Simone Biles entrou na ribalta em 2016. Ganhou cinco medalhas olímpicas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e, com apenas 19 anos, escreveu o seu nome na história do desporto. Em Tóquio, voltou a superar barreiras. Desistiu das finais de equipa e do all-around, quebrou o estigma e trouxe o tema da saúde mental para cima da mesa. Mas antes disso, vamos primeiro conhecê-la.
A jovem norte-americana cresceu no estado de Ohio e vivia com a mãe toxicodependente. Desses tempos, Biles afirma recordar-se de passar fome. Os serviços sociais acabaram por retirá-la a ela e aos irmãos e levaram-nos para lares de acolhimento.
Mais tarde, os avós paternos ficaram com a sua guarda e foram eles que a inscreveram na ginástica. Não demorou muito até que o desporto passasse de apenas diversão para algo mais sério. Simone entrou em conflito com os treinadores porque a personalidade carismática e divertida chocava com a disciplina exigida a atletas de alta competição.
A atleta recorda-se de ter de sair às escondidas do campo de treino durante a noite para comer. Depois de vencer quatro medalhas de ouro no Rio de Janeiro, instalou-se um escândalo sexual na ginástica norte-americana. O massagista Larry Nassar abusou dezenas de jovens ginastas, entre elas Simone. Hoje, Biles ainda luta para que todos os responsáveis que permitiram esses abusos sejam levados à justiça.
Conseguiu qualificar-se no campeonato do mundo do Qatar. Mais uma vez, arrasou a concorrência. Durante o período em que decorreu a prova sentiu dores e foi ao médico e descobriram-lhe uma pedra nos rins, mas isso não foi impedimento – saiu do Mundial com a maior margem de vitória da história da modalidade. Simone Biles tornou-se a atleta mais medalhada da história dos Estados Unidos.
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Este ano, nos Jogos de Tóquio, cometeu um erro no salto do cavalo e retirou-se logo a seguir. Na conferência de imprensa após a prova, falou abertamente sobre o sucedido: “Depois do erro que cometi, já não queria continuar. Assim que piso o praticável sou só eu e a minha cabeça a lidarmos com demónios. Tenho de me focar na minha sanidade mental. Temos de proteger as nossas mentes e os nossos corpos, não apenas fazer aquilo que o mundo quer que façamos”. Biles decidiu, então, priorizar a sua saúde física e mental e desistir das provas finais de equipa e do all-around.
O caso de outros atletas
Assim como Simone, outros atletas expuseram os seus cuidados com o seu bem-estar emocional.
Naomi Osaka
A tenista japonesa Naomi Osaka de 23 anos, número dois mundial, e a quem foi entregue o privilégio de acender a chama olímpica dos Jogos de Tóquio, recusou-se a ir às conferência de imprensa depois do torneio de Roland Garros em prol da sua saúde mental. A decisão da tenista gerou uma punição no campeonato e, consequentemente, a sua saída da competição.
Wim Fissette, o seu treinador, explicou, em declarações à publicação alemã Der Spiegel, que Naomi está a usar o seu estatuto enquanto estrela global para trazer atenção para problemas importantes.
Saiu no passado dia 16 um documentário sobre a atleta.
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Liz Cambage
O terceiro lugar nas Olimpíadas de Londres em 2012, a jogadora de basquete da seleção da Austrália, Liz Cambage, abdicou do seu lugar na equipa deste ano por causa de transtornos mentais. “Dependo de medicação diária para controlar a minha ansiedade, não é o lugar onde quero estar agora. Especialmente numa competição com o maior palco desportivo do mundo”, afirmou no seu Instagram.
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Kelly Catlin
Kelly Catlin, vencedora de títulos mundiais em 2016, 2017 e 2018 não conseguiu conciliar o seu curso universitário, as aulas de violino e a sua carreira de ciclista. A jovem norte-americana acabou por se suicidar em 2019, com 23 anos.
Saúde mental
A doença mental deve ser encarada tal como encaramos a doença física. Há esperança que Simone Biles tenha aberto portas para que se passe a ver com seriedade as necessidades emocionais das pessoas, tal como se olha para um cancro ou um AVC. É necessário aniquilar este preconceito e falar mais sobre os benefícios do acompanhamento psicológico.
A terapia ajuda qualquer pessoa a ter uma relação mais saudável consigo mesma e com as outras pessoas à sua volta. A terapia é recomendada para qualquer pessoa que deseje melhorar aspetos emocionais da sua vida e não apenas para quem tem algum tipo de problema mental.