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Porque é importante continuar a celebrar a liberdade que o 25 de abril nos trouxe

Porque é importante continuar a celebrar a liberdade que o 25 de abril nos trouxe

Em vésperas de mais um aniversário da Revolução dos Cravos, lembramos como era Portugal na ditadura e por que razões é importante continuar a celebrar a liberdade e a democracia.

Por Abr. 21. 2022

“Esta é a madrugada que eu esperava/ O dia inicial inteiro e limpo/ Onde emergimos da noite e do silêncio/ E livres habitamos a substância do tempo”. Os versos (in O Nome das Coisas) de Sophia de Mello Breyner Andresen eternizaram o 25 de abril, a data que Portugal não pode esquecer.

Este ano, a revolução dos cravos comemora 50 anos, um mês depois de a democracia ter ganho dias à ditadura. Só a 24 de março de 2022 é que Portugal passou a viver mais dias em democracia do que em ditadura, ou seja, a democracia ainda é muito jovem neste cantinho da Península Ibérica e é um processo inacabado com nos mostra o mundo.

O populismo cresce um pouco por todo o lado e Portugal não é exceção, com o aumento do número de votantes no Chega, partido de direita que tem atualmente 50 deputados na Assembleia da República; há mais de dois anos que a Ucrânia, um país soberano, foi invadida pela Rússia, o país vizinho cujo líder, Putin, sonha com um império que caiu nos anos 90, mas deu como desculpa para a guerra a necessidade de desnazificar e desmilitarizar a Ucrânia; no Afeganistão, os talibãs, que voltaram ao poder no verão de 2021, continuam, entre muitos outros atropelos à democracia, a proibir as meninas de frequentar aulas além do sexto ano de escolaridade.

E o rol de exemplos de como a democracia é frágil podia continuar, mas olhemos de novo para Portugal e para alguns dos dados divulgados recentemente que comparam o país que Portugal era em ditadura e o que é hoje.

Portugal antes e depois da ditadura

A esperança média de vida era de 68 anos, estando agora, em média, nos 80 anos.

 taxa de analfabetismo passou dos 26% para os 3%;

Em 1974, Portugal era o país da União Europeia onde mais crianças morriam com menos de um ano: 38 por cada 1.000 nascimentos.  Em 2022, Portugal ocupava o top dez dos países com menor taxa de mortalidade infantil com 2,6% (média europeia de 3,3%);

Em 1970, 53% das casas não tinham água canalizada e 42% não tinha instalações sanitárias, 40% não tinham esgotos e 36% não tinham eletricidade. Hoje esses números inverteram-se quase totalmente;

 As mulheres têm o primeiro filho, em média, sete anos mais tarde;

O adultério da mulher era punido com pena de prisão até 8 anos, ou degredo; atualmente, não é considerado crime.

Um homem que matasse a mulher, em situação de adultério, era desterrado para fora da comarca por seis meses; hoje, esse crime pode ser punido com uma pena de prisão até 25 anos.

Em caso de violação de mulher ou criança, caso o criminoso se casasse com a vítima designada como ‘ofendida’, não existia processo. Hoje, a violação é punida com prisão até seis anos, agravada em caso de menores.

A administração dos bens do casal, incluindo os que pertenciam à mulher, cabia ao marido que era o chefe da família; hoje, cada um tem direito a administrar os seus próprios bens e o conceito de chefe de família já não existe.

A mulher tinha a seu cargo o governo doméstico e só podia trabalhar com a permissão do marido.

As mulheres não podiam candidatar-se à carreira diplomática, magistratura, cargos de topo governamentais e às Forças Armadas.

Nos anos 70 era reduzido o número de estrangeiros a viver no país. Dados de 2022 mostram que a comunidade estrangeira representa pelo menos 7,5% dos residentes em Portugal.

O marido podia abrir a correspondência da mulher, hoje, quem abrir correspondência alheia pode ser punido com pena de prisão até um ano ou pena de multa até 240 dias.

Às pessoas casadas pela igreja não era permitido divorciar; hoje, qualquer pessoa pode divorciar-se.

Os filhos nascidos fora do casamento era considerados ilegítimos, conceito que desapareceu com a democracia.

O pai, como chefe de família, tinha o papel principal na educação dos filhos. Hoje, pai e mãe têm as mesmas responsabilidades parentais.

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