciar o telefone é um aliado nas situações de stresse? Ou será antes um inimigo?
Silenciar o telemóvel: sim ou não?
No estudo publicado na revista Computers in Human Behavior, os resultados não enganam e as conclusões mostram que silenciar o telemóvel pode, de facto, causar mais stresse do que alívio.
O estudo baseou-se em duas variantes principais, nomeadamente o Fear Of Missing Out (FOMO), isto é, o medo de perder algo que está a acontecer ou algum momento, e o Need to Belong (NtB), que significa a necessidade de pertencer. Estes dois fatores foram cruzados com os traços de personalidade de cada participante e o tempo passado ao telemóvel.
Cerca de metade dos participantes manteve ligado o toque de telemóvel, enquanto que cerca de 42% tinham os seus telemóveis em modo vibração e 8,7% em silêncio.
Chegou-se à conclusão que era esta última percentagem quem mais navegava pelas redes sociais e, ainda, quem constantemente verificava se haviam novas notificações.
Contrariamente ao que se acredita, silenciar o telemóvel pode não ser a melhor solução se o que procura é concentrar-se
Percebeu-se ainda que esta constante preocupação está, de facto, associada a pessoas que tendem a sofrer de FOMO ou NtB. “O silêncio das notificações [para aqueles com FOMO e NtB] parece ser mais, e não menos, perturbador”, explicam os autores do estudo.
Concluiu-se ainda que colocar o telemóvel no modo “Não perturbar”, enquanto estuda ou trabalha, acaba também por ser um maior fator de distração e pode mesmo ter consequências contraproducentes.
No fundo, ter o equipamento com som atribui um falso “sentimento de pertença”, mesmo que nos encontremos sozinhas em casa.
Assim, silenciar o telemóvel não parece ser a solução, já que o silêncio passa a ter outro som: a constante voz interior que lhe diz para navegar entre as tão velhas notificações.