Sociedade

Capicua: "Mão Verde é um trabalho artístico, mas é um pretexto para falar de educação ambiental"

Capicua lança o segundo livro-disco, que chega com o mesmo objetivo: usar o encantamento infantil para pôr toda a família a falar sobre ecologia. Saiba mais.

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© D.R.
Rita Caetano
Escrito por
Set. 14, 2022

Plantas, animais, pessoas, insetos, flores e frutos são os protagonistas do livro-disco Mão Verde II, que quer pôr as famílias e a comunidade escolar a debater a ecologia, o consumo consciente e a alimentação sustentável.

A Saber Viver esteve à conversa com Capicua. Leia tudo.

Entrevista: Capicua

Como surgiu a ideia do projeto Mão Verde?

O embrião da ideia surgiu em 2015, em resposta a um convite do Teatro de São Luiz, em Lisboa, para fazer uma temporada de concertos para crianças. Como não tinha repertório pronto, convidei o Pedro Geraldes para fazer a música e compus com ele.

No final do concerto, toda a gente perguntava pelo disco e nós nem sequer tínhamos pensado nisso, mas acabámos por ficar com vontade de o fazer.

Em 2016, lançámos o Mão Verde I, um livro-disco com dez canções e dois poemas musicados acompanhados por ilustrações, notas informativas e conteúdos didáticos.

Por que escolheram a temática da ecologia?

É uma forma de contribuirmos para a mudança de comportamentos e consciência ambiental, que é tão urgente e que é preciso cultivar enquanto comunidade, pois só assim podemos diminuir o nosso impacto no planeta.

Achámos que a música valeria por si, mas teria outra dimensão se viesse acompanhada não só das ilustrações, mas também de notas informativas e dicas práticas para fazer em família, que redigimos com a ajuda do agrónomo Luís Alves.

Através de uma rima engraçada e de lengalengas pomos as famílias e a comunidade escolar a debater temas que são muito importantes – Capicua, artista

No final de março, lançaram o segundo livro-disco, sinal de que foram bem recebidos.

A tour que fizemos na altura do primeiro lançamento correu muito bem e deu-nos vontade de crescer em termos de visibilidade e de banda.

Em 2017, convidámos a Francisca Cortesão e o António Serginho para se juntarem a nós. Dois anos depois, voltámos ao São Luiz e decidimos celebrar o regresso com dois temas novos e, numa residência artística no último verão, compusemos o resto do Mão Verde II. E, claro, que não podíamos ter um disco sem um livro, por isso, voltámos a pedir a colaboração ao Luís Alves para a parte científica. Para as ilustrações, desta vez, convidámos Mantraste.

As crianças podem ser o motor de mudança para a defesa do planeta?

Sim. Primeiro, porque elas têm um encantamento pelas coisas simples e pelo tempo na Natureza. Gostam de ver o feijão crescer no algodão molhado, de ver a minhoca a passar na terra, reparam no dente-de-leão e querem soprá-lo.

À medida que crescemos, vamos perdendo esse encantamento poético e simbólico e nós queremos resgatá-lo, até porque o Mão Verde é, em primeiro lugar, um trabalho artístico, mas é um pretexto para falar de educação ambiental e da importância da participação cívica em prol de um futuro mais ecológico.

Portanto, pegar nesse encantamento infantil para pôr toda a família a falar destes assuntos sérios é um caminho que me parece muito intuitivo.

O facto de serem canções pode ajudar a memorizar os ensinamentos?

Claro, essa é a magia da rima e da canção. Podemos pôr as pessoas a cantarolar coisas sérias e fazer com que decorem informação e a partilhem sem parecer que estamos a ser moralistas.

Acho que esta junção de poesia, música, ilustração, educação ambiental e ativismo é um combo onde todos os elementos se potenciam uns aos outros.

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