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16 sugestões para combater o desperdício alimentar em sua casa

16 sugestões para combater o desperdício alimentar em sua casa

Esta problemática tão urgente quanto atual afeta-nos a todos, numa sociedade que é, antes de mais, global. Mas a luta contra o desperdício alimentar pode (e deve) estar de acordo com a responsabilidade de cada um, a começar já nas nossas cozinhas. Veja as dicas que a podem ajudar, aqui.

Por Jan. 24. 2020

A entrada na nova década acusa renovadas resoluções de ano novo, nomeadamente ao nível da sustentabilidade e do que podemos fazer por um planeta mais verde e saudável. Em consonância, a questão do desperdício não deverá ficar de fora, nomeadamente, o desperdício alimentar. Senão veja as estatísticas.

Os números não enganam

Sabia que cerca de 1/3 de todo a comida produzida, anualmente, vê o seu fim no lixo? São mais de 1,3 mil milhões de toneladas por ano, quase 50 toneladas por segundo.

Na verdade, só na Europa, 89 milhões de toneladas de alimentos – e 143 mil milhões de euros – são desperdiçados todos os anos. Tudo isto, tendo em conta que mais de 820 milhões de pessoas sofrem com a fome a nível mundial.

Em Portugal, também temos a nossa quota-parte de responsabilidade, e que quota! Cerca de 1 milhão de toneladas de alimentos são desperdiçados por ano (17% da produção alimentar nacional) e o mais assustador é que 40% deste desperdício é gerado nas nossas casas, comparativamente ao retalho, restauração e indústria.

Quem o alerta, para além de basicamente toda a Internet e comunidade científica, é o último relatório da FAO, a organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura; a Divisão de Organização da Produção Agroalimentar do Ministério da Agricultura português e também Madalena Rugeroni, a country manager da Too Good To Go.

Todas as ideias e esforços que se propõe a combatê-lo [desperdício alimentar] são bem-vindos – Madalena Rugeroni, country manager da Too Good To Go

Tecnologia ativa

A representante em Portugal desta app recém-chegada que luta contra o desperdício alimentar, lembra-nos ainda o facto de que 8% das emissões mundiais de gases com efeito de estufa se devem a esta problemática, pelo que se o desperdício de comida fosse um país, seria o 3º mais poluente do mundo. Assustador o suficiente?

Madalena, que considera que todo o desperdício é muito, refere que “todas as ideias e esforços que se propõe a combatê-lo são bem-vindos” pelo que a missão da Too Good To Go será a de “sensibilizar as pessoas para estes factos e para as soluções e iniciativas que todos podemos pôr em prática na redução do problema”. A tecnologia, convertida nesta aplicação será, portanto, uma dessas soluções.

Consciência coletiva

Para além do imenso poder tecnológico, de que outra forma a população se pode tornar mais consciente desta problemática? Para Cristina Campos, professora e voluntária na Refood Alcântara, a resposta é a educação “um privilégio para a mudança na abordagem ao desperdício alimentar e à sustentabilidade”.

“Os mais jovens estão sensíveis ao consumo responsável e ao desperdício, mas é necessário aprofundar o que isso significa, e trabalhar ao nível das ações concretas e desenhar experiências para serem vividas” acrescenta prontamente a docente, completando que “os alunos aprendem mais, melhor e de forma mais duradoura e passível de partilha com a família e com os amigos quando vivem as situações por dentro e se implicam nos projetos.”.

Cristina aderiu ao projeto de voluntariado Refood para “diminuir a pegada ecológica e contribuir para uma comunidade mais solidária”. Esta IPSS (instituição particular de solidariedade social), pretende eliminar o desperdício alimentar, resgatando comida em ótimo estado de parceiros como restaurantes e supermercados, devolvendo-a a quem mais necessita, envolvendo a comunidade local para tal.

Responsabilidade partilhada

A verdade é que estes dois exemplos já fazem a sua parte. Com a Too Good to Go, presente em 14 países europeus e com mais de 36.000 estabelecimentos parceiros, já foram salvas, à data e em Portugal, 13.000 refeições, através das magic boxes. Estas caixas surpresa são criadas pelos estabelecimentos e fornecem aos utilizadores da app refeições de qualidade e a preços acessíveis.

Por sua vez, o projeto Refood apoia 6.500 beneficiários em todo o país – cerca de 40 famílias em Alcântara. Só aqui atuam 150 voluntários, distribuídos pelos cinco dias da semana, em turnos de 2h semanais. No total, são 60 núcleos em todo o país.

Falta agora que mais iniciativas privadas ou estatais sigam o exemplo e, claro, que o cidadão comum, ou seja, todos nós, cumpramos com a nossa quota de responsabilidade, aliada a muita informação e alguma criatividade.

O combate ao desperdício alimentar vai aumentar decorrente da tomada de consciência e os povos vão encontrar soluções para o diminuir, a bem da sustentabilidade e da qualidade de vida – Cristina Campos, voluntária na Refood Alcântara

Um Futuro para todos

Madalena e Cristina são otimistas quanto ao futuro. A representante portuguesa da Too Good To Go prevê “uma maior consciencialização de todos, e de um aumento de soluções locais, coletivas e individuais, para este problema global” pelo que em 2020 o objetivo é a expansão para mais distritos em Portugal continental.

Também Cristina se afirma confiante, considerando que “o combate ao desperdício alimentar vai aumentar decorrente da tomada de consciência e os povos vão encontrar soluções para o diminuir, a bem da sustentabilidade e da qualidade de vida” acrescentando que “a investigação, a ciência, as tecnologias vão ajudar nessa missão. As pessoas, sobretudo os jovens, serão decisivos”. Quanto à Refood prevê o seu alargamento, uma vez que os seus meios assim o permitem.

De facto, os benefícios de reduzir o desperdício alimentar são tremendos. Para nós e para o planeta, obviamente.

Para além do já enunciado saiba que estará a poupar dinheiro, comprando menos comida e a reduzir as emissões de metano dos aterros sanitários, bem como a pegada de carbono, numa ode à proteção ambiental. Será, igualmente, uma forma de conservar energia e recursos, a vários níveis, para além de ser uma possibilidade muito eficaz de suportar a comunidade em que se vive. Atreve-se?

16 dicas para combater o desperdício alimentar

1. Compre de forma inteligente. Planeie as suas refeições e faça uma lista de compras quando for ao supermercado. Mantenha-se fiel à mesma. Vai evitar comprar produtos desnecessários que se tornem apelativos, entretanto.

2. Compre mais frequentemente e evite as tradicionais compras do mês. Adquira os bens de consumo alimentar, digamos, uma vez por semana. Isto evitará excedentes desnecessários.

3. Renda-se a comprar avulso ou a granel. É uma excelente forma de poupar dinheiro e, simultaneamente, estará a poupar o planeta.

4. Escolha, sempre que possível, o prazo de validade mais longo e saiba interpretá-lo. Dar-lhe-á mais tempo para fazer uma adequada gestão de consumo. Atente às promoções, muitas vezes pensadas para escoamento de stock cujo prazo está a terminar.

5. Organize a despensa e o frigorífico. Coloque os produtos com o prazo de validade mais próximo, na frente, bem à vista.

6. Aproveite as sobras. Seja criativo e elabore pratos novos com o que ficou da refeição anterior. Muitas vezes, são as melhores refeições. É uma forma de evitar o esquecimento desta comida já confecionada no frigorífico ou o lixo como destino.

7. Leve uma marmita para o trabalho. Poderá seguir a sugestão anterior e, simultaneamente, estará a poupar dinheiro.

8. Faça compostagem, se puder. Estará a converter a matéria orgânica (como restos de frutas e hortaliças), num composto rico em nutrientes que pode ser utilizado como fertilizante em plantas, relvados e jardins.

9. Aproveite, igualmente, o que sobrou das partes inutilizadas dos alimentos, como cascas e talos para confecionar novas refeições ou caldos, compotas e chá. Pesquise, ficará surpreendida com o leque de possibilidades.

10. Faça uso do congelador. Evitará sobras de alimentos ou refeições já prontas. É uma das formas mais fáceis de preservar comida.

11. Recorra à tecnologia. Existem já muitas apps para combater o desperdício, nomeadamente o desperdício alimentar.

12. Umas das formas de aproveitar frutas e ervas aromáticas será usando-as em água aromatizada. É uma maneira de evitar comprar água engarrafada, se não gostar do sabor natural da água de sua casa, e evitará desperdícios.

13. Frutas e vegetais mais maduros devem ser comidos em primeiro lugar. Se estiverem amolecidos podem ser utilizados em batidos ou como fruta cozida/assada.

14. Escolha a imperfeição. Opte por fruta e legumes feios, que ninguém quer, mas que são idênticos em sabor e nutrição. Isto irá abrandar a busca incessante das grandes cadeias de supermercado por produtos perfeitos e que leva ao desperdício de toneladas de alimentos por parte dos agricultores

15. Cozinhe só mesmo o necessário para o número de pessoas que irão consumir a referida refeição e em proporções sensatas. Comer em excesso pode ser uma problemática para muitos e será, igualmente, uma forma de evitar desperdícios.

16. Se tem comida a mais que sabe que se irá deteriorar, por alguma razão, doe a uma instituição como um banco de alimentos. Melhor ainda, seja voluntário num projeto de resgate de comida e apoio aos mais desfavorecidos.